A Fada e o Lobo

33 4 0
                                    

Havia um lobo à sua porta

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Havia um lobo à sua porta.

Sinal de que devia ser segunda-feira. Sinal de que Ash deveria mesmo estar exausta se confiava nas idas e vindas de Fenrir para saber quais eram os dias da semana.

O lobo sempre aparecia nas segundas-feiras e ficava até as sextas-feiras, e então desaparecia dentro da floresta o fim de semana inteiro. Tudo bem, Ash não se importava com a vida privada dele, contanto que ainda trouxesse comida e a deixasse fazer carinho atrás de suas orelhas macias e peludas.

Lutando contra o impulso de ficar na cama, Ash se levantou e caminhou até a pesada porta de madeira. A abriu e Fenrir entrou, sacudindo a umidade da lama do pelo e lançando gotas geladas nas pernas de Ash. A mulher lançou um olhar de censura para o lobo, que a ignorou e se sentou sobre as patas ao lado da cama.

- Pulguento - resmungou Ash, caminhando até ele e abrindo a mochila que carregava. Tinha pão, carne seca e...

- Morangos! - Ash se sentou ao lado de Fenrir e deu uma mordida em uma das frutas vermelhas, gemendo de prazer quando o sabor explodiu em sua boca. - Fenrir, eu amo você! Você é maravilhoso!

O lobo abaixou as orelhas e virou o focinho para o outro lado como se dissesse Eu sei. Ash deu uma risada alta e comeu o resto dos morangos, lambendo os resquícios de suco dos dedos.

- O que mais tem aí? - perguntou. O lobo se levantou e virou, mostrando a outra mochila que pendia de suas costas. Ash a vasculhou e o sorriso desapareceu de seu rosto ao notar a carta endereçada a ela.

Com os dedos trêmulos, Ash a abriu.

- Uma carta do mestre da Guilda... - murmurou. Seus olhos verde-esmeralda percorreram a carta e o rosto cor de chocolate dela empalideceu; a cicatriz em sua bochecha pareceu latejar por um instante, como se uma mão fantasma a tivesse beliscado.

Ash se levantou e pegou a capa e a máscara penduradas ao lado da porta.

- Vamos, Fenrir! - ela olhou para o lobo. - Temos que voltar! É uma emergência!

...

Um sagrado Lobo de Luna podia cruzar centenas de metros com apenas um salto.

Fenrir conseguia cruzar quilômetros.

Agarrada ao pelo cinza-chumbo e preto, Ash se sentiu aliviada por ter colocado a máscara antes de Fenrir começar a correr, pois o vento forte, sem sombra de dúvidas, teria destruído seus olhos e cortado seu rosto até ficar quase irreconhecível, e uma cicatriz já era o suficiente.

Eles saíram da floresta. Fenrir deu um salto e a realidade na frente deles se distorceu. E então eles estavam cruzando uma montanha. E então estavam chegando a um vilarejo. E na cidade.

Ash encostou o rosto mascarado no pelo de Fenrir. Ela não precisava dizer para ele se apressar, ele sabia o peso daquelas corrida desabalada — daquela disparada com o objetivo de salvar os mais indefesos. Era o que ele era. O que sempre havia sido, desde que Ash, com apenas nove anos de idade, o encontrara naquela floresta cheia de escuridão e neve, completamente sozinho e ferido.

𝑇ℎ𝑒 𝑇𝑎𝑖𝑛𝑡𝑒𝑑 𝐻𝑎𝑙𝑓 - Fairy TailWhere stories live. Discover now