4- c o r a z ó n

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Sinto falta do doce sabor da vida
Sinto falta das conversas
Estou procurando uma canção está noite
Estou mudando todas as estações
Maroon 5 (Maps)

⚜️

TANTAS PESSOAS PODERIAM ESTAR NA MINHA frente naquele momento. Um astro de cinema, por exemplo, ou algum cantor que eu gostasse. Se a vida fosse boa mesmo, quem estaria me encarando com diversão seria o Rudolf Nureyev, meu bailarino favorito; e não o cara com quem passei uma noite fazendo algo que eu nem lembrava. Mas cogitava.

Eu estava quase pegando Stuart e o colocando na minha frente, mas o que adiantaria? Ele era bem menor que eu. Estava tão nervosa que até cogitei a ideia de dar uma voadora em Matteo e correr, assim ele nunca mais visitaria seu primo por causa da amiga maluca.

— O que eu fiz para você, hein Deus? — murmurei sozinha.

— O quê? Fale mais alto, Lia — Breanna pediu irritada. Ela odiava quando falavam baixo.

Revirei os olhos.

Eu a amava muito mesmo, só isso explicaria o porquê de aturá-la.

— Eu disse: fiz um desenho sobre Zeus.

Minha irmã lançou-me um olhar estranho. Continuei com a expressão mais plena do mundo, como se eu tivesse dito algo super normal.

— E? — quis saber.

Olhei para Matteo, que estava segurando o riso. Minhas mãos tremeram para socar seu rosto bonito. Eu realmente estava muito nervosa.

— Estou puxando assunto. De repente todos ficaram calados. Queria que eu dissesse o quê? Algo como: "Vocês já comeram terra?". — Tentei me safar.

Ela me fuzilou com o olhar e eu encolhi-me. Simón riu e Matteo também. Stuart nos olhou confuso.

— Disse que nunca mais falaria sobre isso — despejou irritada e fez uma careta.

Uma vez Breanna me arrastou com ela a um dos eventos de caridade que a empresa do Simón beneficiava. Na época, ela estava chateada com ele e acabou bebendo mais do que deveria no evento. Quando Simón nos apresentou a um dos seus sócios, Anna perguntou aquilo para ele e sua esposa.

— Desculpe, Anna.

Para deixar claro que não aceitara minhas desculpas, ela virou o rosto para mim e saiu andando, misturando-se com as pessoas que preenchiam o espaço de sua sala. Deixei meus ombros caírem depois que suspirei. Ela era tão dramática e sensível. E o pior era que qualquer coisinha lhe tirava a paciência.

Ia atrás dela, mas Simón se ofereceu para ir em meu lugar. Ele foi sem nem me deixar protestar. Levou Stuart junto e me deixou sozinha com Matteo.

Um desespero tomou conta de mim quando o primo de Simón tocou meu braço, todavia, estranhamente não durou mais que alguns segundos.

Eu me sentia segura ao lado dele, e era no mínimo estranho quando eu mal o conhecia.

— Você não se lembra de nada, não é? — questionou extremamente calmo para alguém que fora esquecido.

Um dedo seu deslizou por todo meu braço esquerdo. Mesmo por cima da jaqueta, senti um arrepio intenso, como se na realidade ele estivesse tocando minha pele. Meu coração palpitou forte, assustando-me. Havia muito tempo que eu não sentia minha pulsação frenética por qualquer motivo que fosse.

— Não — respondi, preferindo ser sincera.

Estudei sua reação, pensando que ele ficaria ofendido. Contudo, quem ficou ofendida fui eu ao observar sua postura relaxando como se o peso do mundo tivesse saído de suas costas.

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