Cassie Harper nunca teve uma vida fácil, seu pai biológico foi morto, e sua mãe havia se casado com um agressor alcoólotra, desde os 8 anos, Cass morava com o pesadelo dentro de casa.
A menina vivia machucada, por dentro e por fora, tentando curar a...
Acho que eu esqueci como ser feliz, algo que eu não sei, mas algo que posso ser, algo que eu espero. What was i made for? -Billie Elish
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A médica me disse que eu precisaria de repouso, perguntou o que houve e eu disse que havia entrado em uma briga de rua. Aquilo era patético e apavorante.
Meu corpo estava tremendo e eu o sentia gelado, meus olhos inchados como bolinhas, já que eu não parava de chorar.
Estávamos no caminho pra casa, e eu estava totalmente sem sono, e não queria chegar em casa novamente, principalmente acompanhada deles.
- Você fez bem de não falar com aqueles garotos. - Grayson disse e eu o olhei com nojo no olhar.
- Eu não posso sair, não tenho telefone, o que querem que eu faça? Se me amam tanto poderiam pelo menos me entregar o celular. - Pedi, arrumando minha postura no banco do carro.
- Vamos pensar. - Foi tudo o que Catherine disse.
Chegamos em "casa", e eu me arrastei até meu suposto quarto, que era o que eu acordei das últimas duas vezes. Decidi ir tomar um banho, mesmo que com medo.
Peguei a cadeira que estava na pequena escrivaninha ali, e posicionei embaixo da maçaneta, como costumava fazer. Me despi por completo e separei um pijama dos que eles tinham comprado para mim, entrei no banheiro e tranquei a porta, deixei a água quente dar a sensação horrível de ardência nos machucados, mas eu nem liguei, estava olhando em um ponto fixo questionando o que eu fiz para merecer isso.
As faixas em minhas mãos estavam encharcadas de água quente, o que doía, mas nenhum dos meus machucados estavam pior do que os interiores.
Saí e enrolei a toalha no meu corpo, encarei meu horrível reflexo no espelho, não podendo estar mais tenebrosa. Puxei as olheiras pra baixo, vendo que o brilho dos meus olhos estava completamente opaco, minha pele avermelhada de mais, e uma vontade avassaladora de arranhar todo o meu rosto me percorria, enfim as crises de raiva.
Me vesti rápido, e quando ia deitar na cama, ouvi a porta ser forçada. Abri apenas uma fenda para enxergar quem era, e era meu padrasto.
- Vim trazer seu jantar. - Ele sorriu, e eu neguei com a cabeça.
- Não vou comer nada que venha de você. - Declarei tentando fechar a porta, mas ele a empurrou tão forte que a cadeira caiu, meus olhos se arregalaram e ele deixou a sopa na bancada da escrivaninha.
- Então irá passar fome, princesinha. - Grayson sorriu e eu assenti.
O encarei, tão profundamente que ele até chegou a ficar sem graça, cruzei meu braço, e cocei o nariz tentando tirar a sensação de choro que queria voltar.
