Capítulo 70 - Chinelas

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Eu estava morta. Morta Nah Cardoso; real oficial.

Não fazia nem três dias do nascimento dos meus filhotes e eu já me sentia exausta. Acho que estamos indo bem, afinal, somos mães de primeira viagem e estamos lidando diretamente com três bebês, que até agora não quebraram nem um osso, não tiveram nenhuma hemorragia interna, nem um verme daqueles que dá caganeira - que me fez lembrar que gozar no cu da caganeira, mas okay, isso não importa agora -.

Os bichinho até parece eu na puberdade; pega nem gripe.

E isso me deixava feliz.

Cuidar de um bebê parece ser fácil...

Aí que as pessoas se enganam.

Precisa de muita paciência - outra coisa que nesses três dias me surpreendi, pois agora que finalmente havia conseguido colocar uma fralda sem se quer ser atingida por jatos de mijo ou coisas piores... era um grande avanço. O filho também era meu, claro que eu ajudaria a mantê-los limpos e cheirosos -. Eu aprenderia até código binário, se fosse necessário para nossa família.

Agora, Lauren estava aprendendo a dar banho com o auxílio da propria mãe, e maioria das vezes eu acompanhava, mesmo estando com os dois filhos no braço, e fazendo um esforcinho para conseguir ver algo e aprender.

Lauren é tão maravilhosa... Eu precisava tentar um pouco ao menos chegar a seus pés. Bom, ninguém nasce sabendo cuidar, e com esforço se aprende, e essa era a influência que eu tive nos três primeiros dias que fiquei horas tentando colocar uma simples fralda, deixando Lauren descansar e lidando com meus três outros tesouros.

Suspirei cansada - eu tinha dormido pouco, ainda iria trabalhar vendendo colchões hoje -, e abri a geladeira, puxando uma caixa de leite em seguida.

Preparei um café da manhã bem reforçado, mas comi apenas uma torrada. As frutas, os pães, a manteiga com pouca gordura, o suco, um copo d'água. tudo isso seria para Lauren. Afinal, era hora dela acordar, e eu precisar sair.

Lauren tinha o apoio dos pais quando eu saia para trabalhar, mas acho que era coisa nossa mesma. Ambas as partes interessadas em saber como lidar com uma família onde não há um "chefe", mas sim respeito. Era o que eu planejava, para agora e para o meu futuro.

Coloquei o leite especial das crianças para esquentar, e confirmei a temperatura ideal pingando o líquido na minha mão. Um sorriso apareceu nos meus lábios, pois eu tinha acertado.

Peguei uma caixa média, quase pequena, térmica, e deixei as mamadeiras prontas, para a hora que minhas crias acordassem, para Lauren não passar trabalho na cozinha. Também arranjei espaço para aquilo na bandeja.

Peguei a babá eletrônica do bolso traseiro e coloquei ao lado do copo de suco, junto ao café de Lauren.

Logo eu já estava abrindo a porta do quarto dela com o cotovelo, com uma visão simples, pelo baixo nível de luz, e tranquila, dos quatro anjinhos meus dormindo. Três deles em um berço grande, e um na cama.

Coloquei a bandeja na cômoda e desliguei a babá eletrônica, pois agora estávamos perto dos filhotes.

- Amor... - A chamei, falando pertinho do ouvido dela. Lauren suspirou, mas não abriu os olhos. - Minha cuticuti do meu colação, namoladaaa-

- Que voz chata... - Comentou sonâmbula. Soltei uma risadinha e massageei o ombro dela.

- Posso contar uma piada para você acordar?

- Ai...

- Qual a parte do corpo que tá sempre ligada? - Abriu um dos olhos, me fitando desconfiada.

- Não sei...

- On... bro. Ombro. Entendeu? Onbro. - Lauren gargalhou baixinho.

- Eu tenho a melhor namorada... - Falou, com voz de sono.

- Seu dia está melhor? - Ela assentiu.

- Mas não que alguma vez tenha ficado ruim...

