Capítulo 5

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Bernardo

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Bernardo

- Garoto hoje você completa 18 anos, né? Será que agora você finalmente vai virar homem? Porque sinceramente depois de adulto, continuar andando com aquele seu colega afeminado, não dá. - eu fecho o meu punho com força. Odeio quando ele falava de Estevão assim.
- Se você quiser sair, para conhecer algumas mulheres sei um lugar que faz um precinho muito bom. - ele continua com essa ideia de me levar para um lugar de prostituição, mesmo sabendo que isso era contra os meus princípios.
- Querido, não. Por favor, hoje não. - minha mãe suplicava com uma voz trêmula. Ela sabia que se ele continuasse falando desse jeito não ia acabar bem.
- Eu estou brincando. - disse com zombaria.

Eu me sentia um brinquedo de diversão para ele.

Sempre foi um esforço tremendo estar na presença do meu pai. Era um sacrifício árduo que eu fazia todos os dias para voltar para casa. O meu cérebro ficava torvelinho no esforço de escolher entre essa terrível decisão de voltar ou não. Volto a colocar na boca mais uma colherada de sopa, dessa vez engolindo com dificuldade. Não que a sopa estivesse ruim, porque modéstia parte, dona Angelina era uma excelente cozinheira. Ela conseguiu transformar as coisas mais simples em algo saboroso.

Ao colocar a última porção da tigela na boca, me levantei. Não suportava mais olhar para a cara deste homem, que fazia sua refeição com escárnio.

- Sente de volta.- ordenou meu pai, abusando de toda autoridade que tinha sobre mim.
Fiquei em pé na dúvida se obedeceria, e isso foi o suficiente para irritá-lo.
- Eu mandei voltar! - gritou batendo forte o seu punho na mesa, assustando a minha mãe.

Eu virei os meus olhos para o seu e vi o quanto ela estava assustada, tenebrosa.

- Claro. Me desculpe. - obedeci. Fiquei sentado com a cabeça baixa olhando para minha tigela já vazia, percebi que não era capaz de levantar o olhar para fitá-lo.

Sentia repulsa ao fazer. Como pode um pai despertar no filho todos os sentimentos que eu sentia para com ele? Lembro que nem sempre foi assim, apesar dele sempre ser rígido, era educado e respeitador com todos nós. Para mim aquilo era o suficiente, agora eu não conheço o homem que está comendo na mesa todos os dias comigo.

Discretamente olhei para minha mãe, que me olhou de volta de um jeito triste.

Logo após ser dispensado depois que ele terminou o seu jantar voltei para o meu quarto. E só sairia de lá quando ele já estivesse dormindo. Ele levantava cedo para trabalhar, então consequentemente dormia cedo também. O que era bom, pois assim eu poderia conversar com a minha mãe. Enquanto a hora não chegasse, fui ler um pouco a Bíblia.

Contudo, alegrai-vos por serdes participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também vos alegres e exulteis na revelação da sua glória...

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⏰ Last updated: Feb 03 ⏰

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