Capítulo 3

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— Ei, Shikamaru espere! — gritei, não estava muito longe da casa dos Hatake. Não sabia por que eu havia agido no impulso, mas eu achava melhor conversar com ele.

Já que eu era alguém que talvez entenderia sua dor.

— Mendokusē¹…

Ele parou e pude ver que sua respiração estava agitada. Ele se virou e o costumeiro cigarro pendia em seus lábios. Seu rosto estava mais fino do que eu me lembrava, seus olhos estavam caído e as olheiras denunciava as noites mal dormidas.

Eu me vi nele. Parecia que eu estava encarando meu reflexo no espelho, a diferença era que Shikamaru era homem, mas ao contrário de mim, ele não estava viúvo e sim vendo sua esposa casar-se com outro.

Uma dor nunca pode ser comparada a outra, elas nunca vão ser iguais. A minha dor nunca vai ser pior que a de Shikamaru e a dor dele nunca vai ser maior que a minha. Cada um tinha as suas dores e tudo que podíamos fazer eram nos apoiar.

— Eu…

— Se você vai falar as mesmas coisas que minha irmã, eu prefiro que não fale, Sakura. — sua voz saiu carregada e rouca.

— Não estou aqui para te criticar. — murmurei encolhendo meus ombros. — Talvez eu entenda o que você esteja sentindo…

Ele continuou me encarando, esperando que eu pudesse falar qualquer coisa, assim ele reclamaria e me daria as costas.

— Sarada está preocupada com Shikadai…

—Já disse que o que acontece com meu filho é assunto meu e de Temari.

Cheguei próximo dele, eu tremia de leve ao sentir a brisa forte soprar. Ele deu mais uma tragada em seu cigarro e o jogou longe, a fumaça saindo de seus lábios chamou minha atenção. Eu odiava cigarros, eles faziam mal a saúde.

— Você fuma demais.

— O que você quer Sakura?

— Eu sei que você está passando por um momento difícil, acredite, eu entendo. — Comecei e ele revirou os olhos e cruzou os braços. — Eu entendo completamente o que você está sentindo agora Shikamaru, mas acredite, você não pode deixar tudo de lado.

— Talvez eu ainda tenha uma chance…

— E se não tiver? Vai ficar jogado e sumido por dias? Droga, eu sei o que é sentir essa solidão mesmo estando rodeado de pessoas. Eu sei. Mas, eu levanto todo dia e tento dar o meu melhor pela minha filha. Ela já perdeu o pai, não quero que ela se sinta sozinha nessa vida. Apenas tente dar o seu melhor para Shikadai, pelo que Sarada comenta comigo, ele está se isolando dos amigos por causa dessa situação toda. Por favor Shikamaru, não deixei que seu filho passe o pior, porque eu sei que você se preocupa com ele. Você tem que tentar seguir em frente.

Shikamaru ficou me olhando com os olhos levemente arregalados, eu sabia que boa parte do que eu havia desabafado também servia para mim. Murmurei que era somente aquilo e virei as costas caminhando de volta para casa dos Hatake. Eu esperava que talvez Shikamaru acordasse para vida e não deixasse o tempo passar, se arrependendo depois.



— Você está diferente.

Ino me analisou minuciosamente enquanto bebericava seu chá de ervas doces. Franzi o cenho não entendendo o porquê de estar diferente, meu cabelo estava do mesmo jeito que os outros dias, assim como minhas roupas.

— Continuo a mesma.

— Bom, você está mais… Leve? — ela questionou enquanto sorria de lado. — Fazia algum tempo que não te via assim, aconteceu alguma coisa?

Depois de Você - ShikaSakuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora