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Eu tinha acabado de chegar da escola e esperava minha mãe, como todos os finais de semana

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Eu tinha acabado de chegar da escola e esperava minha mãe, como todos os finais de semana. Percebi que alguns pingos de chuva caiam, então peguei um guarda-chuva, apesar de quase nunca terem chuvas fortes na cidade.

Quando chegamos a uma rua onde estavam diversos dos meus familiares, logo todos vieram pra cima de mim quando sai do carro. Eu amava essa parte, eles falavam do quanto eu cresci, me elogiavam e mostravam o quando sentiam minha falta. Eu amava minha família, não por ser um laço de sangue, mas sim por ser a família que eu escolhi pra mim.

Bom, eu disse quase nunca. Os pingos de chuva se tornaram longas e grossas cachoeiras de água gelada, quando vi já estava ficando ensopada. Todos saíram correndo para se organizarem nos carros, pensei que iamos pra casa mas minha mãe me explicou que uma chuva como essa poderia ser prejudicial pra vários pontos da cidade e que deveríamos checar

━ bora! eu não vou levar criança catarrenta nenhuma pro hospital se ficarem resfriados, já aviso ━ tia vanessao gritou.

No carro eu fiquei ao lado do lucio, a companhia dele fazia bem. Apesar do que todos diziam, algo de bom devia ter nele. Nós já haviamos conversado antes, acho que posso nos considerar amigos agora e eu tenho que dizer que ele é muito divertido

━ chiara, saca só! ━ ele pegou uma lanterna da mochila dele e começou a fazer caretas com o rosto em cima da luz ━ buuuhhh!!!

━ ai que susto, seu cara feia!

ele soltou uma gargalhada, provavelmente feliz em me assustar, talvez eu queira retirar isso de ele ser divertido.

━ chiara, você sabia que os zumbis estão a solta? ━ ele perguntou

━ não, não tem zumbis aqui

━ claro que tem! ━ ele colocou a lanterna debaixo do rosto e fez uma voz de narrador ━ durante a chuva forte, ao anoitecer e apenas no anoitecer de hoje, os zumbis saem de suas tumbas geladas e sujas. Eles rastejam pela água das ruas e você sabe o que eles querem? ━ ele fez uma pausa dramática antes de responder a própria pergunta ━ comer os pés de garotinhas loiras AAAAARRRHHH!!!!

Ele gritou e se jogou em cima de mim fingindo ser o zumbi, eu gritei junto com ele pelo susto mas quando vi estava rindo porque ele me fazia cócegas.

━ para!! ━ eu gritava com lágrimas nos olhos se tanto gargalhar, meu "pedido de socorro" não parecia tao legítimo.

━ isso aí vai dar uma merda ━ ouvi ivete dizer do banco da frente e tive certeza que ela apontou para nós no baco de trás com o dedão enquanto dizia

━ ivete! ━ minha mãe, que estava dirigindo, deu um tapa de leve em seu braço

━ que foi, mulher? to falando a verdade, oh

Quando chegamos na rua onde ficava o hospital eu já não me sentia tão assustada pelos diveros raios lá fora. Já o hospital não estava tão bem, os médicos corriam de um lado para o outro sem saber o que fazer, a luz de alguns quartos tinham acabado e a fila de pessoas que buscaram o lugar para se abrigar da chuva era enorme, eles estao lotados e sobrecarregados.

Um médico tentou nos explicar o que acontecia mas eu particularmente, não entendi nada. Por fim, nos abrigamos em um estacionamento. Eu fiquei feliz por estarmos juntos no fim de semana mesmo com a chuva atrapalhando os planos iniciais.

━ mãe, onde tá o teddyo? ━ eu duvidava muito que minha mãe e ele se desgrudassem, achava estranho que ele não estivesse aqui. Ela fez sinal para que conversassemos em um canto. Quando isso foi do "dia de passeio em família" pro "dia de conversa séria em família" ?

━ Teddy não pode vir porque a filha dele acabou nascer. Ele teve que ficar com ela no hospital, você sabe, recém-nascidos são frágeis. ━ Apenas afirmei com a cabeça quando ela terminou de falar, sinalizando que entendi. Se essa fosse a minha mãe dos antigos relacionamentos ela teria jogado um de seus saltos nele por passar um dia com a filha e a ex invés dela, mas não. Quando ela falava de Teddy ela era leve, parecia genuinamente feliz, mais feliz do que quando falava de mim e sobre todas as vezes que eu aprontei. Eu não sei se isso me deixava feliz ou triste.

━ Sabe, chiara... ━ ela parecia tentar encontrar as palavras certas antes de continuar ━ Eu e Teddy estávamos conversando, não sobre agora mas sobre um futuro. Um futuro próximo ━ minha mãe parecia falar em códigos enquanto sorria boba, talvez estivesse lembrando da tal conversa, novamente, não sabia se aquilo me agradava ou não.

━ Eu e ele estamos pensando em casar. ━ ela soltou e eu praticamente me engasguei com ar

━ O QUE? CASAR? ━ eu gritei alto o suficente para que algumas cabeças do grupo de pessoas a frente virassem ━ ele vai morar com a gente? ━ eu esperava que não. eu não tinha espaço no meu quarto praquele cara gigante e uma possível criança.
meu deus, como eu iria cantar no chuveiro sabendo que tinham estranhos em casa? eu nunca mais ia cantar no chuveiro?

minha mãe tentou me acalmar dizendo em voz lenta que nossa casa era grande mas tudo que eu pensava era que talvez ela tenha comprado uma casa só pra isso.

━ o que você acha disso? sabe que você pode me contar tudo né? ━ aquilo não era tão tranquilizador mas eu aceitava qualquer palavra de carinho naquele momento

━ se você tá feliz, eu também tô ━ aquilo pareceu deixá-la mais animada ainda. o que é estranho, porque eu fiquei mais triste ainda.

Minha tia alicia estava grávida de gêmeos, era um sinal que a família aumentaria de novo. isso me deixou mais feliz e me fez sentir um tipo de bem estar, eu adorava meus primos.

de repente minha visão estava turva e eu tossia. a sirene da cidade tocou e todos voltaram para seus carros, afim de achar outro lugar seguro da tempestade - ou seja lá o que estivesse causando tanto pânico - tudo que queria era sentar e chorar.

I'm Chiara ─ Chiara GiornoWhere stories live. Discover now