27 | t i q u e - t a q u e

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"Me leve para sair e me faça ficar acordado a noite toda
Me deixe viver no lado mais louco da luz
[...]
Você sabe que eu preciso de você, e isso é uma certeza
Você é o tipo de loucura que eu estava procurando"
— Carry Me Away, John Mayer.

]Você sabe que eu preciso de você, e isso é uma certezaVocê é o tipo de loucura que eu estava procurando"— Carry Me Away, John Mayer

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oi, ainda tem alguém aí?

[capítulo s/ revisão]

Assim que Morgan me olhou, o rosto parcialmente iluminado pela lareira que crepitava em um calor alentador, eu soube que, o que quer que ela estivesse pensando em fazer naquele momento, eu também o faria.

Eu sequer a questionei quando ela se levantou, segurou em minha mão e me puxou para fora da casa.

Eu a segui, cego e imprudente.

E não me arrependo.

— Não é incrível? — A ruiva indaga, sentanda sobre a areia. Seus pés estão afundados nos grãos cor de bege e sua cabeça, curvada para cima. — Esse é, de longe, o meu lugar preferido de todo o mundo.

Encaro seu perfil, intercalando meus olhos entre seu rosto e o céu estrelado sobre nós.

Com o cheiro de maresia preenchendo minhas narinas a cada inspiração e o som das ondas quebrando na costa, quase posso dizer o mesmo.

— Eu não tenho um lugar preferido.

Morgan gira o pescoço para me encarar no exato momento em que a noite sopra uma brisa leve, serpenteando seus cabelos alaranjados e obrigando-a a usar as mãos para afastar os fios esvoaçantes do rosto.

— Não? — Balanço a cabeça negativamente. Ela continua me observando, os olhos tão azuis quanto a água a metros de nós, e sua garganta sobe e desce em um movimento bruto quando ela engole em seco, antes de perguntar: — Onde estão seus pais, Caleb?

Franzo as sobrancelhas.

— No cemitério — digo, como se fosse óbvio. Porque é. Diante da minha resposta, Morgan arregala os olhos, balançando a cabeça negativamente com fervor.

— Não, não. Céus, eu sinto muito — depois de dar um tapa estalado na própria testa, ela continua: — Os seus pais adotivos, quero dizer.

Demoro alguns segundos para processar sua pergunta.

— Eu nunca fui adotado, Morgan — digo, tentando não demonstrar o meu incômodo com o assunto.

A ruiva mantém as íris presas às minhas com intensidade, os lábios entreabertos e os cabelos tão vívidos quanto o fogo que nos aquecia horas atrás.

Queria conseguir enxergar melhor o seu rosto, ter algo para me distrair do olhar carregado de pena que ela me lança agora. Mas o véu de escuridão que cobre minha visão torna essa tarefa quase impossível. Sem alternativa, tento conter a agitação desagradável que surge em meu âmago silenciosamente.

Two Souls Where stories live. Discover now