Sempre juntos

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Nathalie desceu as escadas tão rápido que quase tropeçou último degrau. Sua vista estava embaçada pelas lágrimas, o que dificultava sua visão. Tentou segurar o máximo que conseguiu até chegar em casa. Passou rápido pela sala e agradeceu por sua mãe não estar lá. Mal deu tempo de fechar a porta do quarto, quando suas lágrimas começaram a cair aos montes. Nada daquilo poderia estar acontecendo. Quando tudo parecia estar se resolvendo, vem essa agora. Era verdade que Nathalie estava feliz por ele. Cambridge era uma grande conquista. Mas ele teria que deixá-la mais uma vez. E por muito mais tempo.

Nathalie passou o resto da semana sem falar com Daniel. Ele ligava, ela não atendia. Mandava mensagem, ela não respondia. Ele chegou até a mostrar uma plaquinha escrito "precisamos conversar" na janela, mas tudo isso em vão. Nathalie não queria falar com ele. O pior de tudo é que, com o passar dos dias, ela foi percebendo o porquê de estar com raiva. Percebeu que não era de Daniel. No início talvez fosse. Ela ficou chateada por ele não ter compartilhado de uma decisão tão importante. Mas não era motivo suficiente para ignorá-lo dessa forma. Só depois ela percebeu que estava com raiva de si mesma, por ser tão egoísta a ponto de querer que ele não fosse pra Cambridge só para não ficar longe dela, apesar de saber que isso iria mudar o futuro dele. Pensou como seria se ela tivesse passado e ele não. E aí ela não conseguiu encará-lo.

Então, no domingo a noite, enquanto ela estava revisando os últimos assuntos para as provas finais – que começariam no dia seguinte – seu celular vibrou com uma mensagem:

Meu garoto idiota 💜

"Você poderia abrir a cortina por um segundo?"

Ela pensou um pouco antes de puxar a cortina. E, mais uma vez, lá estava ele com uma plaquinha. Dessa vez, a mensagem era diferente da dos outros dias:

"Desculpa."

Ela teve vontade de sorrir. Ele mostrou outra plaquinha:

"Podemos conversar?"

Nathalie o encarou por alguns segundos antes de escrever uma plaquinha dizendo:

"5 minutos."

Nesse momento ele pulou da cadeira e correu para descer as escadas. Quando Nathalie saiu de casa, Daniel já estava na porta dela.

– Vamos até o parquinho. – disse ela.

Daniel assentiu e eles começaram a caminhar. Ficaram em silêncio por algum tempo. Ele respirou fundo antes de começar a falar.

– Desculpa. Não queria magoar você. – disse ele.

– Você poderia ter me contado. Não ia custar nada, não é?

– Eu já me desculpei.

– Tudo bem. Não estou mais com raiva. Não de você.

Ele virou-se para encará-la.

– Então de quem?

Ela parou de andar. Daniel continuou observando-a.

– De mim mesma.

Daniel continuou sem entender.

– Por quê? – ele perguntou, confuso.

– Eu estou sendo egoísta, Daniel. Honestamente, eu estou feliz por você ter conseguido ir para Cambridge. – ela olhou para ele – Mas eu não posso suportar o fato de que você vai me deixar de novo. – a voz dela começou a ficar embargada. – Eu não quero que você vá, mas você precisa ir.

Daniel olhava-a fixamente, enquanto ela tentava não chorar.

– Por que você se importa tanto?

Meu Querido Inimigo Where stories live. Discover now