10 - O plano

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Enquanto a brisa fresca do ar noturno assolava as cortinas brancas da casa de campo. Theodore degustava da taça de vinha tinto meio amargo que ele mesmo havia trazido, encostado na varanda da suíte principal, ele observava os grilos cantando.  

   Faltava 20 minutos para às 22h00. Théo estava vestido com uma camisa branca de algodão em gola V que deixava metade do seu peitoral definido nu, a calça também era branca e confortável, ele pensou que aquele conjunto de roupas combinaria perfeitamente com aquele lugar e aquela ocasião. Ele finalmente estava pronto. 

   Não muito distante, ele avistou uma luz vindo em meio a escuridão da estrada. Era o carro que ele havia contratado para trazer Naito ao seu destino final. 

   O endereço que havia enviado para mãe, era de um hotel distante do tráfego urbano que ficava na beira da estrada, lá o motorista estava à sua espera, exatamente como ele havia combinado. Após verificar se Naito estava sozinho, o condutor o abordou minutos depois dele ter descido do táxi em frente ao hotel. 

   O motorista não respondeu a nenhuma de suas perguntas, apenas lhe disse que havia sido enviado para levá-lo ao seu verdadeiro destino. Naito hesitou, mas não demorou muito até que a mensagem daquele mesmo número havia chegado instantâneamente, mas apenas dizia: [Entre no carro, e não faça perguntas].

   E foi assim que o peixinho foi nadando em direção a isca.

   Após descer do carro, o motorista se curvou para ele e acenou em despedida logo entrando no carro e indo embora cantando pneus.

   Naito sentiu a brisa fria do verão, seus pêlos dos braços se arrepiando de tensão e medo. Ele suspirou e olhou ao redor, em frente à ele havia uma casa grande de madeira rústica com uma varanda em torno da casa com grandes janelas de vidro e cortinas brancas que se agitavam com por causa da ventania noturna. Era noite de lua cheia, e ele estava com muito medo de entrar naquela casa. Tudo aquilo lhe parecia um filme de terror, mas ele tinha que enfrentar seus medos de frente, não podia deixar aquela foto comprometedora vazar. Depois de muitos anos de convívio íntimo com o pai, nada parecido com isso havia lhe acontecido, ele acreditava até que seu relacionamento podia ser considerado normal, já que não havia ninguém para julgá-los. Até os empregados da casa, que eram muito bem pagos para manter a boca fechada, e fingir que eles eram uma família qualquer, nunca deram olhares tortuosos para Naito. Mas talvez, a mentira realmente tenha pernas curtas, e agora era o momento de enfrentar a verdade. 

   Havia cogitado que Rayan, depois de muitos anos havia aparecido para se vingar dele, mas depois descartou a hipótese, pois Rayan agora vivia bem com seus amantes, esposa e filhos, não havia motivos para que ainda sentisse ódio de Naito, ele já havia lhe machucado uma vez, então era evidente que ambos estavam quites. A vida de cada um seguiu como deveria seguir. 

   Agora estava em dúvida se algum funcionário da casa estava tentando chantageá-lo, se fosse isso, ele poderia facilmente calar sua boca com uma boa soma de dinheiro. Nem seria necessário incomodar Elsie com essas coisas banais, até porque ele não queria ver um banho de sangue, porque Elsie não seria condescendente com quem quer que o estivesse chantageando. 

    Era algo que ele pensou que poderia resolver facilmente, mas quando anteriormente havia chegado na frente de um hotel sujo, com um motorista encostado em um sedã preto lhe esperando, o apito de perigo atingiu sua cabeça, porém já era tarde demais para voltar atrás. 

   E agora nesse momento ele estava girando a maçaneta da porta bem devagarinho. 

   No entanto, muito de repente, ele sentiu algo se aproximando rapidamente sobre ele, o medo deixou Naito petrificado. 

    Aquela pessoa já o estaria esperando do lado de fora? 

   Mas o que aconteceu logo em seguida, quando viu uma enorme sombra sobrepondo a sua própria sombra magra e fraca, virou de costa, e deu cara com alguém que ele não via há algum tempo. 

    — Então foi você que me enviou aquelas mensagens?! — Naito rugiu com raiva, enquanto suas mãos começaram a tremer de desgosto. 

    — Olá, Hyung. Há quanto tempo. Sentiu minha falta? — perguntou, olhando para Naito, com seus olhos negros e penetrantes, esboçando um sorriso de canto de pura zombaria, sem tempo para ouvir qualquer resposta, completou:  — porque eu não senti a sua. 

    — Você pode me explicar o que está acontecendo aqui? Porque me enviou aquela mensagem?! Você está louco?

    Alto, a quem ele não via há muito tempo, agora parecia uma réplica mais jovem de Elsie, era sua imagem e semelhança. Chegava a ser assustador só de olhar para ele. Então ele revirou os olhos e rangeu os dentes.
   
    Só Elsie deveria ter aquela aparência.

   Tirando os olhos escuros de Altos, seu corpo físico e rosto, eram idênticos ao de seu amante.

   Naito não entendia porque seu irmão depois de adulto lhe estava pregando peças igual uma criança querendo chamar atenção. Ele nunca foi assim antes, nunca se importou com ele. Depois que se tornou maior de idade, foi embora sem olhar para atrás. Então por quê ele estava ali, agora, na sua frente? 

     Alto, imponente apenas olhou zombeteiramente para o seu irmão mais velho, e disse: 

   — Não tenho muito tempo e nem paciência para te explicar nada. Mas daqui em diante, quem vai resolver esse problema sou eu. Entre no carro, que o motorista vai te levar para casa. São ordens do nosso pai. 

    Naito olhou para ele assombrado. 

   — Elsie?

   — Argh. Você continua sendo irritante. Sai da minha frente, está atrasando meu trabalho. 

    Alto empurrou Naito para trás dele e apontou onde o carro estaria lhe esperando.

    Depois do susto, Naito logo se recompôs e pensou que era óbvio que Elsie estaria um passo à frente! Por mais que tentasse fazer as coisas escondidas do seu jeito, Elsie sempre descobriria e resolveria à sua maneira. Só não entende porque dessa vez, ele trouxe Alto de volta a suas vidas. Isso era algo que não fazia sentido para ele, mas também não importava, pois sabia que Alto fazia os trabalhos sujos de seu pai. Então isso era algo que deveria ser muito sério, e Alto teria que lidar com isso em nome de Elsie. 

   Não queria um derramamento de sangue, mas talvez não teria como evitar, era melhor ele ir embora sem saber de nada. Às vezes a ignorância era uma benção. 

   Então Naito depois de refletir, concluiu que isso era um alívio, ele não teria que lidar com aquele problema

   Naito apenas olhou feio para o irmão que estava girando a maçaneta da porta e decidiu não falar mais nenhuma palavra com ele. Apenas seguiu na direção do carro que estava estacionado um pouco mais distante da casa em uma esquina, não muito longe.  

   É melhor assim, seja lá quem tenha tentando brincar com ele, essa pessoa estaria agora em sérios problemas. 

    ‘Melhor não pensar sobre isso. Vou fingir que nada disso aconteceu’.

   E assim que ele entrou no carro sem nem mesmo olhar para trás, seu celular vibrou no bolso da calça. 

    Era Elsie ligando.

Continua....

N/T Autora:

Vejo só quem resolveu aparecer cof-cof

Laços CarnaisWhere stories live. Discover now