Parte III

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- Quando quiserem. Só têm que aqui estar por volta das 18 horas, para lhe darmos o jantar e o deitarmos. Aproveitem e divirtam-se. – responde Sofia, de sorriso no rosto.

O cabelo loiro encaixa perfeitamente no tom claro da sua pele. Para ser menos vulgar, tem uns olhos castanhos avelã, que complementam aquela beleza europeia. Somos da mesma altura, mas ela é cerca de três anos mais velha que Nádia e talvez seja esse pormenor que me aproxima tanto dela, por parecer uma irmã mais velha para mim.

- Obrigada. – formei um enorme discurso durante a noite, mas só consigo dizer "obrigada". Talvez seja tudo o que precise dizer neste momento, para que saibam que lhes sou grata pelo que estão a fazer por mim e pelo menino.

- Agradece à tua irmã, não a mim. Só estou a tratar da adoção dessa joia de menino.

Para não prolongar mais a conversa, Sofia despede-se e vira-nos costas, deixando-nos sozinhas com o menino.

- O que vamos fazer hoje? – a pergunta espanta-me.

- Pensei que tivesses um plano mais do que definido para o dia de hoje. – respondo, confusa.

- Preferi deixar isso para ti. O dia é para vocês, só vos vou acompanhar. Nada mais que isso. – afirma. – Aposto que tens um m0ontão de ideias para hoje, se te conheço bem. Não deixas nada por planear. Muito menos quando se trata da tua primeira saída com o teu filho. Estou errada?

- Bem... Eu tenho algumas coisas em mente, mas foi mais forte que eu. – confesso, meio envergonhada.

- Eu sabia. – responde a sorrir.

Sempre apreciei o sorriso de Nádia. Os seis anos que temos de diferença parecem não ser verdadeiros. Aquele belo rosto não tem uma única ruga, os olhos são no mesmo castanho que os meus, mas ela nasceu com o cabelo castanho chocolate, para ser mais parecida ao pai.

É mais alta que eu, mas quando usa salto alto parece que fica gigante. Nunca usa o cabelo muito comprido, mas eu sei que ficaria linda se o deixasse crescer até meio das costas.

No que toca a fazer planos, não somos nada parecidas. Enquanto gosto de ter tudo planeado ao mais ínfimo pormenor, ela detesta estabelecer planos. Só planeia algo que seja relacionado com o trabalho e mesmo assim detesta fazê-lo, por lhe dar demasiado trabalho. Sim, ela é uma pessoa bastante preguiçosa, apesar de ser uma grande advogada.

Ela sempre foi o meu modelo a seguir, se não fosse este grande fracasso que sou.

- E então? O que vamos fazer hoje? – pergunta, completamente derretida com o meu olhar de plena felicidade.

- Para começar, podemos dar um passeio pelo centro da cidade. Depois podemos ir almoçar ao nosso restaurante preferido com ele... Depois vemos o que mais poderemos fazer. – respondo, verdadeiramente entusiasmada.

É incrível como posso voltar a sentir-me feliz, mesmo que seja por pouco tempo.

- Tive uma ideia! – exclama, apanhando-me desprevenida. Ela nunca tem ideias, o que me deixa muito curiosa para saber o que vai sair daquela mente meio avariada.

- Podemos subir até ao topo da Catedral de St Stephen e apreciar toda a cidade. Penso que até o Enzo vai gostar de ver tantas casas e cores. O que me dizes? – para ser sincera, não estava nada à espera de uma ideia tão boa como a que acabo de ouvir.

- Pela primeira vez na tua vida, tiveste uma boa ideia e não engloba tribunais. Parabéns! – brinco. – Agora, vamos embora ou acabamos por passar o dia aqui e isso seria um grande desperdício de tempo precioso.

A AdoçãoWhere stories live. Discover now