Encontros e desencontros

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— Onde estava? Você demorou demais!

Nathalie estava em pé na frente da casa de Daniel com as mãos plantadas na cintura. Aos seus pés tinham várias latas de tintas. Ela vestia um macacão jeans curto com uma blusa branca por dentro e calçava tênis vermelhos. Seu cabelo estava todo preso num rabo de cavalo exceto pela franja loira que repousava do lado direito da testa. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e sua expressão era de reprovação. Daniel sorriu.

– Desculpe. Esperou muito?

– Claro que sim!

– Estava com Lilly.

– Lilly? – a expressão de Nathalie mudou rapidamente – Então? Você disse?

– Não. Ela pediu que eu fosse num encontro com ela amanhã a tarde. Depois ela disse que ouviria minha resposta.

– E você aceitou? Daniel isso só vai piorar a situação. Ela vai ficar mais magoada quando ouvir sua negativa.

– Eu não posso fazer nada, Nath. – disse ele dando de ombros – Foi ela quem me pediu isso.

Nathalie suspirou.

– Ok, então.

– Onde conseguiu isso? – disse apontando para as latas de tinta.

– Na garagem lá de casa.

– Vamos subir para começar a "reforma".

Daniel ajudou Nathalie a carregar as latas de tinta enquanto subiam até o terraço. Ao chegarem, Nathalie surpreendeu-se. Nunca tinha estado ali durante o dia. Dava para ver tudo com muito mais clareza. O parquinho, os prédios, as casas, tudo. Ela sorriu diante da visão. Aquele lugar realmente fazia-a se sentir bem, como se fosse um mecanismo mágico.

– O que foi? – perguntou Daniel.

– Nada. – respondeu ela balançando a cabeça – Então, vamos começar?

– Sim, claro. Primeiro os bancos ou as paredes?

– Melhor começar pelos bancos. – disse Nathalie pegando uma lata de tinta branca – Ainda vamos decidir a cor das paredes.

– Tudo bem.

Parecia que o tempo tinha retrocedido dez anos para a época em que eles brincavam juntos. Não houve nenhuma briga. Não houve discussão. Pelo contrário, eles tiveram uma conversa normal – e até mesmo amigável – com algumas risadas no começo. Parecia um reencontro de dois amigos que não se viam há anos. Nathalie sentiu isso, ao mesmo tempo que percebeu o quanto sentia falta de seu melhor amigo. Ela tentou não pensar nisso durante anos – e até teve algum sucesso depois de muito esforço. Mas tinha vezes que a saudade voltava com toda a força. O vazio que ele deixara era um tanto quando grande.

– De que cor você quer pintar a parede? – perguntou Daniel – Azul?

– Pode ser – Respondeu ela – Eu gosto de Azul.

– Eu sei. – disse ele sorrindo – Eu me lembro.

Nessa hora eles ouviram um barulho de um caminhão chegando. Ambos olharam para baixo.

– O que é isso? – Nathalie perguntou.

– Minhas encomendas. – ele respondeu e saiu logo em seguida.

Ela continuou observando. Daniel abriu a porta enquanto os carregadores descarregavam o caminhão. E as tais encomendas eram simplesmente... Flores. Muitas mudas de flores. Logo depois de a entrega estar completa, Daniel assinou um papel e o caminhão foi embora. Ele acenou para Nathalie que ainda olhava incrédula para as mudas de flores. Quando finalmente conseguiu sair do seu estupor, ela desceu e ajudou Daniel a trazer suas "encomendas" para cima.

Meu Querido Inimigo Where stories live. Discover now