Capítulo 2

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Valkyrie

Uma semana. É o tempo que estou perdida no espaço, voando na pequena nave que eu furtei quando Thanos apareceu e invadiu a nossa nave. Não fugi de medo, eu tentei lutar. Mas uma das seguidoras daquele sádico me cortou tão feiamente na perna, que minha única reação foi fugir. E agora mais do que nunca me arrependo, porque deixei muitas pessoas para trás, e a grande maioria eu imagino, está morta.
"Thor. Loki. Hulk. Deixei todos para trás. O que foi que eu fiz?" . Esse pensamento vem me assombrando desde então.

Preciso ir atrás de alguém. Qualquer um, alguém deve ter sobrevivido. Mas não sei o que fazer, nem para onde ir. Estou com a perna machucada, então sou inútil no momento. 
"Terra" penso. Thor estava nos levando para a Terra. Deve ter alguém lá em quem ele confia.
-Para a Terra-sussurro. Ativo o modo de piloto automático, e deixo que a nave me leve até a Terra. Encosto a cabeça no encosto do banco, e adormeço pensando em todas as vidas asgardianas que foram perdidas.
"Thanos, você está ferrado quando eu te encontrar" penso antes de adormecer.
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A nave não leva mais que um dia para entrar no curso da Terra. Quando vejo, já estou diante da atmosfera azul e verde. Nunca tinha visitado antes, então parece totalmente novo para mim.
-E agora?-falo. Cheguei até aqui, mas a Terra é enorme. Quem eu procuro pode estar em qualquer lugar.
Olho ao redor, tentando achar qualquer coisa que possa transmitir uma mensagem para alguém. Tem uma parte do painel para captar frequências de pedidos de resgate. Ao lado dele tem um pequeno botão vermelho. Aperto essa botão e de repente, uma frequência de som começa a se movimentar. Deve ser assim que se grava uma mensagem de socorro.
-Solicito coordenadas para pousar na Terra. Sou uma Valkyrie, e estou ferida.
Aperto o botão vermelho de novo, mas não sei se fiz certo. Olho para o painel, e nada acontece. De repente, um som falho começa a sair de algum lugar.
-Val...ie...é...cê?-é uma voz rouca fala. Parece...
-Thor?-falo, apertando o botão vermelho novamente. Ninguém responde.
-Merda-chuto o painel, nervosa. De repente, números brilham sobre ele. São coordenadas. Ajusto o piloto automático conforme essas os números.
-Por Odin, que isso funcione-falo. O jato começa a se movimentar tão rapiadamente que eu sinto meu corpo tremer. Coloco os cintos e deixo que ele me leve, olhando a atmosfera ao meu redor se tornar um borrão. Fecho os olhos, porque todo esse movimento incomoda. Mantenho-os assim, até a hora em que sinto a velocidade diminuir, e de repente estou planando sobre um lugar cheio de árvores e construções grandiosas, e bem perto delas tem um enorme monumento de mármore branco. Nela, há uma letra A preta, dentro de uma espécie de círculo. Isso deve ser o lugar onde eu deveria estar.
A nave pousa suavemente. Abro o compartimento lateral dela, e piso sobre um solo verde. Um grupo de pessoas sai do prédio, e vem até mim. Mantenho-me em pé, até que sinto uma dor excruciante na perna esquerda e caio agachada. Alguém corre até mim e quando olho para cima, vejo Thor. Ele está com uma aparência péssima, com o rosto sério e os olhos fundos, e não sei o por quê.
-Thor?-falo baixinho, mas sinto minha perna doer mais, e preciso me sentar. Minha visão está turva, e vejo pessoas ao meu redor me olhando. Começo a perder a consciência, mas antes que isso aconteça, sinto uma mão quente e pequena segurar meu braço. Depois disso, apago.
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Os gritos. Pessoas implorando pela vida. Thanos sobre elas, com aquele sorriso maléfico. Todos mortos, os corpos largados pelo chão. Sonho com todo aquele pesadelo de novo, tudo o que eu tive que ver.
Acordo assustada, em um quarto escuro. Endireito-me e olho ao redor, não conseguindo enxergar nada direito. Meu uniforme foi trocado por uma camiseta larga e um par de calças cinzas, de tecido muito macio.
Minha ferida na perna não dói quase nada. Levanto o tecido para ver o ferimento, mas encontro apenas esparadrapos enrolados ao redor.
A porta do quarto se abre e Thor entra, seguido por uma mulher, um homem de barba parecido com ele e tão grande quanto, e Hulk, mas na sua forma humana.
-

Você acordou-ele fala, sorrindo levemente. Os outros dois me encaram curiosamente, como se eu fosse de outro planeta. Bom, tecnicamente eu sou.
-Está se sentindo bem?-ele fala. Assinto, olhando minha perna. Hulk se aproxima de mim, e olha o feirmento, constando que não está sangrando.
-Foi um corte bem feio-ele pondera. Sorrio e aceno.
-Como você está, grandão?
Ele sorri.
-Já estive melhor.
A mulher que está com eles me encara nervosamente e se aproxima.
-Valkyrie, certo?-sua voz sai grosseira e forte.
-Sim. E você é?
-Natasha Romanoff.
Thor me olha, agora sério.
-Onde você estava? Pensei que tivesse morrido.
Respiro profundamente. Espero que ele não se zangue pela minha covardia.
-Eu lutei contra uma das seguidoras do Thanos, mas ela me feriu e a única coisa que fiz foi fugir. Não tive outra escolha, Thor.
-Tudo bem-ele fala, colocando a mão sobre minha perna que não está machucada-Pelo menos, você está aqui e está bem. Já perdemos muitas vidas por hoje.
Um silêncio constrangedor cai sobre nós. Suspiro levemente, e mexo minha perna.
-Quem foi que me curou? Eu nem sinto dor.
-Fui eu-Hulk fala-Nessa minha forma, sou o Bruce. Cientista.
Sorrio, pois isso é irônico. Como um monstro verde e grosseiro pode ser um cientista inofensivo ao mesmo tempo?
-Bom, agora que sabemos que ela está bem, melhor a deixarmos descansar. Em breve, teremos mais problemas para resolver-Natasha fala.
Eles saem, me deixando no escuro de novo. Não faço a menor ideia do que aconteceu nem de onde estou. Mas tentar resolver tudo agora não vai adiantar nada. Deito-me novamente, fechando os olhos.
De quem será que era a mão que segurou meu braço? Com certeza, não era do Thor. As mãos dele são enormes e calejadas. Bruce tem as mãos frias, e eu duvido que a Natasha colocaria a mão sobre meu braço. Ela provavelmente não gosta de mim. 
Tem mais alguém aqui, alguém que eu não vi. Mas quem será?
Seja quem for, nunca o toque de alguém foi tão reconfortante para mim quanto as mãos que me tocaram. E ninguém nunca me faz sentir desse jeito.

Carol and ValkyrieWhere stories live. Discover now