Você que lute, Jeon Jungkook!

Prólogo: Eu que lute!

— Anda, Jeon! Me dá logo esse celular — ela me pedia pela milésima vez, com a carinha emburrada.

— Deixa eu ver aquela foto que tirou ontem primeiro, desbloqueia rapidinho aqui, Ana!

— NÃO, JEONGGUK. Eu tô atrasada pra ver o Matt.

Opa.

— Ver quem? — perguntei, ainda com o braço erguido, deixando o celular inalcançável para ela.

— Matthew, por quê?

— E vai ver ele por que, posso saber?

Ela gargalhou ao ouvir minha pergunta, ela não tem um pingo de consideração por mim.

— Não, oras... que pergunta.

Ana é a minha colega de quarto há dois anos e meio, e bem, talvez eu a veja de uma maneira um pouco diferente do que ela me vê. E bem que eu tento deixar claro o que é que eu sinto por essa danada de olhos claros e cabelos negros, mas ela insiste em ser uma peste malcriada. Lá estava ela, com aquela pose atrevida, prestes a partir meu coração mais uma vez, saindo para mais um encontro. E quem no mundo era Matthew? Eu tentei pensar um pouco, e bem, do time de futebol ele não era, nem do basquete, Yoongi e Namjoon teriam me falado sobre ele, talvez fosse de algum outro clube da faculdade ou algum nerd. Mas Ana não era muito chegada em nerds...

— Mas, hem, quem é esse aí que eu não tô conseguindo me lembrar... — Tentei arrancar a informação mais uma vez, já me distraindo e perdendo o celular de vez.

— Ele não é da faculdade, ô gênio. É um rapper aí... Amigo do namorado da minha amiga...

Ela pareceu bem animadinha falando que ele era um rapper, e isso doeu, não vou negar. Porque eu não sei rimar uma frase sequer e olha que eu já me atrevi a tentar.

— Nossa, Ana, pelo amor deus, que amiga é essa?

— A Somin, caralho... quer a ficha deles? — ela perguntou agressiva. Eu já disse que Ana é uma capricorniana agressiva? Pois ela é.

— Ai, calma, tô só prezando por sua segurança, garota.

— AHAM, SEI.

Dito isso, ela apenas virou as costas para mim, foi em direção ao quarto e voltou de lá poucos segundos depois com a bolsa nas mãos. Ela estava linda de morrer, os vestidinho listrado que eu, particularmente, acho show de bola naquele corpinho, os cabelos soltos e ela só precisava disso mesmo para ser a menina mais bonita da cidade. E ali, feito otário, babando por ela.

— Volta tarde? Quer que eu peça o jantar?

— Sim e não. Vou jantar por lá. Não me espere, Jeonzito, divirta-se!

Vi minha Ana sair pela porta, sem dó nem piedade, como quem bate na cara e grita: "você que lute, Jeongguk!" 

Pois é, eu que lute!