- Okay. - Dei um longo beijo na bochecha dela. - Então meu dia também está mil vezes melhor. - Lauren sorriu. - Preciso ir trabalhar. Fica acordada para tomar conta agora? - Ela assentiu, virando de barriga para cima. Se espreguiçou e soltei uma risadinha, lhe roubando apenas um selinho rápido. - E eu te trouxe café da manhã.

- Camila! Outra vez?! Você precisa descansar, você fica horas da madrugada velando o sono dos bebês até garantir que está tudo bem, não precisa ficar acordando mais cedo só para-

- Assim é melhor para você, que não precisa ficar correndo para o lado e para o outro, não é? - Seus olhos me fitaram, enquanto ela acariciava meus cabelos. - A única que está reclamando é você, Jauregui. - Ela deu um risinho, revirando os olhos em seguida. - Estou indo trabalhar. - Lhe roubei outro selinho rápido. - Te amo. - Não esperei uma resposta. Fui até o bercinho, e logo ali dentro sorri ao avistar Lua, Louis e Lucas, separados por um travesseiro para não se machucarem, e dormindo tranquilamente, cada um com uma cobertinha para se aninharem.

Dei um beijinho bem delicado na testinha de cada um - ainda não havia muitos cabelos ali, então vamos supor que a testa deles era um híbrido de Selena Gomez com Liam Payne. Havia bastante espaço para beijar -, logo peguei minha jaqueta, saindo ao receber um sorriso da minha namorada.

Assim meus dias estavam sendo, e por mais que pareça cansativo...

Eu amava cuidar da minha família.

[...]

- Você quer comprar colchão? - Perguntei no telefone. Faltava dois minutos para eu sair do trabalho, e tive a sorte de atender uma senhora que amava falar sobre os problemas pessoais, que infelizmente eu não poderia ajudar.

Olhei para a tela do meu computador e cerrei meus olhos, não acreditando no que eu estava vendo.

- PAU NO SEU CU! morri.

- O QUE?! - A senhorinha do outro lado da linha perguntou. Engoli em seco e fechei o lol antes que o carinha que me monitorava vinhesse brigar.

- É que estamos com uma promoção de colchões incríveis! Eu simplesmente me exaltei, desculpe. - Suspirei. Fitei o relógio da salinha que eu estava e assim que o ponteiro indicou três horas, sorri animada e desliguei o telefone na cara da senhora, pegando meu celular, meu casaco e suspirando aliviada.

Agora eu voltaria para casa!

Iria ver meus pequenos ratinhos vulgo joelhos da Selena Gomez!

Saí disparada daquele lugar - e eu achando que depois do colégio tudo ficaria mais fácil para lidar vivendo -, e finalmente tomei meu rumo pelas estradas de Miami.

[...]

Eu estava terminando de trocar Lua quando meu celular tocou.

Peguei o mesmo e nem olhei o identificador de chamada, apenas atendi.

- Hello from the other side?

- CAMILAAA!!

- AAAAAAAAH! Cauã, que susto da porra, não grita no telefone, parece minha avó-

- SINUHE TÁ EM TRABALHO DE PARTO! EU ESTOU COM MEDO! - Arregalei meus olhos. Senti minhas batidas acelerarem, e meu corpo todo reagir.

- CALMA HOMEM! NÃO TENHA MEDO, VAI FICAR TUDO BEM.

- CAMILA, EU SEI QUE VAI, TÔ É COM MEDO DA SUA MÃE! PROCURA UM DAQUELES PADRES QUE EXORCIZAM. - Soltei uma gargalhada.

Oh sim, Cauã estava fodido...

- Uma tática para acalmar ela, acho que posso te ajudar.

- FALA!

- COMPRA CHINELA QUE A BICHINHA ADORA, TEM ATÉ COLEÇÃO.

- TÁ!

- Cauã?

- Que?

- Se ela não gostar é bom você correr... Sinuhe é boa em lançamento de chinelas.

Wishes - CamrenWhere stories live. Discover now