Capítulo 5

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"...E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim." — As Vantagens de ser Invisível

Depois de ter passado praticamente a noite toda na biblioteca com o livro de curiosidades sobrenaturais — como eu tinha apelidado a obra que havia ganhado de minha mãe — na mão, eu estava praticamente acabando ele e tinha entendido tudo o que precisava sobre... Meu povo. Mas principalmente tinha decidido que meu próximo passo era voltar a minha casa para pegar alguns pares de lentes de contato e umas mudas de roupas, porém, para isso eu precisaria da autorização de Henry, o que eu estava indo buscar imediatamente em seu escritório que, por algum milagre, estava com a porta aberta por onde entrei imediatamente.

— Henry! — peguei ele distraído enquanto caminhava de um lado para o outro na sala.

— Gwen! A que devo a honra? — depois de saber a real idade dele, seu modo polido de falar fazia muito mais sentido.

— Eu meio que queria saber se eu podia usar seu carro para ir na minha casa pegar algumas coisas? — tentei ser o mais persuasiva possível, mas não tinha certeza se funcionaria, talvez fosse o caso de eu simplesmente sair escondida.

— Primeiro me diga uma coisa, você escutou algum pensamento hoje? Ou está tudo normal?

— Por mais incrível que pareça não escutei nada, tudo está em completo silêncio... Aliás, por que eu não posso ouvir nada? Eu perdi os poderes ou algo do tipo?

— Não! Mas você é muito nova nisso, provavelmente alguma emoção específica deve desencadeá-los e sem ela eles simplesmente somem, é claro que com o tempo nós vamos te ensinar a controlá-los sem precisar de nenhuma emoção — a ideia de ter poderes era muito incrível, quando eu via filmes ou lia livros sempre sonhava com isso, mas agora que tenho não sei se eu realmente preciso... — Ah e você pode sim sair, mas com uma condição, você vai ter que levar alguém com você, não costumo deixar novatos saírem sozinhos e você não vai ser uma exceção.

Uma babá era tudo que eu menos precisava no momento....

— Eu levo ela, tenho que passar na cidade para comprar algumas coisas mesmo, não custa nada ficar de babá — Noah falou surgindo magicamente na porta, ele parecia cansado, tinha olheiras enormes e seu cabelo na altura do queixo estava um pouco bagunçado, parecia que não tinha dormido nem metade da noite, provavelmente farreando por aí a julgar por suas roupas desarrumadas.

— Eu realmente preciso levar alguém? E principalmente, tem que ser ele? — ao meu ver eu podia perfeitamente ir sozinha, além do mais eu não gostava de Noah tanto assim a ponto de levá-lo a minha casa.

— Sim, não vou arriscar que alguém do conselho pegue você e corte sua linda cabeça fora, não me leve a mal, mas sua mãe me mataria.

— Você vem ou não? — o garoto moreno me perguntou pegando a chave do carro da mesa de Henry.

Sem opção alguma eu simplesmente aceitei e o segui por alguns minutos através do quintal onde alguns adolescentes treinavam uma luta corpo a corpo, é claro que eles nos olharam atravessado brevemente causando um pequeno reverbério em meu estômago, que passou quando finalmente chegamos até o carro preto de Henry, que para minha surpresa era nada mais nada menos que um Jeep meio sujo.

— De onde ele tira tanto dinheiro? — perguntei curiosa, apontando para casa que devia estar logo atrás de nós, mas havia sumido completamente... — O refúgio...

— Feitiço, Henry deve ter achado alguma bruxa que fizesse esse local sumir do mapa, e sobre o dinheiro, vamos dizer que quando se é imortal você tem bastante tempo para juntar uma boa quantia.

Do Fogo às CinzasWhere stories live. Discover now