Piloto 「・」

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Fiquei pensando durante horas por onde começaria a contar essa história. Acredite, já até tentei iniciá-la a partir do final, mas isso não deu muito certo. Depois de gastar todos os meus neurônios, entendi que o correto é contá-la do começo.

Óbvio? Sim, mas eu queria ser poético — algo que também não deu muito certo.

Acho que tudo começou naquela maldita tarde de sexta-feira, 28 de setembro, quando cheguei em casa e Lydia não estava lá.

Ah! Estou indo muito rápido, muito rápido.

Deixe-me te contextualizar, primeiro.

Depois da fuga de Monroe — há exatos dez anos atrás — nossa alcateia teve de seguir caminhos diferentes. Nós não deixamos de conversar ou de ser uma alcateia, não, não mesmo, só tivemos um contato bem regrado e começamos a investir em nossas próprias vidas.

Eu, por exemplo, fui para Washington completar meu curso no FBI.

Não foram tempos fáceis, mas também não foram tão difíceis como os seis anos conturbados que vivi em Beacon Hills. Tinha aulas, treinamentos, estágios, entre outras coisas.

No terceiro ano do curso, eu e Lydia decidimos morar juntos. E deu muito certo! Havíamos mantido nosso namoro mesmo nos encontrando apenas em datas festivas ou em chamadas de vídeo, e, quando ela teve uma ótima oportunidade de fazer estágio em Washington, não desperdiçamos a chance.

Com o dinheiro de nossos pequenos trabalhos, compramos nosso primeiro apartamento.

Não era luxuoso; tinha apenas dois quartos, um banheiro para visitas, sala e a tradicional cozinha americana. Pequeno? Sim, mas era mais do que suficiente para um casal.

Vivemos assim por dois anos, até que, depois de minha formatura, fui enviado pelos quatro cantos do Estados Unidos para concluir pequenas operações.

Acho que aquele foi o ano mais maluco que vivi.

Fui acompanhado por Lydia que sempre encontrava um trabalho na região que morávamos e me ajudava na resolução dos casos, os quais eram curiosamente sobrenaturais.

Sério, todos envolviam alguma criatura não-humana ou metade-humana. Era incrível! E eu nunca entendi o porquê.

Durante uma operação no alasca, encontrei Felton.

Eu já sabia que o FBI teria várias criaturas sobrenaturais como agentes, mas não esperava que, entre elas, estaria um Wendigo.

Andrew "Gary" Felton era um sujeito não tão alto — com apenas um metro e noventa —, cabelos loiros, olhos azuis e a característica pele avermelhada dos americanos; Eu juro que quando esse cara envelhecer ele vai ser a cara do Donald Trump!

De início, nossa relação foi relativamente tranquila: ele era recém-formado como eu, sabia do sobrenatural como eu, havia sido feito de escravo pelo FBI nos últimos seis meses como eu e era parte da equipe de investigação de desaparecimentos de crianças que estavam frequentes na cidade como eu.

Porém, numa troca de tiros que tivemos com os sequestradores em questão, ele recebeu três tiros no braço e... bem, matou o agressor.

Fazendo-o em pedacinhos.

Urgh, dá nojo só de lembrar!

Depois daquele dia, eu tive medo. Convenhamos, não tenho um passado muito agradável com essa espécie e não estava disposto a ter de lidar com ela.

Infelizmente, o FBI não sabia disso.

Assim que concluímos o caso, recebi uma notificação de que Andrew Felton seria meu assistente de investigação no ano seguinte.

Raiz de BabelWhere stories live. Discover now