Capítulo 4 - Omeletes

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- Primeira coisa. - Lauren avisou, enquanto entravamos no quarto dela. Ela havia me convidado, e eu não recusado. - Minha mãe é ginecologista, ela não vai ter nada para fazer sobre isso, digo, ao menos não agora.   

- Argh, isso é uma bosta! - Falei, enquanto me jogava em sua cama.               

- Por onde vamos começar, então?             

- Que tal internet? - Vi ela assentir rapidamente, logo caminhou até uma mesinha, em cima tendo um MacBook. Oh, rica.           

- O que eu pesquiso?            

- Vai na Yahoo. - Caminhei até ela e me ajoelhei ao seu lado, vendo o que ela escrevia no computador.           

- Sério que você vai pesquisar como se livrar de um pinto? - Ela gargalhou e eu fiz uma careta.        
- Lauren, eu quero que isso suma, não que eu tenha que... cortar, ou arrancar.

- Se essa é a única opção, me desculpe! eu não tenho culpa pelas respostas do Google.

- Vai na Wikipédia.

- Uau, tão confiável quanto gozar dentro e depois dizer que vai tomar as pilulazinhas. - Ri baixo.    

- Intersexualidade...?

- Não acho que seja... Você não nasceu assim, certo?

- Sim... Mas... Eu não sei... Talvez eu possa me basear nisso... Pelo amor de Beyoncé Knowles, pesquisa como esconder uma intersexualidade. - Lauren riu e digitou outra vez. 

- Quanta aba aberta, parece minha mãe olhando site de culinária.

- Cala a boca, Camila. - Assenti rapidamente. - Aqui. Short de compressão. Uh, olha esse, tá na promoção. É bonitinho.

- A gente está comprando algo para esconder minha Cabeyoconda, não um sapato, Lauren. - Ela caiu na gargalhada e eu revirei os olhos, logo peguei seu computador. - Espero que eu não morra, apenas.

- Hey, se você quiser, meu pai é urologista.

- O que sua família tem com esse tipo de medicina? - Lauren riu e deu de ombros. - Qual o número do seu pai?

- Eu não sei decorado. - Franzi o cenho e encarei ela. - Qual é, quem tem um pênis aqui é você, quer o número pessoal dele?

- E você liga muito para a sua mãe? - Perguntei com um sorriso cínico. É, eu amo ser cínica.

- Depende... Camila, isso não é da sua conta. Eu apenas me cuido. Muito, por acaso. 

Camila. Se concentra.

Não pensa nessas coisas agora...

Para.     

Porra.   

Porra

Porra.   

- Onde é o banheiro? - Perguntei rápido. Lauren franziu o cenho e apontou para uma porta.   

- Aprendeu a mirar? - Perguntou. Lancei meu dedo do meio para ela e ouvi sua risada, logo corri até a porta.

Camssauro está doido para entrar em extinção.

Olhei para baixo, logo suspirei. Por que fomos falar daquilo? 

Jesus, agora eu tinha algo assustador querendo sair para fora - não de mim, mas de minhas calças - e eu não saberia um jeito que não fosse inapropriado de domar essa ferinha.

Okay. Controle-se Camila.

Pense em algo desagradável. Okay.

Mamilo do Kanye West.

Jesus.

Passou. Lavei minhas mãos rapidamente e dei descarga, mesmo não usando o sanitário. Bom, Lauren não poderia desconfiar o que havia realmente se passado agora, e nem o motivo. Abri a porta do banheiro e saí, caminhando em sua direção outra vez.

- E então. O que faremos agora? -  Perguntei, com minha melhor cara de cínica. Duh, eu faço as melhores caras de cínica até dormindo.

- Eu não sei. Quer ir ao shopping comprar esse short? Vi que vendem em lojas de esportes.

- Não, tô com preguiça, entra na Netshoes.

- Lauren riu e negou.  - Isso demora, Camz. Vamos, posso pegar o carro da minha irmã, já que ela saiu com o namorado.

- Você tem irmã? Por que eu não lembrava disso? - Lauren sorriu e assentiu. - Eu lembro de ter visto ela algumas vezes. Mas enfim. Podemos ir ao shopping, minha mãe está lá, eu pego dinheiro com ela.

- Sua mãe ainda trabalha naquela Sex Shop? - Lauren perguntou.  Assenti e me levantei, logo ela fez o mesmo.

- Nunca queira comprar algo com ela lá. Ela lembra de você, e ela te faria passar muita vergonha, assim como faz comigo. Sinuhe e Dinah na mesma casa é rezar para encontrar um buraco, porque depois, você mal vai querer tirar a cabeça. -  Ela riu.

- Sua mãe é um doce. Adoro ela. -  Começamos a descer as escadas de sua casa e logo paramos na cozinha, onde Lauren buscou as chaves do carro. - Você vai contar para ela?

- Bird Mariah, não. Minha mãe tem umas zoeira louca, seria insuportável. E constrangedor. - Lauren riu. - Ela vai me zoar muito.

- Vai.

- Me deu tanta coragem... - Falei irônica. - Jesus, me sinto no armário outra vez. - Lauren gargalhou.

- Eu nunca saí dele. - Falou. Entramos no carro e ela logo o ligou, começando a dar ré.

- Você é gay??

- Eu aprecio a anatomia feminina. E... por favor, sem rótulos. Eles não me servem. - Bufou. Assenti e dei um sorriso. 

- Boa definição. Vou aderir.

- Não, você é completamente gay, Camz. Chega a ser engraçado quando você olha para as outras garotas na educação física.

- Eu não olho! -  Lauren gargalhou e então acelerou. Logo já estávamos a caminho do tal shopping. 

[...]

- Jesus Cristo, isso está apertad.. muito apertado. - Eu disse, enquanto levantava um pouco da blusa para ver o short. Lauren sorriu. 

Eu estava na frente do espelho do provador, e Lauren havia recém entrado para me ajudar.

- Disfarçou um pouco... 

- Um pouco?! Eu estou completamente apertada, como se tivessem omeletes e não um pinto na minhas calças.

- Ninguém mandou pedir 20 cm.

- Eu estou querendo muito chorar, estou querendo desde cedo. Está sendo difícil. E insuportável. - Sentei-me numa das cadeiras que ali havia e levei minhas mãos até meu rosto. Eu odiava chorar na frente de qualquer pessoa, bom, na verdade, eu odiava chorar de qualquer jeito. - Por que essa merda aconteceu justamente comigo?! Eu sou uma imbecil.

- Camz... não foi culpa sua... - Percebi Lauren chegar ao meu lado, logo abraçar meus ombros. - Eu mesma já fiz um pedido parecido! É horrível ser uma garota por ter que suportar... mas isso é o que nos faz ser um sexo forte. Não importa o que você tem entre as pernas, continua sendo uma garota e quer saber de outra coisa? - Seus dedos tocaram minha bochecha, e minhas mãos foram afastadas do meu rosto. Deus, minha cara deveria estar horrível. - Você é linda. Corajosa e... vai passar por isso. Eu estou admirada por tamanha coragem. Se fosse eu, ao menos teria saído de casa.

Sorri brevemente e Lauren me apertou mais. Acabei deitando minha cabeça em seu ombro. 

- Obrigada, Lo... - Respirei fundo e virei-me um pouco, passando meus braços por sua cintura, e devolvendo o abraço.

- Por nada. Mas então. Escolheu quais vai levar? - Sorri-lhe.

Wishes - CamrenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora