Algodão doce

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Dias normais

A piada interna que eu e Hugo temos surgiu a alguns meses, quando um garoto não parava de me mandar mensagens chamando-me de "linda".

-Lê de novo, por favor.- dizia Hugo, chorando de tanto rir.

E eu lia as partes que estavam escrito "linda" e nós dois voltávamos a rir.

-Sabe, esse garoto tem razão sobre você ser linda.- me encarou, dando uma pausa nos risos- Vou te chamar assim agora.

Na época aquilo pareceu bobo mas hoje, vendo ele abraçado com Clara no sofá e chamando-a de linda, me abalou um pouco.

-Quem é a pessoa mais linda e fofa do mundo inteiro?- ele fazia uma voz fina e beijava suas bochechas enquanto ela dava risadinhas.

Bati a porta, fingindo ser sem querer.

-Oi Eliz.- minha irmã disse, parando com as risadas- O Hugo me mostrou uma série nova. Quer ver?

-Talvez depois.- respondi, passando por eles- Vou dormir.

-Ok...- e ouvi as risadas recomeçarem antes de entrar no meu quarto.

Fechei a porta e suspirei.

Não queria deixar que isso acabasse com a noite incrível que tive.

Falando em incrível, lembrei de Isaac.

Um sorriso espontâneo apareceu em meus lábios.

Ele me trazia tanta felicidade, tanta paz... queria saber um jeito de agradecer.

Olhei para um de meus cadernos na escrivaninha e resolvi desenhar o doce cor de rosa que Isaac tanto gosta: o algodão doce.

Falando em rosa, Joseph tem um novo lar: minha cama.

Tirei uma foto dele e mandei para o Newton, desejando boa noite.

...

Voltando a minha rotina de ir à biblioteca para ter as aulas de reforço, mantive meus olhos e mente abertos (tentando me livrar do sono) para prestar atenção no que Isaac (Newton) dizia.

Aline ainda me encarava mas resolvi ignorar. Essa aula era a última antes da prova. Minhas mãos suavam só de pensar.

-Tentem resolver os exercícios em casa e semana que vem corrigimos.- disse ele em um tom sério. Estava estranho hoje.- Alguma pergunta?

Esperei que todos saíssem e fui até ele.

-Tá tudo bem?

-Meus pais vão lá em casa hoje. Querem conversar comigo.- guardou os cadernos em sua mochila- Estou com o pressentimento de que vão me mandar morar com eles. Eu não quero isso, Eliz!- sua expressão mudou para tristeza.

-Ei, vai ficar tudo bem.- o abracei e ele apertou o abraço, com carinho.- Talvez só querem saber como você está, como andam as coisas na escola...

-Eliz!- era o professor de matemática. Me afastei de Isaac- Venha comigo para marcarmos o seu horário de prova pra amanhã.