Oito.

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Com o semblante indignado, enfurecido e decepcionado, Samantha encarava Lena, que no momento que sentiu os olhos castanhos da amiga fixos nela, recuou e abaixou a guarda. Ela sabia que tinha feito merda, sabia que havia descontado sua raiva e frustração em Kara, que apenas tentou ser gentil.

— Que merda foi essa, Lena?! — era nítido o quanto Samantha estava irritada, apenas com o tom de voz alterado e palavrões, que só eram usados quando a ginecologista estava brava.

Lena não sabia explicar, mas desde o dia anterior quando viu a loira com o homem alto, sentiu raiva e desconforto. Não gostava de Kara, mas não sabia pontuar os motivos desse sentimento, talvez fosse porque a loira nunca abaixava a cabeça e estava sempre batendo de frente com ela.

— Por que você disse aquilo para a Kara? — Lena pensou em perguntar da onde se conheciam, mas observou que não era o momento adequado. — Ela veio aqui, tentou ser gentil e você fala isso pra ela? Quando você vai crescer e entender que o mundo não gira em torno de você? Que sua arrogância não vai te levar à lugar nenhum? — Samantha falava alto, quase ficando vermelha.

A cabeça de Lena girava, os acontecimentos anteriores, os acontecimentos de hoje eram muita coisa pra se lidar, e no instante que sentiu uma tontura, gritou pela amiga, antes de desmaiar completamente.

A morena abriu os olhos com certa dificuldade por conta da claridade do quarto, estranhou o colchão e pelo cheiro teve a certeza que não estava em casa. Quando sua visão conseguiu focar, notou-se que estava em um quarto de hospital.

Revirou os olhos. Estava cansada de hospitais.

— Ei, você acordou. — reconhecendo aquela voz, o rosto da morena esquentou, ficando com vergonha e não querendo encarar a loira. — Eu fiquei preocupada quando Samantha ligou. — por um momento, a morena achou que a preocupação era por ela, mas lembrou-se que era por conta do bebê. — Lena, olhe para mim. — a outra pediu, com toda a calma do mundo.

Lena a encarou, não fazia muito tempo desde que a viu pela última vez, mas agora, a loira estava ainda com o rosto inchado, provavelmente porque chorou muito. Olhando a loira daquele jeito, a culpa caiu em seus ombros novamente.

Normalmente não era de sentir culpa, mas Kara parecia despertar algo nela.

— Eu não queria te falar aquilo, me desculpe. — Lena falou sincera. — Eu estava tendo um dia ruim, estava com dor e acabei descontando em você e eu sinto muito por isso. Você vem tentando ser gentil e talvez ache que eu não perceba, mas eu percebo sim, eu só sou otaria demais para não retribuir. Me desculpa pelo que eu disse à você. — Lena nunca havia sido tão sincera com uma mulher em sua vida, talvez fosse por conta que estava sob efeitos de remédios e não conseguia se controlar 100%.

Kara deu um sorriso fraco.

— Eu te desculpo. Mas não pense que suas palavras não me machucaram, pois ainda estou pensando nelas, ainda estou chateada, mas eu te desculpo. — Kara estava próximo a cama, deu um sorriso fraco enquanto encarava a morena deitada e, involuntariamente, colocou uma mecha de cabelos pretos atrás da orelha de Lena.

Carina entrou na sala e assustou as duas mulheres, que se encaravam em silêncio, fazendo com que a loira se afastasse rapidamente. A italiana estranhou os movimentos, mas nada disse. Logo, Samantha também chegou na sala.

— Lena, você vai precisar ficar afastada da empresa até o final da sua gravidez. — a morena arregalou os olhos.
— O que?! Como assim?!!!
— Você teve uma queda de pressão e isso é grave, se você não cuidar da sua alimentação e hidratação, vai ocorrer mais desmaios e você como o bebê, podem se machucar. Eu aconselho que peça um afastamento.

Barriga de aluguel | SUPERCORP Where stories live. Discover now