Capítulo 1- Merda!

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Em todo esse tempo eu não consegui entender o que eu sinto quando o vejo, quando ele sorri com satisfação após uma tarde de treino pesado comigo, ou meu coração disparado quando ele diz que quer me ver numa noite qualquer só pra conversar e beber umas no bar perto da casa dele.

Eu realmente não sei, e tenho medo demais de descobrir a resposta.

Somos amigos desde o ensino médio, os pais dele me tratam como se fosse um filho mais novo. Desde a primeira vez que tia Mitsuki me viu, ela me adotou. Chega ser engraçado como tudo fluiu e cá estamos nós com 15 anos de amizade. Moro sozinho desde que minha mãe morreu, e meu pai foi embora aos 18. Sempre me senti muito sozinho e talvez por isso minha casa tenha as digitais dele, e o quarto de hóspedes o perfume amadeirado que ele usa há mais de dez anos.

Nos entendemos bem, quase que no automático. Nos dias que ele dorme aqui -tem acontecido mais que o habitual, e não, eu não estou reclamando. Eu acordo primeiro, vou correr como faço diariamente e quando volto o café está na cafeteira e ele no banheiro tomando um banho ou sentado a mesa depois de banhado lendo o jornal do dia -que eu nunca leio e só continuo a pagar a assinatura porque ele lê. Conversamos sobre tudo e depois ele segue pro trabalho e eu vou abrir a academia que consegui montar e administro com toda minha dedicação. Já virou rotina ele dormir aqui umas 4 ou 5 noites na semana, e por isso meus sentimentos tem estados mais bagunçados que o normal.

Aqueles olhos que parecem sempre cheios de fúria menos quando olha pra um cachorrinho perdido ou um um gatinho ferido na rua. O sorriso sempre discreto, menos quando é pra zombar da cara de quem ele acha conveniente encher o saco no momento. Os braços fortes mas não exagerados, com o abdome definido... Espera, quê?

Eu queria entender o motivo de reparar esse tipo de coisa nele. Afinal ele é bonito. Ele sabe disso, eu sei disso, até quem não passou nem trinta segundos reparando sabe também. Não sei dizer, mas ele é... Másculo! Isso, se tivesse que definir Katsuki Bakugou em uma palavra seria essa: másculo!

Aquela risada gostosa de quando vemos um filme de terror que ele odeia e eu também mas me obriga a assistir com ele desde sempre apenas pra ter o prazer de mostrar as falhas de um roteiro meia boca ou só comer pipoca mesmo.

Eu o conheço melhor do que a maioria, e temos a melhor amizade que eu poderia desejar... Mas vamos combinar que tem coisa demais dentro do meu peito quando ele chega perto, coisas que acredito que não deveriam estar aqui.

Semana passada mesmo, ele derrubou um pouco do café na roupa por ter se distraído com o jornal, claro que eu zoei até a vigésima geração dele e ri descontroladamente com os olhos fechados e lagrimas insistentes desceram pela minha bochecha, isso até o jornal inesperadamente bater em minha cabeça e eu abrir os olhos. Porque eu fiz isso?! Ele já tinha tirado a blusa social praguejando aos quatro ventos que a culpa era minha, e estava puxando a calça me deixando ver o comecinho a cueca box vermelha e... "Merda!" foi a única coisa que consegui dizer quando o sentimento confuso voltou. Meu estômago estava estranho e eu virei em direção a porta da sala já saindo sem me despedir.

E só consegui ouvir um Bakugou confuso perguntar baixinho "Que foi, não vai passar uma hora colocando esse cabelo de merda a cima hoje não? Eu pensei que era sua marca, e..." Não ouvi mais nada, corri até a academia e só soltei o ar que nem notei que tinha prendido quando me vi sozinho encostado a parede de frente ao espelho da sala de crosfit. E pela segunda vez eu só consegui dizer:

-Merda!

Sentimentos Conflitantes - KiriBakuWhere stories live. Discover now