Capítulo 18 - Esperança x realidade

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A mudança da UTI para um quarto transformou completamente a rotina de todos. Quando não estava trabalhando, passavam muito tempo naquele quarto de hospital. A sala de espera tinha sido abandonada por completo. Não apenas ela, o quarto onde Alexander costumava ficar, também fora deixado para trás. Agora ele tinha uma cama para si no quarto de Luna, o que o deixou exultante! Todos esperavam que estando no quarto, logo Luna estaria em franca recuperação e toda aquela preocupação teria fim, finalmente! Mas não foi assim que as coisas aconteceram.

Os primeiros dias se passaram com muita alegria e cheios de esperança. Todos estavam felizes, ansiosos e atentos a cada pequena alteração no estado de saúde de Luna. Aguardavam inquietos e angustiados pelo momento em que seria retirada do coma e acordaria, recuperada por completo. Essa foi a primeira esperança que perderam, logo no final da primeira semana após a transição.

- De acordo com as medições de dor, devemos retirá-la da indução na próxima semana, quinze dias no máximo. - declarou o médico em um final de semana em que quase todos estavam reunidos.

- Oh! Graças ao Sagrado! - agradeceu Sally juntando as mãos.

- O que não significa que ela irá acordar imediatamente! - esclareceu em seguida.

Alexander franziu a testa, com uma série de perguntas em mente, sem conseguir verbalizar nenhuma delas. Estava entendendo bem? O que aquilo significava? Quanto tempo mais teriam que esperar? Havia uma previsão? Não podia ser verdade!

- Pode explicar melhor, doutor? - pediu, a mãe de Luna, Antonella, com sua gentileza característica.

- Isso significa que quando ela for retirada do coma induzido, seu corpo vai continuar "adormecido". - fazendo o gesto de aspas com as mãos. - Há quem desperte em algumas horas, outros levam dias ou semanas.

- Por quê? - retrucou Stefano contendo sua irritação.

- Os motivos são variados! Desde o longo período em que permaneceu sedada, os medicamentos utilizados, até a interação com as medicações que já utilizava e, também, sua condição mental! - suspirando. - Não há como saber!

Não havia mais o que ser dito ou explicado. O médico aguardou mais algum tempo e depois deixou-os com suas ponderações. Mesmo assim, permanecia a esperança de que assim a sedação fosse retirada, Luna despertaria quase de imediato. Afinal, mesmo sedada, já respirada sozinha e parecia recuperada e pronta para retornar à sua vida normal.

Enquanto aguardavam que Luna saísse da sedação, Alexander continuava tendo uma companhia constante em todas suas refeições. Mesmo que não fosse o momento do seu intervalo, Miranda sempre arrumava um jeito de surgir no refeitório e sentar na mesma mesa em que ele.

No começo, permanecia em silêncio, apenas observando-o, sem forçar um diálogo. Mas com o passar dos dias, começou a sentir a necessidade de falar, de perguntar, de saber dele, contar sobre si, entre tantas outras coisas. Queria estar mais próxima, não só fisicamente!

Naquele dia, em especial, Alexander estava um pouco mais distraído que o normal. Passaram parte da noite em casa, e quando saíra, deixara seus filhos aos cuidados com Lety. O que o preocupava era que Junior estava com febre quando saiu de casa. E, embora tivesse passado a manhã com Luna, agora estava se sentindo culpado.

A maior parte desse sentimento vinha do fato de saber que ela era extremamente zelosa com o filho! Sentia com se estivesse em falta, não só com o filho, mas com a própria Luna! Ela jamais deixaria seu filho doente aos cuidados de outra pessoa, mesmo que fosse uma das meninas! Mesmo que fosse ele!

A todo momento, verificava as notificações em seu telefone, apenas para se certificar que nada havia acontecido. Mas Lety não havia mandado nenhum recado e parecia que tudo estava bem. Por estar tão concentrado, sequer percebeu quando Miranda se aproximou, como sempre, sentando e o encarando sem pausa.

Noites Sem Luar - Livro II da Trilogia do Coração Where stories live. Discover now