Luz

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Voltar ao mundo era sempre como renascer, pensava Omnuron. A floresta sob a luz sagrada de Eluna era como um imenso ninho de conforto e proteção, as cores eram mais brilhantes e cada sopro da brisa era uma benção. O líder dos Druidas do Gadanho acordara do Sonho Esmeralda havia poucas noites e, apesar da satisfação que isso lhe dava, seu coração estava pesado. Hyjal estava vazia. A grande maioria dos elfos havia partido, sob o comando do Arquidruida, para a guerra contra os silitídeos e os qiraji, que ameaçavam dominar todo o mundo. Ele tivera visões das batalhas em seu sono e sabia que poucos, muito poucos voltariam. Ele os aguardava ansioso. A Alta Sacerdotisa vira o fim da guerra havia semanas e ele sabia que seus discípulos deveriam ser os primeiros a retornar.


Tyrande, do alto de toda sua sabedoria e paciência, mal podia conter sua ansiedade. As poucas noviças já haviam preparado o templo para receber os feridos, havia um grande estoque de poções e curativos com os melhores encantamentos que podiam ser conjurados, mas ela temia que não fosse o suficiente. Ela recriminava-se por não ter acordado Malfurion e por não ter tomado a frente da ofensiva. Guenelmo era um bom homem, mas, definitivamente, não era um bom líder. Seu coração era fraco, se entregava com facilidade à ira. Era uma péssima ideia tê-lo deixado ir à guerra...

"Ah, Furion..." - Ela suspirava, amalgamando todas as suas tristezas à saudade, à falta que sentia do consorte.

"Senhora?" - A voz delicada e infantil da noviça a tirou de seus pensamentos.

"Sim?"

"Eles chegaram."
Antes que pudesse pensar em sua posição e como deveria parecer a líder dos elfos noturnos, Tyrande se viu a descer correndo as escadarias e, com o coração aos saltos, dar as boas vindas ao pequeno grupo de druidas que acabavam de retomar a forma humana. Foi só depois de vários minutos que notou que eles vinham acompanhados de um dos hipogrifos do Círculo Cenariano. Um hipogrifo montado por uma elfa muito jovem, que, assustada, tinha as mãos amarradas às costas.

"Mas... O que aconteceu com esta pobre criança?! Por que amarrá-la assim?!" 

Ela correu a desatar as mãos da pequena.

"Não, senhora, por favor!"

Malteris tocou-lhe o ombro timidamente.

"Ela... Bem... Ela não está acostumada conosco. Nós a encontramos em Un'Goro..."

A Alta Sacerdotisa a observava, curiosa. Passou a mão pelo cabelo da garota, que, assustada, tentou esquivar-se.

"Não tenha medo, minha pequena..."

Zig'Lin apenas a olhava tensa, a respiração ofegante.

"Vamos, ajudem-na a descer, desamarrem suas mãos."

"Senhora, perdoe-nos, mas... É uma criança selvagem! Ela não fala a nossa língua e tentou nos matar!"

"Confie em mim, meu irmão." - Tyrande sorriu maternal. Não era difícil ver Eluna refletida naquele rosto.

Malteris tirou a criança do hipogrifo, colocando-a em pé à frente da sacerdotisa, que a encarava, sorrindo. Zig'Lin tremia enquanto o druida desatava as cordas que a prendiam. Assim que se viu solta, a garota encurvou-se numa postura de defesa e deu alguns passos para trás, olhando desesperadamente de um lado para outro, enquanto massageava os pulsos doloridos.
Tyrande aproximou-se devagar, sem hesitar, e pôs a mão em seu ombro. A pequena elfa parou de tremer, seus olhos se fixaram nos da Alta Sacerdotisa e o medo em seu rosto foi se dissolvendo, enquanto seus músculos relaxavam. Tyrande abraçou-a com força, como se abraça um ente querido que não se vê há muito tempo. Algum tempo depois, aqueles que lá estavam naquela noite diriam que um brilho suave as envolveu naquele momento.

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⏰ Last updated: Apr 10, 2020 ⏰

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Augúrios da NoiteWhere stories live. Discover now