⚖ 13 || PAINS ⚖

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Boa Leitura!

“Quando a nossa zona de conforto vai estreitando, somos impulsionados a mudar... quem não muda, acaba sufocado.”

~ Rosicleide David

JUNGKOOK

     Embora Sarangi tenha sido figura carimbada em minha vida por pelo menos dezessete anos, chega a ser irônica a forma que reagi ao ter a notícia de sua passagem. Estou acostumado a lidar com casos assombrosos, do tipo que me surpreendo o quanto o ser humano é cruel, mas não fui capaz de lidar com uma morte natural e de certa forma esperada.

     Quando o enterrei, já estava conformado, mesmo que o coração ainda estivesse mergulhado em meio a dor. Esse é outro ponto curioso, consigo suportar dores físicas por mais intensas que sejam, mas nenhuma delas se compara à que senti no instante em que o hospital me ligou.

     Somente o abraço de minha mãe foi capaz de me confortar, além da conversa sincera e cheia de afeto que tive com meu padrasto. Senhor Park não se tornou um porto seguro apenas para a mais velha, ele entrou em nossas vidas preenchendo até mesmo o vazio que tentei esconder pelos anos de ausência paterna.

     Minha mãe sempre foi guerreira, enfrentou o mundo e aguentou muita humilhação para ter a estabilidade que tem hoje. Assumiu ambos os papéis em minha criação, mas ainda sim a ausência paterna me marcou.

     Não tive um pai ao entrar na puberdade.

     Não tive a figura masculina para explicar as mudanças em meu corpo, mente e personalidade.

     Aprendi com ela, mas não do ponto de vista que talvez fosse necessário.

     A culpa jamais foi dela, embora a sociedade imponha que assim seja. Inúmeros rótulos foram colocados sobre nós dois, mas nenhum deles me atingiu, ao menos não até o instante em que aprendi a nos defender.

     Não me envergonho pelo tratamento que recebo até hoje, mesmo que poucas pessoas tenham contato com esse lado mais sensível. Senhora AeCha é a única que me desarma com um simples sorriso ou lágrima, tal como transforma qualquer tempestade em uma leve brisa.

     Me forçar a vir para casa de campo foi sua maneira de manter os olhos sobre mim e me obrigar a descansar, e confesso que precisava de sequestro para acalmar minha mente. Enterramos Sarangi e fizemos um belo memorial, por alguns minutos me senti uma criança desprotegida, carente de um abraço materno para trazer de volta a sensação de segurança.

     Após o jantar ela me acompanhou até o chalé, e perguntou as razões pela qual preferi me manter longe da casa principal. Isolado em meu canto consigo deixar a mente em ordem, afinal não preciso lidar com olhares de pena ou sentir que não tenho controle de mim mesmo.

     No entanto, minha inquietação despertou a atenção de quem eu menos queria ver, pois a vergonha ainda me consome ao relembrar a forma que o tratei. Deixei meu descontrole cair sobre quem não tinha nada a ver com minha dor, mais uma prova de que ainda não fui capaz de me disciplinar por completo.

     E mais uma vez Jimin fez com que eu parecesse um idiota, provando através de uma simples conversa a maturidade que pré-julguei. O relato de sua perda me ensinou uma valiosa lição, a dor será forte por um tempo, mas aos poucos se transforma em saudade e boas memórias.

     Não consegui dormir durante a noite, apenas fiquei deitado na cama, virando de um lado para o outro na tentativa de encontrar uma posição confortável. O relógio marcava pouco mais de cinco da manhã quando ouvi os passos pelo assoalho da entrada, e contei os segundos até sentir o toque suave de minha mãe.

END GAME ⚖ JIKOOK || KOOKMINDove le storie prendono vita. Scoprilo ora