[13] na arte e na vida

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Existe algo nesse momento que eu tenho certeza que guardarei para toda a vida.

Talvez a forma como me sinto enérgico e fervoroso por dentro, talvez por estar conhecendo esse lado gostoso e descontraído de Jungkook, talvez por essa sequência inesperada de acontecimentos desde a festa ou talvez até por essa sensação de liberdade que me toma por inteiro.

Grande bobagem, sei que no fundo é pela forma como seus olhos brilham, e seus pés são meio tortinhos enquanto ele caminha.

Eu ainda detesto Jeon Jungkook, ainda confirmo com todas as letras que ele é o maior canalha dessa cidade, ainda tenho vontade de botar pó descolorante em seu shampoo. Mas agora eu também o admiro, e sinto vontade de abraça-lo às vezes, preciso confessar.

Ainda não compreendo minha forma de amar, e sei que talvez ainda não o ame, mas me perdoo por isso, afinal nunca senti algo do tipo. Não sei se consigo ser carinhoso, mas meus sentimentos são bons e reais.

Eu juro.

Jungkook vem de uma família boa, mas não poupa esforços para ir atrás do que ama e tentar viver daquilo. Por isso é tão importante conhecer sua faculdade. Pelo pouco tempo que passei ao seu lado, já percebi que arte é sua vida.

Então esse convite deve ser realmente especial, preciso me controlar para não estragar dizendo alguma besteira tão costumeira.

Algo que estrago dois minutos depois, quando tenho a brilhante ideia de dizer:

— Se precisar de um modelo para pintura com nudez, estou disponível.

Ficar pelado e ainda ser pintado por Jeon Jungkook? Qual é? Não posso perder a oportunidade.

Em resposta, ele apenas pergunta:

— Por que você é assim?

E quando penso que isso saiu em tom de decepção ou algo do tipo — assim como ouvi de absolutamente todos ao meu redor por toda a minha vida — ele simplesmente sorri de canto, mesmo que pequeno, e acrescenta bem baixinho para que eu não perceba:

— Ainda bem que é.

Eu nunca, nunca mesmo recebi esse elogio gostoso e disfarçado. Eu nunca recebi elogio algum! As pessoas sempre criticaram minha forma de agir, minhas badernas na época da escola, minhas vestimentas e cada "a" que eu dizia.

Eu sempre fiz parte da desordem. Baguncei, fui para a diretoria, fui para a delegacia, enfrentei todo tipo de gente, principalmente valentões. Nada, nada mesmo, entretanto, me desmanchou tanto quanto o suspiro manhoso que Jungkook solta se contorcendo um pouquinho. E aí, diz:

— Ai, tá doendo. — Ele se refere à tatuagem. — Poxa.

Percebo que a paixão já passou dos limites quando admito silenciosamente odiar vê-lo sentindo dor.

— Você precisa de algo, Jungkook-ah?

— Primeiramente, uma janta decente. Estou morrendo de fome, e você?

— Ah, nem tanto assim...— Minto vergonhosamente por não possuir nem mesmo uma moeda no bolso no momento, me sentindo automaticamente muito, muito insuficiente mesmo.

Por dentro minha barriga dói de fome, algo que vem se tornando tão comum, mas minha cabeça se preocupa mesmo é em arrumar paranoias injustas pensando em como Hyunjin deve conseguir pagar restaurantes realmente legais para Jungkook, e eu não tenho nem onde cair morto.

Só que algo que não percebi nesse tempo todo é que Jeon já consegue decifrar algumas atitudes minhas também. E ele sabe, nesse exato momento, o quão faminto estou, e que estou mentindo assim apenas para poupa-lo de — novamente — precisar pagar algo para mim. É que é tão constrangedor...

HELLISH • jjk x pjmWhere stories live. Discover now