Fascínio

Fascínio - Capítulo - IX

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Já era fim de tarde, quando Thiago deixou Henrique no aeroporto. Ao chegar em casa, reuniu os pais, Walter e Isabel, e contou-lhes a grande novidade.

_ Isto é uma graça de Deus! _ exclamou Isabel.

_ Talvez agora seu irmão resolva reagir!

_ É com isto que estou contando, pai! O velho Nathan de guerra ainda está lá; agora ele tem um motivo para lutar!

_ Quando contará a ele? _ perguntou a mãe.

_ Agora mesmo!

Disse, antes de seguir para o quarto que Nathan ocupava. Ao entrar, sentiu um aperto no coração por flagrar o irmão lutando bravamente, esforçando-se para passar da cama para a cadeira de rodas.

_ O que quer? _ Nathan perguntou em tom ríspido. A distração provocou seu desequilíbrio, fazendo com que a cadeira deslizasse para frente. Foi Thiago quem evitou-lhe a queda, empurrando-o de volta para a cama. Nathan reagiu de imediato, erguendo o braço direito e dando um murro na cabeceira.

_ O que tem em mente, Nathan?! Machucar o outro braço, não lhe basta “um” imobilizado?

_ Por que me tiraram a sonda? Será que não percebem a tortura que é ter que me deslocar para esta cadeira? Consegue imaginar o que é ter de sustentar o peso de um corpo inerte apenas com um braço?

_ Durante o dia você pode contar com a ajuda do enfermeiro e sabe que à noite eu e papai estamos sempre a sua disposi...

_ Prefiro morrer a ter que ficar pedindo ajuda para uma tarefa tão... primária! Deus! Ir ao banheiro transformou-se num desafio.

_ Você tem força para vencer esse "desafio", Nathan; basta querer.

_ Por que não vai ver se estou na esquina?

_ Estou cheio desta sua agressividade!

_ E eu, cheio de você! Não sei por que insiste em puxar conversa comigo, se sabe que quero ficar só!

Thiago ignorou-o, puxou uma cadeira, sentando-se próximo à cama. Um silêncio incômodo se instalou. Em segundos, Nathan bufava.

_ Já que não tem nada melhor a fazer do que ficar me olhando, daria para fazer uma "caridade", aproximando a cadeira de rodas? Preciso ir ao banheiro, esqueceu?

Thiago olhava para o irmão com ar introspectivo.

_ Mas que droga, Thiago! Alcance-me logo essa cadeira!

_ Vire-se! _ esbravejou, arrependendo-se de imediato, ao ver a expressão chocada e carregada de mágoa, estampando a face do irmão. _ Me desculpe.

_ Vá para o inferno. _ proferiu, entre os dentes.

Thiago levantou e encostou a cadeira rodas ao lado da cama.

_ Só vou ajudá-lo porque é o meu irmão preferido. _ brincou, tentando aliviar a tensão.

_ Esqueceu que tem apenas um? Eu!

_ Acha que, se tivesse mais irmãos, daria o título de preferido a você?_ piscou, sorrindo_ Acertou, daria sim.

_ Seu bobo.

_ Força _ pediu, ao puxar Nathan ao encontro da cadeira motorizada. _ Pronto.

_ Ok, agora, pode deixar que eu me arranjo; boa noite, maninho!

_ Engana-se ao pensar que sairei deste quarto. _ Viu Nathan virar a cabeça para encará-lo.

_ Da cadeira para a cama é fácil; pode ir, Thiago.