13

16 3 0
                                    

Piscina colorida

Hoje será a "festinha na piscina" que minha mãe comemora todo ano, na mesma época, com nossos familiares.

Esse encontro era apenas para festejar por estarmos juntos.

Ela comprava lembrancinhas para todos e tentava preparar os melhores pratos. Era quase o natal.

Por ser em dia de semana, a maioria chegava só à noite, por conta de seus trabalhos.

Bom, ninguém nunca reclamou.

Já era quase meio dia e eu estava na cozinha colocando as bebidas pra gelar, enquanto Clara brincava na piscina com nossos primos menores.

-Oi.- Hugo disse atrás de mim e quase derrubei uma garrafa de vidro pelo susto.- Precisa de ajuda?

Ele participa de todas as festas, e agora, estando de fato na família, seria ainda mais mimado por eles.

-Não, tá tranquilo.- fechei a geladeira.- Pode ir lá na piscina com a Clara.

Nos encaramos.

-Eliz, desculpa não ter te falado nada. Eu...

-Tá tudo bem.- menti.

Clara entrou na cozinha e agora a atenção de Hugo estava totalmente voltada pra ela.

-Ei, será que a gente pode conversar?- ele disse quase em súplica.

-Não quero falar com você, Hugo.- e passou por nós, deixando o piso molhado.

Me virei de costas para ele afim de não ver sua expressão de desapontado.

-Foi só um desentendimento, Eliz. Daqui a pouco nós vamos estar bem de novo. Espero.- disse a última palavra quase em um sussurro.

-Olha, você não precisa me contar nada e eu nem quero saber.- me virei novamente e Hugo estava próximo de mim.

Qual foi a última vez que ficamos tão próximos assim?

-Tenho uma coisa pra te contar.- ele disse em um tom baixo.

Olhei em seus olhos e eles estavam brilhando.

Hugo estava a ponto de chorar.

-Então conta. O que foi?

Ele não parava de me encarar e eu fazia o mesmo.

De repente as crianças entraram correndo na cozinha e eu me afastei dele, indo até a sala.

Ele só está fazendo drama para eu não ficar brava por não ter me contado. AF!

Peguei meu celular que estava jogado no sofá e li, pela barra de notificações, a última mensagem que Isaac havia me enviado:

Não vai dar pra eu ir na sua festa :( tenho que ajudar meus irmãos com o ensaio da banda. Mas curte bastante por mim!

Tristemente, fui até meu quarto e peguei o último post-it que recebi:

Isso é o que eu sinto por você agora.

Esse é o quebra-cabeça mais difícil que já tentei resolver.

Sem ânimo pra encarar os parentes que chegavam, deitei na cama afim de clarear as ideias.

Em questão de minutos, adormeci.

...

-Filha?- meu pai entrou no quarto, acendendo a luz.- Acorda, seu namorado chegou.

-Ele conseguiu vir?- perguntei, sonolenta.

-Oi, linda.- Hugo entra sorrindo no quarto.

-O que?

-Eliz! Ei!- Clara pula na cama, finalmente me acordando dessa loucura.- Levanta! Nossos tios chegaram.

-Eu tive um pesadelo horrível.- sento na cama.- Horrível! Você me salvou.

-Era sobre o que?- Clara havia voltado com a expressão ingênua e forte que tinha. Saudade dela.

Ela segurou o Joseph em seu colo e passou a mão sobre os pelos macios e rosa.

Olhei para seu dedo. Não usava a aliança.

-Se eu te contar, ele acontece de novo.

-Ah não, lá vem você com essa sua teoria. Isso é uma total bobagem.

-Não é não. As pesquisas dizem que...- comecei, fazendo pose de séria.

-Tá, esquece isso.- ela riu- Vamos nos arrumar.

...

A casa estava em uma completa animação.

Meu pai me deixou colocar a minha playlist e o POP rolava solto pelo ar, fazendo com que todos dançassem e cantassem o refrão.

-E aí, Eliz? E os paquera?- perguntou minha tia enquanto eu passava pela cozinha, pegando uns salgadinhos.

-Um dia te mostro "o paquera", tia.- sorri e pisquei para ela com um ar brincalhão.

As crianças encheram a piscina com bolas e bóias e tudo estava colorido.

-Eu vou mostrar pra vocês o que é música de verdade!- disse meu primo mais velho que passou correndo por mim. Clara o seguiu, dando gargalhadas.

-Eliz,- era Hugo, que surgiu do meu lado.- Vamos apostar corrida até a piscina? Como fazíamos quando éramos crianças.

O encarei, fingindo estar pensativa.

-Quem chegar por último lava os pratos!- o empurrei e saí correndo.

Escutei o som de sua risada logo atrás de mim.

Ele me alcançou e pulamos juntos na piscina.

Enquanto afundamos por causa da pressão, Hugo se aproximou e fez com que nossas testas encostassem uma na outra.

Foi tão rápido que nem percebi que estava sorrindo.

Ele retribuiu o sorriso e me beijou.

Nossos corpos flutuavam debaixo d'água e o beijo acontecia, tornando-se cada vez mais incrível e único.

Será que ele estava sentindo algo à mais por mim?

Me afastei e nadei até sair da água, esperando meus pulmões e meu coração se acalmarem.

Talvez meu coração estivesse acelerado apenas por eu ter ficado um tempo à mais debaixo d'água... não é?

Hugo apareceu, se sentando ao meu lado com os pés balançando na piscina, e disse:

-Tudo bem?

Tá louco? É óbvio que não tá tudo bem!

-Tudo.- resolvi evitar uma mini discussão.

Ele sorriu e ficamos ali, observando a água que se movimentava lentamente.

...

Em meio a várias cobertas e travesseiros, sentei no chão junto com as crianças para assistir filme.

Já era tarde e eu teria aula no outro dia mas preferi aproveitar o momento até o sono falar mais alto.

Hugo não tinha ido embora e estava deitado no sofá.

As vezes me alcançava e passava a mão em meu cabelo.

Clara dormia tranquilamente encostada em meu ombro.

Resolvi que não comentaria com ninguém sobre o beijo. Nem mesmo com Hugo.

Não sei o que significou mas pra mim foi um momento que passou e que eu prefiro não relembrar.

Antes de me entregar totalmente ao sono, enviei uma mensagem para Newton:

Boa noite♡ te vejo amanhã na escola.

Algodão doce Where stories live. Discover now