Parte 3

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Eu e Paul estávamos nos vendo frequentemente, e até que estávamos nos curtindo. Nós íamos à livraria, passeávamos no parque, e às vezes íamos para a casa dele. Paul morava em uma apartamento simples, bem arrumado e decorado. Ele tinha uma minibiblioteca em casa, que funcionava também como seu escritório, onde ele passava horas estudando ou preparando atividades para seus alunos. Sua sala era bem retrô, com móveis de madeira e pequenas esculturas na estante.

- Você precisa ir embora agora mesmo?

- Infelizmente sim. Mamãe já deve estar preocupada, eu nem avisei à ela que iria dormir fora de casa. E sim, eu tenho 30 anos de idade e dou satisfações para os meus pais. Até porque, eu moro na casa deles, né?

- Taí... como é ter 30 anos e ainda morar com os pais?

- Bem, não é o que eu planejava, né? Mas até que é tranquilo, meus pais são de boa, sabe? Brigam de vem em quando, mas como todos os casais que estão casados a 40 anos. Aliás, você se imagina casado com alguém por tanto tempo?

- Claro. Eu acredito no amor para a vida inteira. Você não?

- Não é e isso, é só que... deve enjoar não acha? Ficar olhando pra cara da mesma pessoa durante tanto tempo.

Meu celular tocou, anunciando uma chamada de Rebecca.

- Onde voce está? - disse ela, aparentemente chorando muito.

- O que aconteceu Rebecca? Onde você está?

- Eu estou em casa. Eu preciso muito de você.

- Eu estou indo agora, só me fala o que aconteceu.

- Quando você chegar eu te explico. - e desligou o telefone

- Minha amiga está precisando de mim. Eu não sei o que aconteceu, mas ela estava chorando muito. A gente se fala mais tarde, ok?

- Claro, vai lá. E mande notícias.

Eu peguei um táxi direto para o apartamento de Rebecca. O trânsito estava engarrafado, e a cada minuto que passava minha preocupação aumentava.

Quando finalmente consegui chegar, entrei no apartamento e Rebecca esta no chão chorando, e a sala estava destruída. Jarros, livros, cadeiras, flores... tudo estava espalhado pela casa.

- Pelo amor de Deus Rebecca, o que aconteceu? - eu corri para a cozinha e peguei um copo de água com açúcar pra ela. Ela bebeu, e então começou a falar:

- O idiota filho da puta do Damien estava me traindo com a secretária dele.

Eu fiquei em choque na hora. Eu nunca mentalizei Damien traindo Rebecca. Ele sempre me pareceu um cara muito íntegro, respeitoso, do tipo que é fiel até debaixo d'água. Pelo jeito eu estava enganada.

- E o pior de tudo é que ele sempre foi tão ciumento, né? Eu que sempre gostei de sair sem ele, nunca nem pensei em traí-lo com ninguém. Mas a vida é assim mesmo. As pessoas nos surpreendem. Mas ele conseguiu me surpreender em dobro. Quanto cinismo, quanta hipocrisia! Ele fingia tão bem... imagina, há quanto tempo ele me faz de boba?

- Ei, não pense nisso agora. Onde ele está? Presumo que vocês brigaram, né?

- Sim. Ontem de madrugada chegou em casa com um perfume feminino. Ele disse que abraçou muitas pessoas na empresa e que deveria ser de alguma acionista. Mas ele e tão burro que deixou o celular desbloqueado e foi tomar banho. E no Whatsapp dele, nas conversas recentes, lá estava Rita, sua empresária. Eles trocavam mensagens de amor, marcando encontros e tudo mais. Aí nós brigamos feio, eu destruí a sala toda, e ele saiu para algum lugar. Tomara que tenha sido para o inferno. E ja que voce está aqui, me ajude a arrumar minhas coisas. Eu vou para o apartamento que eu havia colocado pra alugar na Upper West Side, por enquanto. E depois eu vejo o que eu faço.

Mr. Lovely JonesWhere stories live. Discover now