Capítulo 2- Chiclete de Menta

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Os dias passaram e eu achei melhor me distrair com o trabalho, dando faxina na casa, lavando roupa ou até jogando no telefone, pra não pensar nesse turbilhão de coisa que entrou na minha cabeça sem pedir permissão. Parece que uma parte se alojou no estômago e outra foi pro meu peito, já que toda vez que eu penso em pensar no Katsuki todo meu corpo responde ficando estranho.

Comecei a evitar ele, você leu isso? ESTOU EVITANDO MEU MELHOR AMIGO PORQUE EU ACHO QUE EU TÔ... Esquece, isso não é nada. Eu que devo estar carente e precisando achar alguém pra me fazer companhia além do Bakugou, já que eu não saio com ninguém há muito tempo, tempo demais pro meu gosto.

Deve ser isso, eu o vejo com frequência, e criamos uma rotina. Nossa amizade deve ter evoluído pra uma irmandade e eu fico aqui me sentindo desse jeito com ele. Quase estragando tudo que conquistamos com nossa amizade.

Tudo que ele me ajudou a superar, a perda da minha mãe, o distanciamento do cara que me fez -nunca poderei chamar aquilo de pai outra vez, a depressão, as minhas notas que me faziam perder a vontade até de ir pra aula já que só não eram mais baixas que minha dignidade quando tive que implorar pro Bakugou me ajudar, os problemas de bebida do pai dele, o término dele com aquela garota lá, acho que era Urataka... Umanada... Ultrajada.... Ah, sei lá. Ele sofreu menos do que achei, aliás um relacionamento de dois anos acabar do nada e ele não dar nenhuma explicação do porquê é no mínimo estranho. Mas enfim, nós superamos muita coisa juntos e eu preciso entender o que eu tô sentindo. Fugir não vai adiantar e eu sei, porém não sei o que fazer também.

Enquanto eu pensava a minha sócia chegou, ela é um anjo em forma de gente e também a conheci na escola. Aliás, ela apareceu na minha vida antes de me transferir pra escola do Bakugou, somos amigos desde que me entendo por gente. Talvez ela me ajude se eu conversar com ela... Não! Ela pode me julgar, mudar comigo, vai que ela acha que sou... É, não da, eu não tô pronto pra perder a Mina logo agora que posso perder minha amizade com o Bakubrô também. Vou conversar como quem não quer nada... Disfarçadamente. Ela nem vai se ligar que eu tô passando esse aperto.

-Bom dia Eijirou, como passou a noite? -Ela perguntou mais distraidamente impossível mascando o chiclete de menta favorito do Bakugou -droga, ele tá na minha cabeça de novo. E verificando suas redes sociais ao mesmo tempo.

-AAAAAH MINA HAHAHAHAHA MUITO BEM HAHAHAHA E VOCÊ TUDO BEM? COMIGO ESTÁ TUDO PERFEITO VOCE NEM FAZ IDÉIA HAHAHAHA TUDO MUITO MÁSCULO POR AQUI!!

Mina arregalou os olhos e me olhou estranho, será que ela percebeu que há algo errado? Não, impossível! Eu sou ótimo escondendo meus sentimentos, ela não sabe.

-Olha Eiji, por que não conversamos depois do expediente naquele bar que você me levou uma vez no aniversário do Bakugou? Acredito que seria bom pra você, quase não tem saído de casa, e de qualquer forma você tá com alguma coisa aí entalada. Se não for um problema, você quer me chamar pra sair. É isso? Finalmente você descobriu meus encantos femininos? -disse ela piscando e fazendo uma bola com o chiclete que estourou logo em seguida me assustando.

Não era isso, eu precisava dela como amiga mas como que explica isso sem estragar nossa amizade ou magoando ela? Ah mas que merda! Bakugou quando eu conseguir te olhar de novo sem meu peito pular de excitação eu garanto que eu te mato com minhas próprias mãos!

-Não Mina, quê isso... Eu só te dei bom dia. Da onde tirou isso tudo? Você sabe que somos amigos e...

Ela me cortou com uma gargalhada alta, eu não entendi nada, fiquei esperando ela se endireitar na mesa pra poder me explicar o que estava havendo. A gargalhada cessou e...

-Eiji, eu te amo exatamente por isso. Você é inocente e não percebe as coisas... Vamos sair mais tarde e você me explica, deve ter alguma mulher mexendo com seus sentimentos já que tu tá tão nervoso que quase acreditou que eu pudesse estar realmente dando encima do meu melhor amigo da vida toda.

Continuei ali. Parado. Respirando. Absorvendo tudo que aconteceu antes das 7 da manhã até que ela saiu em direção a sala dela, e um barulho ecoou na minha cabeça me tirando do transe. Uma musica. Ei, eu gosto dessa música -pensei. Ah, meu celular. Óbvio. Depois de quase dois minutos encontrei ele. Fui com toda animação que eu tinha e então meu sorriso se dissolveu em desespero. Eu nem sabia a razão, isso era ridículo. Olhei de novo o visor e lá estava "Bakubrô ligando" nem me pergunte a razao, EU NAO SEI, mas eu queria fugir e deixar o telefone lá- junto com todo meu nervosismo. Até que parou de tocar. O telefone, o motivo pro meu surto, parou.

E eu respirei novamente.

Apenas por míseros segundos já que um barulho alto foi ouvido dali mesmo onde eu estava e não precisei de muito pra saber quem era, Katsuki começou a gritar da porta mesmo como se todas as pessoas presentes na academia precisassem saber sobre minha falta de coragem de ficar frente a frente com ele.

Quase infartei.

-MAS QUE PORRA CABELO DE MERDA, POR QUE NAO ATENDEU O CARALHO DO TELEFONE QUE ESTÁ EXATAMENTE NA TUA MÃO? TA ME EVITANDO HA CINCO DIAS E EU TÔ POUCO ME FUDENDO QUE VOCE TÁ TRABALHANDO, COMENDO ALGUÉM, OU SALVANDO O MUNDO, QUERO UMA EXPLICAÇAO AGORA ANTES QUE EU EXPLODA TUDO ISSO AQUI.

E foi assim que eu quase fiquei sem ar ao ver um Bakugou ofegante, elegante e suado cheirando ao perfume que eu gosto tanto parado na minha frente exigindo respostas -que eu ainda não poderia dar. Qual a razão disso tudo? Nem eu mesmo sei. Tá, eu acho que sei... Mas ainda não estou pronto pra dizer em voz alta.

Sentimentos Conflitantes - KiriBakuWhere stories live. Discover now