A vista era linda.Recostada sobre uma varanda de pedregulho, a metros de distância do chão, observamos o mar, do alto de um farol.
As ondas batiam sobre as pedras em volta da estrutura e se desfaziam, deixando um rastro de espuma. Por cima das águas, barcos e lanchas se espunham ao longe e poucas pessoas caminhavam na beira da praia. Ali de cima tínhamos uma vista perfeita, não só da bahia, mas de toda Santa Barbara.
— Eu gosto da grandeza desse lugar. — A voz de Camille permeou minha mente, me acordando do frenesi. Olhei para ela, que estava recostada ao meu lado. A brisa fresca balançava seus cabelos negros, deixando suas sardas mais aparentes devido a iluminação direta do sol. — Não é um lugar luxuoso ou algo do tipo, mas mostra a dimensão das coisas, da cidade, e do horizonte a vista.
Balanço a cabeça em concordância, sem dizer nada. Voltei a olhar para além-mar.
— Mostra o quanto nossas vidas são pequenas diante disso. — Ela continuou dizendo.
— Você vem muito aqui, então? — Finalmente digo alguma coisa.
— Sim, quase todos os dias. É mais bonito a noite. — Ela deu de ombros. — As luzes da cidade parece um emaranhado de estrelas projetadas para observarmos. É calmo...
Então finalmente descubro para onde ela vem quando seus pais começam a gritar. Sempre imaginei que saia para festas ou algo do tipo, Camille não parece alguém que gosta de silêncio e paz, ela por si só já é um caos.
Quase esternei isso, mas me mantive em silêncio. Não era da minha conta para onde ela ia enquanto seu pai espancava Camila. Na verdade era para mim estar mantendo distância dela. Não era para estar aqui.
Rangi os dentes.
Camille pareceu perceber.
— Por que está nervosa? — Ela se virou para mim.
Continuei fingindo observar a cidade, no entanto não enxergava mais nada, minha vista estava embaçada pelo aperto em meu peito.
— É pelo beijo? — Por um segundo achei que ela se referia ao beijo que correspondi de sua mãe, mas... Ela também havia me beijado. Engoli em seco. Era disso que eu estava fugindo. De perguntas como essas.
YOU ARE READING
Outbreak
Historical FictionLauren foi diagnosticada com TEI (Transtorno Explosivo Intermitente) aos 12 anos, em meio a acessos de raiva e traumas irreparáveis. Desde então, vem lutando diariamente contra todos os traços de seu transtorno para ter uma vida melhor ao lado de su...