Fascínio - Capítulo X -

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Um ano depois.

Nathan conseguira ótimos resultados em sua recuperação. Não tinha mais o aspecto frágil. A mão esquerda estava completamente recuperada e já conseguia andar com o auxílio de uma bengala.

No dia em que Nathalie completou um aninho de vida, os pais de Nathan tentaram convencê-lo a acabar com seu anonimato, mas ele insistia em dizer que ainda não se sentia pronto. Ele continuava acompanhando o crescimento da filha através das fitas de vídeo que Henrique costumava enviar a seus pais.

Certa noite, Nathan rolava de um lado para o outro na cama. Respirava sofregamente e suava frio. Estava sendo vítima de um pesadelo. Júlia chamava por ele, gritava seu nome em total desespero. Ela estava à beira de um precipício e seus braços estendiam-se à frente do corpo frágil. Nathan corria ao encalço dela, sentindo-se no limite de suas forças. Precisava salvá-la! Gritou por seu nome, mas Júlia não o ouvia. Horrorizado, constatou que o esforço que fazia para alcançá-la, estava sendo em vão, pois a distância entre eles continuava a mesma. Sempre a mesma!

Abriu os olhos de repente, sentindo profundo alívio por perceber que tudo não passara de um pesadelo. Num ímpeto, pegou o telefone que ficava sobre o criado-mudo e digitou um número que jamais saíra de sua mente.

Em plena madrugada, Júlia encontrava-se na cozinha, tomando um copo de leite morno. Tentava esquecer o pesadelo que acabara de ter. Era desesperador imaginar que passaria o resto de seus dias sonhando, tendo pesadelos com ele, sentindo aquela saudade intensa de Nathan. Imagens nítidas invadiram sua mente; o sorriso marcante, o olhar carismático. Teve o fluxo dos pensamentos bloqueados quando ouviu o toque do telefone. Levantou sobressaltada.

_ Meu Deus, telefone tocando em uma hora dessas; espero que não sejam más notícias. _ disse em voz baixa, enquanto se dirigia ao aparelho.

_ Alô!

Nathan sentiu o coração disparar.

_ Alô? _ Júlia estremeceu ao ouvir a respiração do outro lado da linha. _ Com quem quer falar? Alô, o que quer?

"Você"! _ pensou Nathan, antes de cerrar os olhos e interromper a ligação.

Após a estranha ligação, Júlia foi ao quarto de Nathalie. A tensão desapareceu diante da visão do rosto angelical de sua filha. Sim, você lembra muito o seu papai... os cabelos escuros, o olhar, o sorriso maroto... sabe ser firme, porém, do seu jeitinho. Não é, sapequinha? Você é exatamente como seu pai. Conquista a todos sem fazer esforço algum. _ beijou a face pequena e saiu silenciosamente.

Duas semanas depois, Silvia atendeu ao toque do telefone e logo chamou por Júlia.

_ Ligação para você!

_ Quem é, Silvia?

_ Não se identificou!

_ Estou dando suco para Nathalie, atendo num minuto! _ em pouco tempo, suspendia a filha nos braços e se dirigia até o aparelho. Porém, antes de conseguir falar, Nathalie agarrou o fone com força. _ Largue isso, mamãe precisa falar! _ a pequena soltou um gritinho de rebeldia.

Nathan ouvia a tudo, emocionado.

_ Alô! Desculpe, pode falar.

Silêncio.

_ Alô! Seja quem for, diga alguma coisa. Por que mandou me chamar se não pretendia se identificar?

Percebendo o pânico na voz de Júlia, Nathan tapou o bocal com a ponta do lençol, para que sua voz não fosse identificada e sussurrou:

_ Não tenha medo, jamais lhes faria mal.

_ Quem é você? O que quer?

_ Um amigo; só queria ouvir sua voz.

FascínioWhere stories live. Discover now