capítulo 3

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A semana se arrastou, tortuosamente lenta

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A semana se arrastou, tortuosamente lenta. Os dias ao lado da garota nova eram estressantes, Camille despertava em mim sentimentos raivosos, eu tinha vontade de mata-la na maior parte do tempo, principalmente porque ela parecia adorar me tirar do sério.

Pelo menos era sexta-feira, isso me fazia aguentar até mesmo a detenção com um pouco mais de paciência.

Neste momento, estou sentada mais uma vez no fundo da sala, ouvindo a professora Jhonson discursar sobre alguma coisa envolvendo disciplina. Na verdade, eu não estava ouvindo nada, passei noventa por cento do tempo encarando as mãos hábeis de Camille, que sempre estava rascunhando algo em um caderno. Eu a odiava, mas morria de curiosidade para ver o que ela tanto marcava naquelas folhas. Pela velocidade de sua mão sob o caderno, provavelmente estava colorindo.

Estiquei o pescoço o máximo que pude e tentei ver por cima do seu ombro, no entanto, estava a uma distância considerável de sua mesa para que isso funcionasse.

— Camille, quer mostrar pra turma o que tanto rabisca nesse caderno? Adoraríamos saber o que nossas aulas de cidadania estão te inspirando. — A voz da professora ecoou pela sala, fazendo-me retesar na carteira.

Observei Camille erguer a cabeça, não conseguia ver o seu rosto, mas podia imaginar que um sorriso irônico lambia sua face sem modéstia.

— Claro, Sra.Jhonson. — Ela se levantou e andou em direção a frente da classe, virando o caderno para a todos verem...

Arregalei os olhos e prendi a respiração, sem acreditar no que estava vendo.

Era um retrato realista claramente meu. Os olhos verdes bem delineados, a boca aberta em um O e meu corpo estava nu, assim como vim ao mundo. Continuei estatística encarando os detalhes do desenho, enquanto o bolo de alunos começavam a rir e bater nas mesas.

— Eu desenhei os bicos meio escuros porque nunca os vi de pertinho, mas talvez sejam tão brancos quanto a sua pele. — Ela silabou, olhando diretamente nos meus olhos, enquanto ficava roxa lentamente.

Me levantei em um impulso e andei até ela — talvez eu tenha corrido, não saberia dizer — e me joguei contra seu corpo, que caiu no chão em um estalo, enquanto imaginava os seus dentes voando para fora daquela boca que mais parecia um cu, de tanto que saia merda. Levantei meu punho fechado, pronto para arremessa-lo contra seu rosto, mas fechei os olhos e respirei fundo, procurando alguma calma no fundo da minha consciência.

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