03 - Cama de gato

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Depois que o seu pai foi embora, Theodore esperou por mais uma hora até ter coragem de sair do quarto.

   A cada passo que Theodore dava ao se dirigir silenciosamente para o terceiro andar, sentia seus músculos tencionarem, e sua respiração ficar ofegante com cada batida violenta que seu coração dava. Assim que avistou os primeiros degraus das escadas mortais que o guiariam para um caminho sem volta, aquele caminho da perdição, sentiu tanto nervosismo que as palmas de suas mãos começaram a suar, então ele esfregou as mãos freneticamente no pijama.

   Mas assim que colocou os pés nos primeiros degraus da escada, instantaneamente começou a ouvir os gemidos

   ꟷ Ah, ah, ah, pa-pare... Está, muito, muito profundo… Querido…

   Era a voz de sua mãe.

   De repente o medo tomou conta dele. Seu corpo paralisou e ele não conseguiu dar mais nenhum passo adiante.

   Ele tinha que fugir dali.

   Tinha que dar meia volta e retornar para o seu quarto, que era seu refúgio secreto, e logo depois podia fingir que não ouviu nada, que não sabia de nada...  

   Mas seu demônio interior descordava de tamanha covardia. Ele queira que sua curiosidade fosse saciada, o demônio interior queria ver a mamãe gemendo pessoalmente.

   E se ele fugisse agora, talvez nunca mais teria coragem para chegar tão longe como havia chegado até agora.  

   ꟷ Querido, por favor... Por favor... Ahhhh.... Meu Deus!

   ꟷ Shhh...  Meu amor, você vai acabar acordando as crianças.

   Nesse momento ouviu um som alto de carnes se chocando, era como se Elsie dissesse para Naito se calar enquanto investia nele com mais violência. Como alguém poderia se calar depois de ter sido penetrado com tanta força?

   Não tinha mais volta, ele não podia ser covarde, já que chegou aqui, precisava ir até o fim, seus pais pareciam tão concentrados neles mesmo que nem iriam notar a sua presença.

   Sim, ninguém saberia que ele esteve ali.

   Ouvindo Naito gemendo assim, ativou gatilhos mentais que provocaram reações estranhas em seu corpo.

   Então como se Theodore estivesse hipnotizado pela voz da mãe, ele deu forças a seus pés e começou a caminhar com mais confiança.

   Ao chegar no topo da escada, já podia ver o quarto dos pais. A porta estava entreaberta.

   Agora tudo fazia sentido do ‘porquê’ ele conseguia ouvir os gemidos de Naito com tanta nitidez. Aquele quarto inteiro era a prova de som, e se a porta não estivesse entreaberta, ele jamais seria capaz de ouvir o barulho que estava vindo de lá, mesmo que chegasse perto o bastante.

   Theodore se aproximou da porta, ele sabia que o quarto de seus pais era grande demais, era praticamente o terceiro andar inteiro.

   Mas se seus pais estivessem na cama, ele conseguiria ter uma boa visão dos dois transando, ele já havia ido ao quarto dos pais várias vezes, claro, era sempre durante o dia quando estava acompanhado de Naito ou Elsie, então o jovem rapaz já tinha uma noção de que a cama ficava bem no centro, bem de frente com a porta, era quase como se tivesse sido colocada propositalmente ali.

   Quanto mais se aproximava, mais os gemidos e o barulho das estocadas se intensificavam.

   Théo, muito nervosamente, finalmente olhou corajosamente pela fresta da porta.

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