Piscina colorida
Hoje será a "festinha na piscina" que minha mãe comemora todo ano, na mesma época, com nossos familiares.
Esse encontro era apenas para festejar por estarmos juntos.
Ela comprava lembrancinhas para todos e tentava preparar os melhores pratos. Era quase o natal.
Por ser em dia de semana, a maioria chegava só à noite, por conta de seus trabalhos.
Bom, ninguém nunca reclamou.
Já era quase meio dia e eu estava na cozinha colocando as bebidas pra gelar, enquanto Clara brincava na piscina com nossos primos menores.
-Oi.- Hugo disse atrás de mim e quase derrubei uma garrafa de vidro pelo susto.- Precisa de ajuda?
Ele participa de todas as festas, e agora, estando de fato na família, seria ainda mais mimado por eles.
-Não, tá tranquilo.- fechei a geladeira.- Pode ir lá na piscina com a Clara.
Nos encaramos.
-Eliz, desculpa não ter te falado nada. Eu...
-Tá tudo bem.- menti.
Clara entrou na cozinha e agora a atenção de Hugo estava totalmente voltada pra ela.
-Ei, será que a gente pode conversar?- ele disse quase em súplica.
-Não quero falar com você, Hugo.- e passou por nós, deixando o piso molhado.
Me virei de costas para ele afim de não ver sua expressão de desapontado.
-Foi só um desentendimento, Eliz. Daqui a pouco nós vamos estar bem de novo. Espero.- disse a última palavra quase em um sussurro.
-Olha, você não precisa me contar nada e eu nem quero saber.- me virei novamente e Hugo estava próximo de mim.
Qual foi a última vez que ficamos tão próximos assim?
-Tenho uma coisa pra te contar.- ele disse em um tom baixo.
Olhei em seus olhos e eles estavam brilhando.
Hugo estava a ponto de chorar.
-Então conta. O que foi?
Ele não parava de me encarar e eu fazia o mesmo.
De repente as crianças entraram correndo na cozinha e eu me afastei dele, indo até a sala.
Ele só está fazendo drama para eu não ficar brava por não ter me contado. AF!
Peguei meu celular que estava jogado no sofá e li, pela barra de notificações, a última mensagem que Isaac havia me enviado:
Não vai dar pra eu ir na sua festa :( tenho que ajudar meus irmãos com o ensaio da banda. Mas curte bastante por mim!
Tristemente, fui até meu quarto e peguei o último post-it que recebi:
Isso é o que eu sinto por você agora.
Esse é o quebra-cabeça mais difícil que já tentei resolver.
Sem ânimo pra encarar os parentes que chegavam, deitei na cama afim de clarear as ideias.
Em questão de minutos, adormeci.
...
-Filha?- meu pai entrou no quarto, acendendo a luz.- Acorda, seu namorado chegou.
-Ele conseguiu vir?- perguntei, sonolenta.
-Oi, linda.- Hugo entra sorrindo no quarto.
-O que?
-Eliz! Ei!- Clara pula na cama, finalmente me acordando dessa loucura.- Levanta! Nossos tios chegaram.
-Eu tive um pesadelo horrível.- sento na cama.- Horrível! Você me salvou.
-Era sobre o que?- Clara havia voltado com a expressão ingênua e forte que tinha. Saudade dela.
Ela segurou o Joseph em seu colo e passou a mão sobre os pelos macios e rosa.
Olhei para seu dedo. Não usava a aliança.
-Se eu te contar, ele acontece de novo.
-Ah não, lá vem você com essa sua teoria. Isso é uma total bobagem.
-Não é não. As pesquisas dizem que...- comecei, fazendo pose de séria.
-Tá, esquece isso.- ela riu- Vamos nos arrumar.
...
A casa estava em uma completa animação.
Meu pai me deixou colocar a minha playlist e o POP rolava solto pelo ar, fazendo com que todos dançassem e cantassem o refrão.
-E aí, Eliz? E os paquera?- perguntou minha tia enquanto eu passava pela cozinha, pegando uns salgadinhos.
-Um dia te mostro "o paquera", tia.- sorri e pisquei para ela com um ar brincalhão.
As crianças encheram a piscina com bolas e bóias e tudo estava colorido.
-Eu vou mostrar pra vocês o que é música de verdade!- disse meu primo mais velho que passou correndo por mim. Clara o seguiu, dando gargalhadas.
-Eliz,- era Hugo, que surgiu do meu lado.- Vamos apostar corrida até a piscina? Como fazíamos quando éramos crianças.
O encarei, fingindo estar pensativa.
-Quem chegar por último lava os pratos!- o empurrei e saí correndo.
Escutei o som de sua risada logo atrás de mim.
Ele me alcançou e pulamos juntos na piscina.
Enquanto afundamos por causa da pressão, Hugo se aproximou e fez com que nossas testas encostassem uma na outra.
Foi tão rápido que nem percebi que estava sorrindo.
Ele retribuiu o sorriso e me beijou.
Nossos corpos flutuavam debaixo d'água e o beijo acontecia, tornando-se cada vez mais incrível e único.
Será que ele estava sentindo algo à mais por mim?
Me afastei e nadei até sair da água, esperando meus pulmões e meu coração se acalmarem.
Talvez meu coração estivesse acelerado apenas por eu ter ficado um tempo à mais debaixo d'água... não é?
Hugo apareceu, se sentando ao meu lado com os pés balançando na piscina, e disse:
-Tudo bem?
Tá louco? É óbvio que não tá tudo bem!
-Tudo.- resolvi evitar uma mini discussão.
Ele sorriu e ficamos ali, observando a água que se movimentava lentamente.
...
Em meio a várias cobertas e travesseiros, sentei no chão junto com as crianças para assistir filme.
Já era tarde e eu teria aula no outro dia mas preferi aproveitar o momento até o sono falar mais alto.
Hugo não tinha ido embora e estava deitado no sofá.
As vezes me alcançava e passava a mão em meu cabelo.
Clara dormia tranquilamente encostada em meu ombro.
Resolvi que não comentaria com ninguém sobre o beijo. Nem mesmo com Hugo.
Não sei o que significou mas pra mim foi um momento que passou e que eu prefiro não relembrar.
Antes de me entregar totalmente ao sono, enviei uma mensagem para Newton:
Boa noite♡ te vejo amanhã na escola.
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Algodão doce
Romance》Concluída《 A tampa da panela. A metade da laranja. O amor verdadeiro. Eliz quer tudo isso e não aceita nada menos que um relacionamento dos seus sonhos. Mas para acontecer, ela precisa encarar as fases da adolescência e entender aos poucos que o a...