Capítulo 5

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*Ponto de vista da Laura 

Oh, meu Deus! Tinha uma arma apontada para a cabeça de seu Manoel! Lise no caixa parecia apavorada, a pobrezinha. Eu atrás do balcão com as mãos para cima, conforme o bandido havia ordenado.

- Vamos, morena... A grana! Passa a grana! - O assaltante falava, apontando sua arma ora para Lise, ora para a cabeça de seu Manoel.

Lise tentava, sem sucesso, abrir a caixa registradora.

- VOCÊ QUER QUE EU ESTOURE OS MIOLOS DESSE VELHO? - Ele parecia estar perdendo a paciência com ela.

Lise começou a chorar. Ele bateu com a arma na cabeça de seu Manoel, que caiu desacordado. Ela começou a entrar em pânico. Ai, caramba! Eu precisava fazer algo! Tentei sair de onde estava para ir até o caixa ajudá-la a abrir a caixa registradora. Aquele homem não parecia estar para brincadeiras.

- Fique paradinha aí antes que sobre pra você! - Ele me encarou, impaciente. Tinha os olhos vermelhos e não parava de se movimentar, inquieto. Certamente estava drogado.

Ele empurrou a Lise após acertar um soco nela. Ele acertou um soco na minha amiga!? Tinha sangue lá... Ela não parava de gritar... Ele apontou a arma para onde ela estava ao chão... Eu não acreditava no que estava acontecendo! De novo não! Eu não deixaria que matassem minha amiga como fizeram com meus pais!

- Não... Lise... - Eu não iria mais ficar onde estava, mesmo que aquele cretino atirasse em mim também.

Eu corri o mais rápido que pude em direção à Lise, mas meus passos pareciam estar em câmera lenta. Ela ainda estava longe demais... Ele olhou dela para mim, como se estivesse escolhendo em quem iria atirar.

Pow...

Imundo... Cretino... Saiu às pressas, sem levar dinheiro nenhum. Minha amiga sangrando ao chão... Sua vida esvaindo-se por aquele buraco de bala em seu peito... 

De repente a cena da morte dos meus pais estavam de volta em minha memória. Eu não pude fazer nada! Meu pai e minha mãe morrendo diante de meus olhos e eu incapaz de ajudar... Não faça isso comigo, Lise... Você também não! De novo, não!

Eu a abracei, implorando com todas as forças que ainda me restavam para que Deus não a levasse daquela forma. Minha alma chorava com profunda tristeza. O que eu fiz para merecer tanta desgraça à minha volta? Me leve então se eu sou o problema... Não a leve dessa forma... Ela não... Lise? ... Lise? 

Ela estava ficando mole e sua respiração se perdendo... Ela estava partindo! Eu podia ver a agonia da morte através de seus olhos revirados.

Desabei a chorar em cima da minha amiga. Misericórdia, Pai... Leve a mim! Rafael, eu sei que você está aí... Me ajude, por favor! Eu mal conseguia pronunciar as palavras, a dor era forte demais. 

Minhas lágrimas bombardeavam a roupa dela... Minhas mãos pressionavam o ferimento na tentativa de estancar o sangue... Quando eu senti algo sendo puxado de dentro de mim e um formigamento irradiando de meus braços em direção as minhas mãos. Cai sentada com a moleza que me tomou. Tudo começou a ficar turvo à minha volta...

- Laura... - A voz era fraca, mas era dela eu tive certeza.

- Lise? - Eu só conseguia ver uma forma borrada de seu rosto, mas ela parecia estar com os olhos abertos.

- Tá doendo, amiga!

Como ela estava falando se nem estava consciente há apenas alguns minutos? Será que Deus tivera misericórdia e autorizara Rafael a ajudar minha amiga? Seja lá o que tivesse acontecido, eu estava muito aliviada que ela estivesse desperta e falando.

Anjo Meu Where stories live. Discover now