Capítulo 4

1.4K 119 3
                                    

Valkyrie

Metade da população mundial. Metade de todo o universo. É o tanto de gente que está morrendo. Eu pensei que eu teria uma simples vingança, um acerto de contas com Thanos, pelos asgardianos. Mas é muito pior que isso. São milhares de pessoas.
E pelo jeito, minha vingança não será tão fácil de conquistar, considerando que tem uma fila de gente para bater nele.
E agora, além de tudo, tem aquela garota. A garota loira, e muito linda. A garota das mãos quentes.
Eu nunca me envolvo com ninguém. Se envolver e se apaixonar é uma péssima decisão, porque você sempre acaba machucado. E desde a última vez que eu me deixei apaixonar por alguém, eu nunca mais consegui superar o que aconteceu.
Mas com essa garota...Carol. Carol Danvers.
Com ela, eu tenho vontade de me arriscar de novo e isso é uma completa loucura. Eu quero tentar, mas por Odin, foi quase impossível me recuperar da dor da perda na última vez.
É assustador demais conhecer pessoas novas, se afeiçoar a elas. Eu estava bem sendo a a garota grosseira e bêbada de Sakaar, arrumando competidores para o Gran Mestre. E agora, estou lamentando pelas vidas que não pude salvar. Tudo porque me permiti dar uma segunda chance.
Mas uma guerra se aproxima e não posso me dar ao luxo de ficar sofrendo. Preciso ser corajosa, e preciso lutar. Preciso de forças.
Quem sabe não encontro as forças que preciso em Carol Danvers?
***********************************
Esse QG é enorme. Já caminhei por todo ele e consto que tem cinco andares. Tem salas enormes de treinamento, e outras salas tão grandes quanto, cheio de tecnologias de ponta, onde os amigos de Thor têm se mantido o tempo todo, analisando o número de pessoas mortas, ou qualquer sinal de algum aliado deles.
E ainda tem a parte que é semelhante a um apartamento, com uma sala espaçosa, uma cozinha e os quartos. Alguns estão fechados, e deduzo ser de pessoas que moravam aqui, mas provavelmente morreram na batalha.
Parece que eu não fui a única que perdi por aqui.
Como estou machucada, e ainda não consigo lutar muito bem, tudo que faço é ficar divagando pelo QG, vendo os heróis de verdade fazerem todo o trabalho.
No momento, estou entediada, deitada na cama, com uma bandeja em minha frente e nela, minha comida intocada. Não posso dizer que não gostei, na verdade a comida dos terráqueos é bem interessante, mas não consigo comer. Só consigo pensar em tudo de ruim que está acontecendo.
Alguém bate na porta, e eu falo um "entra" sem olhar para a porta. Alguém se senta na beirada da cama, mas não fala nada. Olho para a pessoa e vejo Carol, me analisando.
-Oi-falo, me apoiando nos cotovelos. Ela é definitivamente uma das garotas mais lindas que já vi. E posso dizer que já conheci muitas garotas.
-Você não saiu do quarto o dia inteiro, então vim ver se você estava bem.
Assinto, me sentando. Encaro-a e vejo que ela está usando uma regata apertada, e uma calça tão apertada quanto. Seu corpo é bem delineado e sexy, para falar a verdade.
-Não sirvo para muita coisa no momento. Então eu só fico aqui, esperando alguém tentar me matar para eu me defender.
-Se isso vai te fazer um pouquinho mais feliz, posso fingir que sou uma inimiga perigosa que quer te matar.
Rio dela, e olho suas mãos.
-Até agora não sei o que você faz. Quer dizer, o que te torna uma super heroína?
Ela estica as mãos, e pequenos fios azulados percorrem ao redor de sua mão.
-Eu tenho a força de um reator nuclear-ela fala.
-Nossa-sussurro, impressionada. É uma das coisas mais impressionantes que já vi. Ela sorri com minha surpresa, e toca minha mão. A estática me arrepia, e ela tira a mão se repente.
-Desculpe.
Assinto, pegando sua mão novamente. É bem menor que a minha, mas é consideravelmente mais forte.
-E você?-ela pergunta-O que as Valkyries costumam fazer?
-Nós somos treinadas para fazer tudo. Nos defender com espadas e  lutar em batalhas apenas com as próprias mãos.
-Isso é bem legal. Nunca consegui lutar muito bem, sempre perco o controle e acabo atirando em alguém.
Rio de seu comentário, e ela olha para nossas mãos juntas.
-Você gostou dos amigos do Thor?-indago. Ela assente calmamente.
-Considerando que nunca havíamos nos visto, acho que foi um bom começo-ela se inclina na cama-E você?
Dou de ombros.
-Acho que eles não gostam de mim.
-Por que não gostariam?
-Porque eu sou uma intrusa. E porque não acrescento em nada para eles.
-Não é bem assim, Valkyrie. Você é forte, mas está ferida. Eles sabem disso.
Olho em seus olhos e assinto.
-Aquela loira não gosta de mim, não é?
Ela sorri.
-A Natasha tem uma aparência rude e não é do tipo muito sociável, então não leve para o lado pessoal. Além do mais, ela só deve estar com ciúmes.
-Ciúmes?-indago, confusa.
-Do Bruce.
Bruce. Então ela é a namorada do Bruce Banner.
-Não sei se estou certa, mas vocês ficaram muito amigos no tempo que vocês passaram naquele planeta, não é?
Assinto, sorrindo.
-Mas naquele tempo eu conhecia ele como Hulk.
-O monstro verde que eles tanto falam? Também quero saber dele.
Rimos do comentário, e ela inclina a cabeça levemente.

-Acho que vou deixar você descansar-ela fala, se levantando.
-Tudo bem.
Ela se encaminha para a porta, mas para na batente e se vira.
-Vê se come um pouco. Vai te ajudar a se recuperar melhor-ela aponta para o meu prato, com um sanduíche.
-Está preocupada comigo, Danvers?
Acho que ninguém a chama assim. Mas ela parece gostar do apelido.
-Descanse, Valkyrie.
Sorrio quando ela se vai.
***********************************
Tenho um sonho terrível. Tem milhares de corpos estirados e amontoados, e sobre os corpos está Thor, e quase todos os heróis que vi no QG. A garota loira, e o cara de barba, até Bruce. Estão caídos, machucados e quase mortos. Sobre eles, Thanos segura uma pessoa em sua mão gigantesca. Está apertando o pescoço da pessoa com força e seu corpo se debate, tentando lutar contra ele. Os cabelos loiros ao redor da cabeça não negam. Thanos está matando Carol.
Quero ajudar, quero impedir, mas não sei o que fazer. O corpo dela para de se mexer e cai no chão, inerte. Thanos sorri com a cena da morte e se vira para mim. Ele se senta em um trono que flutua sobre os corpos, como se reinar os mortos fosse seu objetivo.
Acordo, respirando fracamente. Aperto os lençóis da cama nervosamente, e olho ao redor do quarto. Sem sinal de Thanos nem de corpos.
Deito-me novamente, tentando me acalmar.
Thanos não pode matar mais pessoas. Não mais do que ele já matou.

Carol and ValkyrieWhere stories live. Discover now