08 - O plano

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Agora com 19 anos, Theodore claramente se tornou o que queria ser.

   Um jovem, forte e esbelto, cheio de energia e vigor, exalando beleza e sensualidade. 

   Aquela ansiedade que estava crescendo conforme o grande dia chegava, trazia consigo o desejo ardente de tudo que viria depois que finalmente chegasse em casa.

   Ele havia planejado ir para casa com uma semana de antecedência, sem informar aos pais ou à irmã, que nunca mais falou com ele, desde que foram embora para outro país. Algo que não fazia a menor diferença na vida dele, ambos estudaram juntos, mas agiam como desconhecidos, iam para lugares diferentes e faziam coisas diferentes. Para ele, isso era sinônimo de paz.

   Theodore não participaria da sua própria formatura de graduação só porque queria ir para casa o mais rápido possível.

   Durante suas ligações com a mãe, Naito mencionou que Elsie viajaria a negócios para deixar as coisas organizadas antecipadamente porque ele estava planejando tirar férias definitivas. 

   Elsie iria se aposentar.

   E para que ambos pudessem estar livres para virem à formatura dos filhos, essa viagem seria necessária.

   Théo nem se interessou em perguntar para onde exatamente o pai iria, ele só desejava que ele viajasse logo, para o mais longe possível.

   Theodore sabia que com a pressão aumentando, escolher o momento certo era o mais viável. É preciso ter muita paciência antes de atacar.

   Um leão, quando encontra a sua presa, espera pacientemente pelo momento de cravar os dentes no animal indefeso.

   Durante todo esse tempo, ele exerceu essa paciência.

   Ele também sabia que era preciso ter a capacidade de pensar mais além, e de esperar.

   Logo a sua paciência será recompensada.

   E agora, ele estava preparando suas coisas para chegar em casa e recolher os frutos dessa paciência.

    Sua vida no colégio interno não havia sido inteiramente ruim, pois apesar das regras excessivas, ele sempre dava um jeito de escapar, para se divertir nos arredores da cidade com os colegas. Com o tempo, foi se acostumando aquela vida, embora ele não fosse alguém que tivesse apego emocional pelas pessoas, ele aprendeu a usá-las a seu favor. E isso fez com que a vida dele lá, naquela prisão escolar, fosse mais suportável, e às vezes até divertida, depende da forma como ele se divertia. 

    Théo foi se tornando adulto, com um rosto maduro de traços suaves, e um corpo atlético na medida certa devido a natação constante que praticava ativamente durante as aulas no clube de mergulho da escola. Seus cabelos castanhos claros levemente ondulados nas pontas, completava ainda mais sua beleza hipnotizante com um ar misterioso. Agora ele parecia mais um playboy do que um garotinho de rosto angelical.  

   Com uma última olhada no visual, ele colocou os óculos de aviador sobre os olhos roxos, e pegou sua mala de mão da qual colocará ali apenas o que era importante para a viagem de ida, como o celular, o tablet, fones de ouvido, um carregador portátil, a carteira, o passaporte e os documentos de identificação, como logo estaria em casa, não precisaria levar roupas e acessórios dos quais poderia comprar novamente onde quer que estivesse. Além do mais, ele odiava andar com excesso de bagagem.

   Abriu a porta do dormitório, deu uma última olhada no quarto onde viveu durante 5 anos. 

   Definitivamente não sentiria falta daquele lugar sufocante. 

Laços CarnaisWhere stories live. Discover now