Amor em uma fotografia

Você está atrasado!

Segundo uma pesquisa rápida na internet coragem vem do latim coraticum e do francês cor-age que é a capacidade, muitas vezes tida como virtude, de agir apesar do medo, do temor e da intimidação. Deve-se notar que coragem não significa a ausência do medo, e sim a ação apesar deste.

Mesmo estando ali, agindo como se não estivesse a ponto de entrar em pânico eu não me sentia nem um pouco corajoso.

-Eu tenho três gatos, normalmente todas as minhas camisetas que eu uso para ao Força Jovem tem alguns pelinhos dessas minhas criaturinhas.

-Três gatos? –Perguntei surpreso. –Minha mãe odeia gatos, ela os espetaria e colocaria na churrasqueira.

-Sua mãe é um pouco macabra, não acha?

-Ela é um amor de pessoa, é que você não a conhece. –Falei sorrindo.

-Espero conhecer então a sua rainha de cabelos ruivos, João. –Ela começou a rir e eu também, quando percebi o fato de que ela sabia o meu nome, mas eu não fazia ideia de qual era o seu.

Abri a boca para perguntar, mas seu celular começou a tocar, olhei ansioso para ela, quem sabe alguém finalmente tenha dado por falta de nós dois e conseguido ligar?

-Não é uma ligação. –Ela falou desolada. –É só o meu alarme. –Sua expressão era incrivelmente triste ao som de Ed Sheeran.

We keep this love in a photograph...

-Nós mantemos este amor numa fotografia... –Sussurrei em tradução da música.

-Na verdade, nós estamos mantendo esse amor dentro de um elevador. –Ela disse e soltei uma gargalhada.

Nós dois começamos a rir, a piada nem era tão boa assim, mas a risada da Obreira que estava a minha frente era tão boa de ouvir que eu sentia vontade de rir ainda mais.

-Acho que essa pode ser a nossa música. –Falei quando nos acalmamos.

A Obreira sorriu para mim e as luzes do elevador se acenderam.

Um estralo enorme e o elevador começou a subir:

-Nos encontraram! –Ela sussurrou e ficamos de pé. O elevador subiu calmamente até o terceiro andar e abriu as portas.

Vários seguranças e alguns Obreiros estavam ali e nos olharam assustados.

Eu sai de lá e enchi meus pulmões de ar.

Definitivamente eu era a pessoa mais sortuda do mundo.

Olhei para o lado onde havia alguns médicos que mediam a pressão da Obreira e davam um copo com água e açúcar para a garota.

Me perguntaram se eu estava bem e eu só concordei com a cabeça.

Na verdade eu estava incrivelmente atrasado!

Corri até o evento e assim que eu cheguei o Obreiro Isaque veio até mim:

-JOÃO, JÁ ESTAVA ACREDITANDO QUE VOCÊ TINHA SIDO ARREBATADO! –Abri a boca para tentar explicar a minha situação, mas o Obreiro não permitiu. –Vá para a sua posição, não podemos perder os melhores momentos desse evento. Depois conversamos!

Revirei os olhos.

Ai, desculpa por eu ter ficado preso no elevador!

Por alguns instantes eu até fiquei bravo, mas ao estar ali, no meio de todas aquelas pessoas, na presença de Deus, fazendo o que eu mais amava, eu esqueci qualquer problema facilmente.