➵ 12. Momentary provocation

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Calina Sartori
Dias atuais...

Observava mais uma vez a paisagem pela janela do trem, mas agora a escuridão cobria toda a floresta densa que passava rapidamente. Me traz arrepios com lembranças e inquietações. Meu estômago completamente coberto por uma ânsia sem fim, meu peito doendo por estar me afastando de Bristol e da minha mãe. Mas mesmo que eu decidisse lutar de nada adiantaria. Que forças eu teria para ir contra meu pai e meu irmão?

Arrastei o olhar contra a minha vontade para Bugsy sentado ao meu lado, Hunter e Aiken nos bancos da frente com os braços cruzados sobre o peitoral. Todos em completo silêncio, talvez não quisessem perguntar sobre o que aconteceu. E por dentro eu me sentia aliviada em não precisar esclarecer absolutamente nada. Soltei o ar dos meus pulmões e abaixei a cabeça fechando os olhos sentindo-a latejar.

— Por que te chamaram de assassina? — Levantei meu olhar para o Aiken no mesmo segundo. Ele me encarava com um bico nos lábios como se fosse uma criança esperando pela história. Mesmo que já tivesse contato anteriormente o motivo.

— Nossa, como você é um idiota! — Hunter sussurrou passando as mãos pelo pescoço.

— Qual é! Todo mundo quer saber, alguém tem que tomar a iniciativa de perguntar. Só não faz sentido... Porque assassina? Você não a matou. — Hunter revirou os olhos acertando um tapa na cabeça do amigo. — Se fizer isso de novo eu quebro seus braços.

— Cala a boca, Aiken. — O mascarado ao meu lado murmurou arrancando um suspiro frustrado do Aiken, mas acabou seguindo sua ordem.

— Por que todos vocês não calam a boca? — Revirei meus olhos voltando a prestar atenção na paisagem.

— Não precisa falar nada, Calina. — Hunter disse e eu o encarei. De certa forma ele sempre me trás conforto, mas dessa vez eu me sinto meio irritada com seu olhar piedoso sobre mim.

Como se estivesse dizendo... "Oh pobrezinha, você tem o direito de ficar em silêncio pelo seu passado fodido". É óbvio que tenho direito de ficar calada, principalmente quando o passado fodido foi por causa deles. Puxei o ar com força sentindo quando meus pulmões se romperem.

— Não é como se eu quisesse contar algo a vocês. — Balancei os ombros escorando minha cabeça na janela e pelo reflexo vi sua expressão se fechar.

Como se em segundos a sua personalidade cuidadosa e carismática tivesse desaparecido e o lado sombrio dominasse.

— Não é como se você já tivesse contado algo. — Hunter disse como uma alfinetada. Levantei meu olhar para ele outra vez, deixando um sorriso bufado sair pelos meus lábios. — O que você tanto esconde, boneca?

— Um belo par de peitos. — Rapidamente seus lábios se curvaram em um sorriso maldoso e eu fechei os olhos me arrependendo.

— Isso não é segredo, Bunny. Todos nós sabemos o quanto seus seios são lindos. — Me afundei contra o banco passando meus braços ao redor do casaco. Posso quase me sentir nua na frente deles. — Esconde mais alguma coisa? Ah não, todos nós já vimos tudo, não é Aiken?

Aiken não poupou tempo soltando uma risada e eu pude sentir seu olhar passando por todo o meu corpo. Como se eu fosse um puta banquete em sua frente. Realmente é meu karma ter cedido para essa tríade pesadelo. Talvez eu fosse muito inocente quando tinha 17 anos, mas não agora. Agora quem tem o controle sou eu. Mesmo que eu já tenha perdido dez por cento dele horas atrás.

— Ah, eu já vi tudinho... Não é mais um segredinho. — Revirei os olhos percebendo a mudança no tom de voz de Aiken. Rouquidão e sedução passando por suas cordas vocais me trazendo arrepios.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZWhere stories live. Discover now