Parte 12 - Viagem à Paris I

1.9K 169 4
                                    

- Madison, anda logo senão a gente vai perder o vôo! O que tanto você faz aí em cima?

- Calma aí - respondeu Madison, descendo as escadas enquanto carregava duas malas - eu estava checando se não tinha esquecido alguma coisa.

- Pra que tanta roupa, garota? A gente vai ficar uma semana, não um mês.

- A que horas está marcado o vôo?

- Nós não vamos de avião. Vamos no jatinho de Klaus.

- Jatinho? O Klaus tem um jatinho? Ai meu Deus, essa viagem só fica melhor a cada minuto!

Naquela noite, não consegui sequer pregar os olhos. Eu estava muito ansiosa para a viagem, já que aquele seria um sonho realizado. Me lembro, quando pequena, de assistir com papai à alguns documentários que mostravam vários lugares ao redor do mundo, e eu sempre imaginava como seria um dia visitar algum deles. Passear nas margens do Rio Sena, visitar a torre Eiffel, o Museu do Louvre, o castelo de Versalhes... há alguns anos atrás, essa realidade parecia estar muito distante de mim.

Porém, era provável que Madison estaria mais ansiosa do que eu. Desde o dia que disse à ela sobre a viagem, ela falava nisso 24 horas. Convenceu Bryan à falar com a vó dele e pedir que desse à ela a semana de folga. Não foi muito difícil convencer Sra Lizzie: "Mas é claro que você pode folgar essa semana, afinal, essa viagem é uma oportunidade imperdível" "traga algumas lembranças, se possível". Eu só conseguia pensar que Sra. Lizzie era a chefe dos sonhos de todos os trabalhadores do mundo.

Enquanto o jatinho decolava, me peguei olhando fixamente para Madison, me sentindo orgulhosa da mulher que ela estava se tornando. Quem via Madison feliz como estava, nunca imaginaria a adolescente amarga e frustrada que ela fora um dia. Apesar da diferença de idade, nós nos davamos muito bem e havíamos cultivado uma amizade bonita e intensa. Eu a tinha como uma irmã mais nova, que deveria estar sempre ali para ampará-la, dar conselhos, e nunca deixar que ela seguisse caminhos que à levassem à sua autodestruição. Eu sabia que tinha um papel importante na evolução de Madison, e eu me sentia grata por por isso.

Enquanto me perdia em meus pensamentos, sou surpreendida por Madison apertando minha mão bem forte, e chego a soltar um grito de dor. A cada turbulência, ela se contorcia inteira, enquanto fazia uma cara de quem acabara de ver um bicho papão.

A viagem durara aproximadamente 14 horas. Enquanto isso, observei Madison dormir com a boca aberta, li um livro, cochilei um pouco, e, durante todo esse tempo, Klaus permaneceu acordado. Ele ficou a viagem inteira de olhos bem abertos observando à mim e à Madison, como um cão de guarda atento, prestes a capturar um mal-feitor.

O céu pareceu se encher de estrelas apenas para nos receber. A cidade era toda iluminada, seja pelos milhares de postes de luz que enchiam as ruas, como pelas mini-luzinhas acesas na janelas dos gigantescos prédios.

O shangri-la era um hotel maravilhoso, com vista para a torre Eiffel e para o Rio Sena. Os quartos e suítes apresentavam uma decoração em tons de azul, branco e linho, acompanhando o estilo estético asiático e imperial europeu. Além disso, contava com área de estar separada com mesa de trabalho e um banheiro em mármore com piso aquecido, banheira e chuveiro com efeito de chuva.

O espanto e deslumbre de Madison com a grandiosidade do hotel eram visíveis no rosto dela, e à cada vez em que ela apontava algo que a impressionara na decoração do lugar. "Olhe todos esses lustres... esse lugar parece um palácio"; " Acho que minhas mãos nunca tocaram algo tão caro"; "Essa piscina é quilométrica, não vejo a hora de dar um mergulho".

Assim que subimos as escadas que dava para os quartos, Klaus entregou à ela o cartão que abria a porta de seu quarto, que ficava logo à frente do nosso.

- Achei que íamos ficar todos juntos no quarto - disse Madison, com uma falsa expressão de tristeza.

- Podemos ficar, a menos que você não se importe em ouvir alguns gritos à noite - respondeu Klaus.

- Pensando bem, eu prefiro ficar em quartos separados. Os gritos que eu ouço vindo do quarto da Claire já são o bastante. Às vezes parece que ela está sendo torturada, você deve ser realmente bom.

Eu enrubesci na mesma hora em que Klaus respondeu, enquanto estufava o peito e fazia uma cara de orgulho:

- Bem, nunca ninguém reclamou.

♡♡♡

Passamos praticamente a tarde inteira dormindo, já que o vôo havia sido cansativo. Fomos acordados à gritos por Madison, e quando olhei para janela, já estava escuro lá fora. Do meu quarto, pude ver a torre Eiffel toda iluminada, e na hora, realizei que aquela era a visão mais linda que eu já tivera.

- Acorde, preguiçosos. Já são oito da noite e nós precisamos ir lá pra fora. Vocês não acham que eu vou ficar a noite inteira trancada nesse hotel enquanto faz essa noite linda lá fora, né? Anda, agiliza. Eu espero vocês lá fora.

Num primeiro momento, fomos visitar a torre eiffel, que estava lotada de turistas com câmeras fotográficas em mãos. Madison não parava de tirar selfies, e, enquanto isso, eu admirava a vista lá de cima enquanto Klaus se aninhava em meus braços. Quando percebi, uma lágrima rolava em meu rosto. Uma lágrima seguido de um sorriso. Emoção. Era assim que eu me sentia naquele momento. Estar num lugar daquele, que, além de visualmente maravilhoso, transbordava romance, com o homem que eu amava, era um presente de Deus. E um presente daqueles...

Na minha mente, eu repassava os acontecimentos que antecederam aquela noite. Desde o dia que eu separara de Klaus e voltara para Manhattan. Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo, e parte de mim sabia que algo naquele história estava muito errado. Klaus me amava, e eu tinha certeza disso.

Afastei essa memória da minha cabeça e decidi me dedicar inteiramente àquele momento. Enquanto me perdia em meus pensamentos, Klaus se virou e beijou meus lábios suavemente.

- Eu amo você - ele disse.

- Eu também te amo.

Mr. Lovely JonesWhere stories live. Discover now