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Girando na roda gigante


Quando chegamos no parque de diversões fiquei sem acreditar que ele realmente me trouxe aqui.

No dia que me falou sobre “contar” algodões doces, não imaginei que um dia me levasse para experimentar algum.

Meus olhos brilhavam com a ansiedade de comermos o doce juntos.

No caminho, passamos em frente a sua casa e ele me contou alguns fatos.

-Meus pais se mudaram quando os meus irmãos encontraram um emprego e começaram a levar mais a sério as contas de casa. Desde então, moramos só nós quatro aqui. Eu até gosto, sabe? Eles não pegam no meu pé.

Olhei para ele, esperando que continuasse.

-É claro que um dos motivos para os meus pais se mudarem foi a ideia dos três terem uma banda. Eles discordam desde o início, mas meus irmãos pararam de se importar. Os shows no restaurante ajudam a ter um dinheiro extra em casa.

-E você? Pensa em entrar pra banda também?- eu estava feliz por ele estar me contando coisas de sua vida.

-Não, eu quero entrar na faculdade ano que vem.- um sorriso se formou em seus lábios.-Eles me apoiam muito nisso, independente se terão que me ajudar a pagar ou não. Mas não quero que se preocupem comigo. Quero me virar sozinho e dar orgulho pra eles.

Olhei para Isaac e pensei em como esses pensamentos positivos trariam coisas boas de volta.

Já o admirava por pensar grande, sem deixar que as coisas difíceis desestimulassem sua caminhada.

-Bom, agora você sabe onde fica minha casa.- ele disse, fazendo com que eu voltasse pro presente.- Pode ir me visitar quando quiser. E isso não é um pedido.

O abracei e disse um “ok” baixo, me fazendo uma promessa interna.

Agora estamos em frente ao parque de diversões.

-Em qual brinquedo você quer ir primeiro?- ele disse quando passamos pelo portão.

Havia pessoas por todo lado. Nos brinquedos, nas barracas, tirando fotos...

-Parece que voltamos pra oitava série.- ri enquanto observava toda aquela gente.

-Quero deixar a roda gigante por último.

-Isaac, eu tenho medo de altura...melhor não irmos.

Ele me encara por alguns segundos.

-Ok, em qual vamos agora?

-Carrinho de bate-bate!

Descobri que Isaac é um péssimo motorista. Não peguem carona com ele.

-EI!- eu gritei quando seu carro bateu no meu- Vai com calma!

-Você nem se mexeu, Eliz.- ele estava rindo sem parar- Então eu sou obrigado a fazer você se mexer.

Avancei o carro, fazendo com que batesse no dele.

-Não teve graça.- ele disse mesmo sem conter suas risadas.

Passamos em barraquinhas de comidas e jogos.

Na última que fomos, Isaac insistia em querer o urso rosa.

-A minha meta é aquele urso, Eliz.- ele pegou a arma com água e apontou para o alvo.- Você iria adorar ter ele no seu quarto, não é?

-SIM.- mal falei e ele começou a atirar freneticamente para conquistar a sua “meta”.

Quando finalmente conseguiu, não parava de pular e me abraçar.

-EU TENHO UM URSO ROSA!

-Todos nós estamos vendo, Isaac.- eu disse ainda abraçada com ele.

-E agora ele é seu.- e me entrego o urso.- Vamos colocar um nome enquanto ficamos naquela fila.- ele apontou e fomos até lá.

-Que tal...- pensei, entrando na brincadeira- Joseph?

-E isso é nome de urso?

-Sim, ele tem cara de Joseph.

Nos olhamos e começamos a rir.

-Ok, então te nomeio agora: - e colocou uma mão na barriga do urso rosa- Joseph, o urso rosa.

Nossas risadas continuaram e minutos se passaram até nos acalmarmos.

Um rapaz passou por nós com um carrinho de algodão doce e Isaac comprou um para dividirmos.

-Isso é a melhor coisa do mundo!- ele disse de boca cheia.- É tão doce e rosa e...

Sorri para ele, comendo o doce e tentando sentir a mesma sensação.

-Agora toda essa doçura passou pra você, Eliz.- e me beijou.

Pessoas atrás de nós começaram reclamar pois paramos a fila.

Isaac parou o beijo, sorrindo, e demos um passo.

-Podem subir.- disse o rapaz que estava responsável pela...

-Roda gigante?- eu cochichei para Isaac (Newton), meio desesperada.

-Sim, vamos!- respondeu e entramos no brinquedo, sentando em um dos bancos.

-Isaac, é muito alto. Eu não consigo.

-Quando começar a rodar é só olhar pra mim. Não precisa ter medo.- e apertou de leve a minha mão.

Assenti e o brinquedo fez barulho, começando a se movimentar.

Não tirei os olhos de Isaac nem quando paramos no alto, deixando meus cabelos voarem por causa do vento.

-Ainda tá com medo?- ele perguntou, afastando uma mecha de cabelo do meu rosto.

-Um pouco.

-Sabe, Eliz,- ele estava próximo de novo.- você não faz ideia do quanto eu tô gostando de você.

E nem você, eu disse mentalmente.

-E quero que isso que estamos tendo,- apertou minha mão com carinho- fique sério. Mas não agora, quero que seja no momento certo. Você entende?

-Sim, eu entendo.

O que eu queria dizer:

-O QUE? Tá maluco, né? Sabe quanto tempo esperei pra ficarmos juntos?! Fala sério! Eu gosto de você! Gosto mesmo!!! Ou é agora ou é nunca!

-Você é incrível, Eliz.- e se aproxima mais um pouco- Nunca vou cansar de dizer isso.

O beijo aconteceu quando a roda gigante nos voltava pro chão.

Talvez pessoas lá em baixo tenham nos visto nesse romance transparente, mas eu não me importava.

A minha atenção está totalmente voltada pra pessoa que estou começando a amar.

Algodão doce Where stories live. Discover now