↬ Prólogo

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Ouvi minha mãe e Grayson gritarem.
De novo.
Eu estava brincando com o bola de neve, meu coelhinho de pelúcia favorito, até ouvir os gritos.
De novo.
Aquilo se repetia pelo menos três vezes na semana.

Senti tudo ficar quieto, e um pânico se instaurou automáticamente em meu corpo, torcendo para que ele não suba ao meu quarto novamente.
Ele gritava com a minha mãe, empurrava ela, e ameaçava, mas não era de bater nela.

Grayson sempre chegava muito bêbado e descontava isso em mim e me batia todas as vezes que se irritava.

Vou em direção ao meu armário e entro ali dentro junto com meu coelhinho de pelúcia, minha respiração desregulada enquanto eu tentava me esconder por entre minhas roupas.

— Grayson! Se acalme! Aí! — Minha mãe gritou e de repente e um vidro se estraçalhou. Ele provavelmente decidiu tirá-la do caminho.

— Você e aquela filha de merda! Eu vou matar ela! — Grayson repetia e eu tampei os ouvidos sentindo meu cabelo loiro grudar nas costas que escorriam suor.

Me encolhi no canto do armário, tentando regular a respiração, para fazer o máximo de silêncio o possível.
Destampei os ouvidos, e ouvi a porta do quarto se abrir num rangido assustador.

Ele era meu pesadelo, meu maior terror.

— Cassie? Não está com medo de mim, não é? — Grayson falou e uma lágrima desceu sob minhas bochechas. — CASSIE PORRA! SE NÃO SAIR DE ONDE ESTIVER ESCONDIDA EU VOU TE ACHAR, E NÃO VAI SER BOM PRA VOCÊ! — Ele disse de novo e ouvi rangidos na escada

— O que tá fazendo aqui?! Deixe a Cassie em paz! Vá em bora daqui! — Minha mãe gritou mas ela grunhiu ao ser arremessada.
Eu ouvi um estrondo da madeira quando ela caiu em cima, provavelmente de minha cômoda.

Senti tudo que tinha em cima do móvel cair no chão.
Minha respiração se desregulou novamente, preocupada com a minha mãe.

Ela estava chorando baixinho, enquanto ele exalava cigarro, dando para sentir de onde eu estava.
Minhas mãos estavam suadas, e meu cabelo loiro ainda grudava nas costas, meus olhos enxarcados e meu corpo sucumbia de medo.

Um silêncio se instaurou, quando de repente, Grayson abriu o armário e me achou encolhida ali dentro.
— Sua merdinha! — Ele gritou quando me tirou pelos cabelos enquanto eu tentava me debater.

— Sai de perto de mim! Me solta! — Eu gritava, com dor na cabeça.

Grayson me jogou no chão, e me deu um chute na barriga, tossi procurando ar, mas ele puxou meu cabelo e me jogou de frente por cima de todas as coisas quebradas em cima da cômoda.

O vidro estava me cortando,e sabia que eu estava sangrando muito, quando minha visão ficou embaçada, passei a minha pequena mão sob meu pescoço e logo sua concha encheu de sangue.
Eu chorava alto, e gritava, vi que Grayson iria vir de novo até mim, e quando pude, corri até a porta do quarto.

Eu sabia que ele viria atrás de mim, e deixaria minha mãe em paz.

Eu só consegui sentir um empurrão, então...caí sob a escada de mármore.
Vi vários vultos com o chão cheio de sangue, antes de apagar completamente.

Dias em BarcelonaWhere stories live. Discover now