Epílogo

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Um ano depois, em Cambridge.

Daniel estava sentado debaixo de uma grande árvore no Campus de Cambridge. Esperava pacientemente, com o celular em mãos, a ligação de Nathalie. Todos os dias, durante esse ano, eles se falavam nesse horário, já que era a único hora propícia, por causa do fuso-horário. E era sempre com chamada de vídeo. Várias coisas haviam acontecido naquele ano. Anne estava grávida de seu primeiro filho, Charles. E Nathalie publicou um romance intitulado "Meu Querido Inimigo", que contava a própria história deles. O romance ganhou o prêmio juvenil de literatura, o que fez com que Nathalie se destacasse. Daniel estava orgulhoso dela. E tinha dito isso várias vezes.

– Só mais cinco minutos. – disse ele, olhando atentamente para a tela do celular.

Até que, de repente, seu celular tocou. Já era Nathalie ligando. E em chamada de voz ao invés de vídeo. Daniel atendeu.

– Nath?

– Olá, meu amor! Como foi o dia hoje?

– Difícil como sempre. – ele suspirou – Por que não fez uma chamada de vídeo?

Nathalie demorou alguns segundos antes de responder.

– É que – ela pigarreou – eu não estou muito bonita hoje.

Daniel arqueou as sobrancelhas.

– Isso não pode ser verdade. Você está sempre bonita.

Ela riu.

– Você sabe mesmo como deixar uma mulher sem palavras, não é?

– Talvez essa seja uma parte do meu charme. – disse ele – Como está Anne?

– Muito bem! – disse ela, animada – O neném nasce mês que vem.

– Que ótimo. Espero que ele seja um menininho saudável.

– Ele vai ser. E muito mimado também.

Daniel riu.

– O que quer dizer com isso?

– Para sua informação, nossas mães decoraram o quarto todo do menino. Do teto ao chão, tudo em azul. Da mesma cor dessa sua camisa.

– Não estou espantado. Nossas mães são mesmo extravagantes. – Daniel parou um segundo e olhou para os lados – Espere aí, como você sabe que minha camisa é azul?

– Nossa, você é mesmo solitário, amor. Sentado debaixo dessa árvore, sozinho. Acho que você deveria tentar fazer uns amigos.

– Nathalie? – Daniel continuou olhando para os lados.

– E ainda continua olhando direção errada.

Daniel olhou para trás dessa vez, e avistou Nathalie vindo em sua direção. Com um vestidinho rosa, o celular no ouvido e um sorriso enorme, ela não poderia estar mais bonita. Ela acenou com a mão livre. E Daniel correu para encontrá-la. Ele abraçou-a com força, como se sua vida depende disso. Não podia acreditar que ela estivesse realmente ali.

– Senti sua falta. – disse ele.

– Eu também – ela desfez o abraço para olhá-lo nos olhos – Já faz algum tempo, não é?

Daniel sorriu assentindo. Nathalie tocou o rosto dele com uma das mãos.

– Eu disse que iria encontrar um jeito de nós ficarmos juntos de novo.

Ele fitou-a, confuso.

– O que quer dizer com isso?

– Pode me dar as boas vindas, rapaz. Hoje é o meu primeiro dia como estudante de Cambridge.

– Falar sério. – disse estreitando os olhos.

– Não estou brincando, veja. – ela tirou um papel de sua bolsinha e entregou a Daniel.

Ele abriu o papel.

Comprovante de matrícula.

Aluna: Nathalie Stewart.

Faculdade de Inglês.

Número de Matrícula: 134340.

– Mas eu achei que estivesse matriculada na faculdade da nossa cidade há um ano.

– Eu estava. Mas depois que ganhei o prêmio de literatura juvenil com meu romance, a coordenação do curso me ligou e disseram que ficariam muito felizes em me ter como aluna aqui. Eles mesmos cuidaram da transferência.

No mesmo instante, Daniel segurou o rosto de Nathalie e beijou-a.

– Ei! Estamos no meio do Campus. — reclamou ela.

– E daí? – disse ele, antes de voltar a beijá-la.

– Você não existe. – disse ela sorrindo.

– Agora vamos – Daniel pegou uma de suas mãos – Vou lhe mostrar o campus.

– Ah, esqueci de perguntar – disse Daniel – Como estão os meninos?

– Muito bem, de fato. Lilly e Philip estão tendo um ótimo tempo juntos. Falaram até em casamento.
— Casamento? Mas já?
— Acho que não é para agora. — disse Nathalie, acenando com a mão. — Mas tenho certeza que vai acontecer assim que eles terminarem a faculdade.
— Incrível. E Andrew e Nicolle?
— Desde que você saiu, Andrew tem andado muito mais conosco. Agora ele e Nicolle são os melhores amigos. Até cursam o mesmo curso.

Daniel riu.

– Ele tomou seu lugar?

– Não ria! Ainda acho que eles se gostam.

– Você também teve essa impressão? Pensei que tinha sido só eu.

– Isso foi porque você não viu a reação do Andrew quando eles conheceram seus veteranos.

– O que ele fez?

– Derramou refrigerante na camisa de um dos veteranos que estava conversando com a Nicolle. E disse que foi sem querer quando claramente ele fez isso de propósito. Nicolle chegou a brigar com ele, mas Andrew disse que o veterano mereceu, e que não ia muito com a cara dele.

Daniel deu uma gargalhada.

– Talvez um dia eles acordem para os próprios sentimentos. Andrew sempre foi lerdo para essas coisas.

– Talvez Nicolle já esteja acordada. – disse Nathalie, baixinho.

– O que disse?

– Que eu estou morrendo de fome. Que tal café?

Meu Querido Inimigo Where stories live. Discover now