17 de agosto de 1995

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17 de agosto de 95

— Sabe, nós já estamos velhos pra isso... - Alice sorriu no instante em que conseguiu escalar a escadinha que levava até a casa da árvore do quintal de seus pais, onde passavam o fim de semana, e ela sabia que encontraria Sejun. O homem soltou uma risada, e ali dentro daquele lugarzinho tão particular, ela ainda tão soava como o riso moleque que ele tinha dez anos atrás. Sejun deu dois tapinhas na madeira ao seu lado, esperando que Alice se esgueirasse até se sentar ali - Feliz aniversário. - ela desejou, com um sorriso, e ele selou seus lábios brevemente, murmurando um agradecimento.

Seu semblante pensativo e a carta que trazia nas mãos davam à mulher a certeza de que ele também pensava sobre o mesmo que ela: era o fim de um ciclo, e o começo de um novo. Um em que ninguém lhes diria o que fazer ou que caminho tomar - ou não tomar - mas que trilhariam juntos, como fizeram até ali.

— Acabou, amor... - ela murmurou, e ele maneou a cabeça uma vez, beijando os cabelos da mulher com carinho. Tinham conseguido.

— Acaba de começar. - Sejun tocou o nariz dela com o indicador, sorrindo - Ou você acha que vai se livrar de mim fácil assim? - franziu o cenho, estreitando os olhos de brincadeira, apenas pelo prazer de vê-la sorrir daquela forma que - graças a Deus! - transmitira aos filhos.

— Quem sabe? - deu de ombros, fingindo não se importar, mas soltando um gritinho agudo quando Sejun a agarrou pela cintura, prendendo-a contra o chão de madeira e a beijando demoradamente, tão diferente de quando fizeram aquilo pela primeira vez, bem ali. Havia tantas histórias escondidas naquele beijo... Histórias que embalaram canções, que se desdobraram em livros, que construíram quem eram.

Por um instante, foi como se estivessem numa fenda temporal: parcialmente no passado, revivendo o dia em que montaram o quebra cabeças acerca de seu futuro e se decidiram por jogar todas as peças para o alto, começando do zero e construindo uma nova figura.

Felizmente, o presente era tão bom que podiam vivê-lo com calma, sem ansiar pelo porvir. Porque este seria bom, sabiam que sim: ele estava em suas mãos. 

VERÃO DE 85 • Lim SejunOnde as histórias ganham vida. Descobre agora