Desenrola

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Já era terça-feira e como nos últimos três dias, eu estava acordando na cama do Jeongguk. Pois é, eu mesma, Ana! Mordi a língua e cai feito uma pata nesse romance de sessão da tarde. Eu realmente não esperava isso do meu mapa astral, mas como não adianta chorar pelo leite derramado e nem pelo coração apaixonado, aqui estou eu desfrutando do sol das sete e da carinha amassada e sonolenta do meu namorado.

Ele dorme sem camisa e me faz passar pelo inferno até conseguir desfocar da tatuagem de dragão vermelho que ele tem nas costelas. Fora que ele gruda feito carrapato, não sabe nada sobre espaço pessoal. Sim, é até que bem bom sentir ele pertinho o tempo todo, mas eu tô tentando ter autocontrole aqui, entendem?

Eu fiquei um tempão no telefone com a Somin no fim de semana, porque eu precisava colocar as coisas em ordem na minha cabeça. E ela não me ajudou em nada, porque ficou de gritinhos e perguntando se a gente já tinha ido até os finalmentes.

Que é, justamente, o x da questão.

A minha sorte é que Jeon é um garoto realmente bonzinho, e por mais que esteja subindo pelas paredes e se afetando até com meu pijama de bolinhas, ele não tem forçado nada, até mesmo as mãos bobas têm se controlado. O que é bom, mas ainda não o suficiente pra deixar minha mente tranquila.

Porque convenhamos, é foda pra ele, mas imagina pra mim? Eu não quero dizer isso em voz alta, mas como vocês estão na minha cabeça, eu devo admitir que o Jeongguk é um puta de um gostoso dos infernos! E cada vez que ele me abraça e fala alguma coisa romântica enquanto me beija o surto fica maior.

Sexo casual é uma coisa muito fácil, sabe, a gente vai lá, pá-pum e quando dá meia noite a Cinderela volta pra realidade e o carinha é completamente esquecido, mas com ele seria completamente diferente. Tem uma porrada de sentimentos e pior do que isso, veja bem: expectativas! Jeon provavelmente espera por isso há tempos, e eu tenho lá minhas ideias de como tudo pode acontecer.

Eu poderia ficar ali até ele acordar e então aproveitar dos chamegos que ele ama, mas infelizmente duas provas me esperavam, e por mais que eu seja bem aplicada, não tive muita motivação pra estudar nos últimos dias, o que me levava a ler meus resumos por duas horas seguidas e rezar. Por isso eu saí de fininho da cama quentinha e voltei pro meu quarto.

Um banho rápido, um jeans velho e uma xícara de café. Sete e quarenta e eu já estava com as chaves na mão, Jeon ainda dormia tranquilo como se ele fosse algum tipo de príncipe que não precisa se preocupar com o futuro, e provavelmente ele reclamaria que eu saí sem ele, mas até mesmo eu tenho um coração e achei um pecado tirar o menino da cama àquela hora, sendo que ele não tinha provas.

Quando entrei no elevador uma onda de preocupação me tomou o peito e acabei pegando o celular, muito a contragosto, diga-se de passagem. Abri o contato "Gukie" e digitei:

"Não fica chateado, viu? Saí antes por motivos de força maior, te vejo no almoço".

Okay, eu acrescentei um emoji de coração laranja, porque eu sou romântica no fim das contas. Finalmente eu poderia esquecer meu repentino romance e focar nas palavras que insistiam em se apagar da minha memória. Eu não queria admitir, mas eu estava bem fodida e mal paga.

[...]

Duas horas da tarde e eu me arrastando até o refeitório, Jeon já havia me enviado umas quatro ou cinco mensagens e eu só conseguia pensar no meu fracasso pessoal. Porque de nada adiantou a minha leitura repetitiva nas primeiras horas da manhã, porque a digníssima senhora Mendes decidiu que a parte que eu não resumi era muito mais interessante pra estar na prova. Pois é, com certeza eu pego exame e acrescento aí mais uma semana de aula no fim do semestre.

Você que lute, Jeon Jungkook!Where stories live. Discover now