Capítulo 4- Desabafo

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O dia passou normal, eu não pensei muito a respeito de tudo o que ando sentindo. Quando vi já tínhamos fechado a academia e esperávamos o Katsuki que atrasou meia hora.

Katsuki: Porra, foi mal aí. O trabalho atrasou, mas eu cheguei! Vamos encher a cara que preciso disso. Vamos Cabelo de merda, oi Ashido... Achei que você teria ído embora pelo horário.

Kirishima: Mas que merda Bakugou, custava ligar pra avisar? Teríamos te esperado lá no bar mesmo.

Katsuki: Eu sei que teriam. Vamos?

Mina: Oi Bakugou. Vamos!

Ela disse sorrindo mas aquele sorriso não enganava ninguém, ela ainda iria querer conversar comigo e eu sabia que depois de três ou quatro doses eu diria tudo. Até o que não deveria, e Katsuki estaria no mesmo ambiente que eu. Então decidi que não beberia nada, e tinha o álibi perfeito: o carro.

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Chegamos no bar tranquilamente e enquanto Katsuki estacionava Mina me puxou um canto e cochichou só pra mim que iríamos conversar hoje mesmo e que ela já tinha quase certeza que sabia a razão da minha "estranheza".

Kirishima: Então Brôs onde vamos sentar?

Mina: Tem uma mesa ali, mas parece que tá reservada. Ela seria ótima.

Katsuki: É, essa mesa é nossa. Liguei mais cedo. Sei que você gosta dela Kirishima porque não fica nem muito escondida, nem muito aparente...

Um Kirishima muito corado respondeu antes de olhar pra baixo parecendo achar os dedos dos pés a coisa mais maravilhosa do mundo: Ah, tá... Obrigado então? Vamos...

Uma Mina muito confusa olhou de um pro outro e não disse nada.

Ah merda, Mina percebeu. Ela vai sacar... Eu preciso conversar com ela antes que entenda tudo errado.

Fomos pra mesa e quando ia sentar percebi Katsuki mais enfesado que o normal olhando pra dois caras que estavam mais entretidos em rir e conversar do que perceber qualquer um ao redor deles. Pareciam mesmo numa bolha particular. O primeiro tinha olhos e cabelos verdes, com sardas pelo rosto e um sorriso lindo. O outro tinha curiosamente os cabelos divididos ao meio em platinado e vermelho intenso com olhos heterocromaticos e um sorriso crescendo no canto da boca. Eles eram atraentes sem dúvidas, mesmo não estando nesse time a muito tempo. Só que não entendi a verdadeira razão do Bakugou estar olhando com a cara fechada dessa forma.

Ah não, que merda! Será que ele é homofóbico? Isso piora toda minha situação. Sem me deixar pensar demais e acabar pirando, Mina pigarreou e chamou o garçom, pediu três cervejas antes que eu pudesse negar e só disse que uma só não me faria mal. Bom, fez sim.

Quando vi eu estava dançando sensualmente agarrado com minha melhor amiga depois de mais uns seis ou sete copos de coisas que "não me fariam mal", e um Bakugou muito próximo encostado no balcão de bebidas intercalava em olhar pra mim e pro casal que ainda não tinha nos visto e eu duvidava que veriam.

Aquilo estava me dando nos nervos, o que era tão interessante naquela mesa afinal? E qual a razão de Bakugou sempre me afastar quando eu chegava a menos de dez metros deles?! Uma sensação estranha crescia no meu estômago, eu já estava me acostumando com essas sensações que sentia ao lado dele, mas essa era diferente. Eu ainda não tinha sentido nada parecido, uma dor no meu peito e acabei me irritando.

Kirishima: Mina, pode ficar aqui rapidinho? Vou ali falar com o Bakugou e já venho.

Mina: Kiri, acho melhor conversarmos antes disso o que acha? Ela disse da forma mais terna possível e eu vi naquele momento que ela já sabia. Só acenti com a cabeça e fomos pra parte aberta do bar, pra fumantes. Era mais escondida e o som quase inexistente, o ambiente perfeito pra aquele tipo de conversa.

Kiri... -Mina disse segurando minhas mãos após me sentar em uma cadeira e olhar tão penetrantemente em meus olhos que quase acreditei não precisar dizer mais nada, minha alma havia sido lida naquele momento. E eu não consegui responder. A puxei pra um abraço e desabei em lágrimas, eu não conseguia dizer nada e acho que não precisava. "Kiri, é o que eu tô pensando?" eu concordei enquanto lagrimas rolavam do meu rosto...

Depois de uns cinco minutos em silêncio ela começou:

-Entendo seu medo, sei que será difícil Eiji mas você precisa conversar com ele a respeito. Guardar pra você ou se isolar da forma que tem feito só vai piorar tudo. Merda, ele é seu melhor amigo vocês vão se resolver de uma forma ou de outra. Ele te ama, como eu amo e não vai se afastar por isso.

-Esse é o problema! Eu acho que não quero que ele me veja como você me vê Mina... Entende? É diferente e eu nunca senti nada parecido. Porra, tenho 30 anos e nunca passei de seis meses em nenhum relacionamento... Deveria saber que o problema não estava nelas. Não sei quando isso começou, e eu daria tudo pra parar... Não por ele ser homem, mas porque é ele. Eu não imagino minha vida sem ele Mina, nós somos família. Eu passo todo feriado com tia Mitsuki fazendo aquela comida maravilhosa dela e rindo no sofá com o Bakugou, ele entra e sai da minha casa a hora que bem entende e eu não vejo problema nenhum nisso. Ficávamos só de cueca assistindo filmes horríveis e tava tudo bem, só que agora eu não consigo nem sentir o cheiro dele sem que meu corpo responda imediatamente e não estou falando só do arrepio na minha pele. Sabe, queria poder esquecer isso, manter tudo como tá e querer outra pessoa. Eu definitivamente não deveria se bebido Mina Ashido é a culpa desse meu surto é sua. Você me paga.

Mina sorriu novamente de uma forma doce, mas depois aquele sorriso se transformou em malícia pura e se eu não estivesse tão bêbado sairia correndo porque já prevejo que vou me meter em merda.

-É ISSO! -Ela gritou a plenos pulmões. Você precisa de outra pessoa, qualquer uma. Sabe, gostos diferentes, boca na boca, pele na pele, mão naquilo e aquilo na mão.

Quando vi já era tarde e estava sendo arrastado de volta a pista de dança por uma Ashido bem entusiasmada e empenhada em me fazer conhecer alguém por aquele bar.

Deus me ajude! -e foi só isso que consegui dizer.

Sentimentos Conflitantes - KiriBakuWhere stories live. Discover now