cap 47

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Winter narrando...

Terminei de me arrumar e fui até o carro. Entrei no banco de trás e esperei até que ele entrasse. Assim que deu a partida, foi em direção ao parque da cidade. O que ele faria lá? Estava de noite. Comecei a formular várias situações em minha mente do que podia acontecer.

1- Ele me abandonaria no parque, então eu precisava decorar todo o caminho.
2- Ele me mataria, o que era menos provável por conta de seu intelecto, porém, poderia ser possível, visto o histórico de tentativas de homicídio.

O tempo passou rápido demais e quando menos me dei conta, ele estacionou.

Tyler: Chegamos.

Falou e saímos do carro. Ele respirou fundo.

Tyler: Você não está usando sua gravata borboleta hoje.

Disse.

Eu: Apenas uso com as eres que mereçam ver minha incrível coleção de gravatas borboleta, que é bem extensa, contando com mais cinquenta exemplares.

Falei e ele revirou os olhos.

Tyler: Era pra sua mãe estar aqui. Não você.

Ele disse.

Eu: Vou fingir surpresa, porque não quero passar uma má impressão, por mais que não me importe muito com isso, prometi a minha mãe que seria educado, mesmo que você não mereça minha educação.

Falei.

Tyler: Ok. O que acha de... Tomar um sorvete?

Perguntou e eu assenti. Fomos até uma sorveteria e ele comprou o sorvete. Começamos a caminhar.

Eu: Já que estamos aqui, sugiro que conversemos. Por mais esdrúxula que essa ideia seja, é melhor do que um silêncio conflituoso e embaraçoso.

Falei.

Tyler: Ta. Também acho uma boa ideia. Tem alguma coisa que queira me perguntar?

Ele perguntou.

Eu: Por que me odeia?

Perguntei e ele suspirou.

Tyler: Começamos bem. Você quase matou sua mãe e matou sua irmã.

Falou.

Eu: Sabia que bebês quase não conseguem conter espasmos e movimentos? Isso pode ser pelo fato de ele precisar se mexer depois de sair de um lugar apertado onde seus braços e pernas ficam reprimidos guardando energia. Quando saem, esses espasmos podem ser reflexo de uma energia acumulada, ou... É apenas uma coisa estranha que bebês fazem.

Falei.

Tyler: Isso não vai me convencer de que você não é culpado. Muitas coisas aconteceram depois que sua mãe ficou grávida.

Falou.

Eu: Como por exemplo?

Perguntei.

Tyler: Sua mãe não é a mesma de antes. Ela... Mudou um pouco. Antes de você nascer, era só eu e ela. Ela... Era uma nerd, eu era o popular e nos dávamos bem. Mas depois que você nasceu, ela... Ela não é mais aquela garotinha nerd que conheci. Antes, eu tinha ela só pra mim. Agora? Não me agrada muito ter que dividir ela com você.

Falou.

Eu: Acho sua atitude um pouco infantil e egoísta. Todas as pessoas mudam. É um processo natural. As mudanças fazem parte da vida. E sobre dividir ela, acho que não está sendo honesto. Eu fico na escola e na biblioteca durante uma boa parte do dia, só falo com ela de noite se ela estiver em casa. Já você tem mais contato com ela do que eu.

Falei.

Tyler: Não é só disso que estou falando. Qualquer coisa é você. Mesmo que você não esteja em casa, os assuntos sempre são sobre você. Sobre o quanto é inteligente, sobre o quanto é esforçado, quando eu tento achar um assunto novo, eles tentam ligar a você. Isso não me parece muito justo.

Ele falou e eu pensei um pouco.

Eu: Você está com ciúmes, ou inveja da minha inteligência?

Perguntei um pouco confuso.

Tyler: Que? É isso que está pensando?

Perguntou um pouco zangado.

Eu: É o mais lógico.

Falei e ele suspirou.

Eu: Você fica com raiva por que eles falam de mim, mas eu não fico com raiva de você por dormir com minha mãe.

Falei.

Tyler: Porque ela é minha mulher.

Falou com raiva.

Eu: Também é minha mãe, mas nem só por isso eu fico agindo com egoísmo querendo ela só pra mim.

Falei e ele respirou fundo. O silêncio reinou no local por algum tempo. Não sabia se tinha deixado ele sem palavras, irritado ou as duas coisas.

Tyler: Sabe por que não te matei?

Perguntou.

Eu: Por que não conseguiria?

Perguntei.

Tyler: Não. Sua mãe nunca me perdoaria.

Falou.

Eu: É. Temos isso em comum. Eu não saio de casa porque sei que ela não aguentaria muito tempo sem mim.

Falei e ele riu.

Tyler: É uma piada, né?

Perguntou.

Eu: Não. Por que acha que ela ainda está tentando ter uma vida "normal"?

Perguntei e ele me olhou. O silêncio reinou no local novamente.

Eu: Você é inseguro.

Falei o olhando.

Tyler: Ah, é?

Perguntou em um tom que não consegui identificar.

Eu: Você quer proteger a mamãe, e por isso me odeia. Acha que eu vou machucar ela, mas você mesmo faz isso. Você está descontando todas as suas frustrações em mim.

Falei.

Tyler: Frustrações? Que frustrações?

Perguntou.

Eu: Era pra você ser líder de uma alcatéia, mas está aqui, se escondendo. A primeira vez que dormiu com minha mãe, ela ficou grávida de mim. Você tem raiva por não conseguir lidar com tudo isso.

Falei.

Tyler: Consegue ser menos racional e mais sentimental?

Perguntou.

Eu: Consigo, só não vejo necessidade neste momento.

Falei e ele suspirou.

Tyler: Tudo bem. Vamos pra casa.

Falou e nós entramos no carro. O caminho foi silêncioso até chegarmos.

Tyler: Você sabe onde a Caterin e o Juan estão? Tentei ligar pra eles, mas não consegui.

Perguntou.

Eu: Existe uma chance de 50% de eu saber disso.

Respondi.

Tyler: Você sabe?

Perguntou.

Eu: O que acha?

Perguntei e ele ficou em silêncio. Rodou a maçaneta e entrou.

Tyler: Que merda é essa?



...








o lobo e a humanaWhere stories live. Discover now