Nas Pontas Dos Pés é um livro que aborda assunto bem delicado.
Se você é uma pessoa frágil, por favor, não leia esse livro, não quero ser causadores de gatilhos para ninguém.
Em meios aos ensaios de ballet, Lúcia percebe que está sendo observada p...
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Uma vez eu li uma frase que dizia: "Aquele que se eleva nas pontas dos pés não está seguro" para mim aquilo não era verdade, eu me sentia tão segura nas pontas dos pés. Me parecia algo tão natural. Talvez por eu ser bailarina pensasse dessa forma.
O balé para mim era algo muito encantador. Minha mãe sempre me mandou me expressar, e essa foi a forma que eu encontrei para fazer. Através da dança conseguia transmitir as minhas tristezas e as minhas alegrias. Eu amava dançar enquanto meu pai tocava em seu piano. Eu e ele tinha uma harmonia tão grande. Nós não precisávamos de palavras para nos comunicar, através da música fazíamos isso perfeitamente.
Eu dançava desde muito menina, me apaixonei pelo balé clássico no momento que sub da sua existência. Eu amava as roupas do balé, me sentia tão feminina com elas. Lembro-me que era um sacrifício para mamãe conseguir tirar a minha roupa logo assim que eu chegava das aulas.
O ballet, ou simplesmente balé, é um estilo de dança que teve origem na Itália. A própria palavra tem origem italiana, no vocábulo “ballare”, que pode ser traduzido como “bailar”.
A dança exige muita flexibilidade, alinhamento e boa distribuição de peso. É por isso que, para dançar balé é necessário muito preparo físico, bem como uma alimentação equilibrada e adequada, principalmente antes das aulas, dos ensaios e das apresentações.
Sou apaixonada pelo balé, e se deixa-se falaria sem parar sobre o assunto. Na escola sempre fazemos apresentação no final do ano. O último foi o do Quebra-nozes.
O enredo da história é uma menina que se apaixona por seu presente de Natal — um soldadinho da tradição alemã, utilizado para abrir nozes — e vive sonhos incríveis na Noite de Luz. Este é o enredo em torno do qual gira O Quebra-Nozes, um dos balés mais célebres da história da dança e que desperta a imaginação de crianças e adultos nas festas de fim de ano.
A professora me chamou para eu fazer uma pequena apresentação, e logo comecei a dançar ao som de Lago dos cisnes.
O cisne é representado pela leveza dos movimentos dos braços da bailarina, as articulações dos pés, a posição da cabeça e o alongamento do pescoço. A encenação conta a história do Príncipe Siegfried que se apaixona por Odette, uma princesa transformada em cisne por um malvado.
Sempre amo fazer essa apresentação, Lago do Cisne é uma história tão linda. Sou uma romântica incurável, culpada, confesso.
Quando a professora encerra a minha apresentação, meus olhos à vista no canto da sala um garoto alto de pele cor de canela e cabelos castanhos claros. Eu já o vi algumas vezes. Ele sempre me parecia ser tão misterioso. E agora, lá estava me encarando com seus olhos castanhos marcantes. Fiquei hipnotizada naquele olhar.
Ele fala algo, porém por mais que eu queira escutar não conseguia. A distância entre nós dois não permitia. Ele estava todo de preto em roupa social com saxofone pendurado no pescoço.
— Rapaz, você está tirando a atenção da minha aluna, por gentileza, gostaria de se retirar para eu tê-la de volta? — A professora falou chamando atenção dele, quebrando o nosso contato visual. — Claro. Me desculpe por… — Não precisa. — me apressei em falar. Não queria que ele saísse. Se ele fosse, perderia a oportunidade de conhecê-lo melhor, e eu não queria perder. — A senhora já tem de volta a minha total atenção. Minhas desculpas. — envergonhada olhei para ele por debaixo dos meus longos cílios.
— Nesse caso, pode ficar… — Bernardo. — ele fez a gentileza de informar seu nome. — Bernardo, apenas tente ser invisível para que eu possa terminar a aula.
A professora Rose, pede com um ar de riso para ele. O que me deixa extremamente surpresa. Talvez a professora tenha sentido afeição por Bernardo.
Ele retribuiu o sorriso. E foi um sorriso muito encantador. Eu gostei.
