Capítulo 09 - Lobo ✔

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✴ Pov Ardena ✴

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Boston, 24 de dezembro de 2028.

Querida Ardena,

Recebi sua carta, a li, e confesso-lhe que chorei muito, mas apesar de tudo, apesar de ter me abandonado, de ter me enganado, eu ainda a amo.

Sua avó está muito bem, já que Rodolfo resolveu antecipar a chegada. Sinto falta do Peter e até da dona Mayda. Meus ex-sogros. Estou sentindo falta mesmo é de você. Tua partida dolorosa e repentina fez-me descepcinar-se com você. Mas apesar de tudo estou me acostumando. Tenho de lhe contar algo doloroso e repentino também. Não fique com raiva de mim, se ponha em meu lugar.

Então vai lá...

Sei que não faz nem quatro dias direito que você partiu, mas venho lhe dizer com imensa dor no coração que... que... conheci outra garota. Ela é linda, não tanto quanto você, mas bem parecida se quer saber, ela é doce e carinhosa, sonhadora, mas muito teimosa, viciada em videogame, o que particularmente me faz gostar ainda mais dela. É minha atual vizinha, conversamos todos dias desde que se foi, e acho que posso estar me apaixonado por ela. Sinto muito Ardena. Mas você me abandonou o que queria que eu fizesse? Como você mesmo disse, não poderia lhe esperar 8 anos. Não é que você não valha a espera, mas a razão se recusa a me deixar te esperar. Eu sei que prometeu me amar e ser fiel para sempre, mas por favor quebre essa promessa, porque a quebrei. Eu ainda lhe amo muito, mas não é mais a mesmo amor está diminuto.

Me desculpa por te magoar, mas precisava lhe contar. Acho que não era pra ser, nós. Sinto muito.

Não esquece, você mora em meu coração princesa. Te amo...

De seu eterno,

Brain.

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Desgraçado. Idiota. Imbecil.

Mal terminamos ele já correu pros braços da outra. Quem se apaixona em quatro dias? Sei que havia dito para ele encontrar um novo amor, mas não tão rápido assim.

Em meu interior uma dor  percorria, sentia meu coração ser quebrado lentamente. E por um segundo veio em minha mente pular daquela varanda, mas me recusava a fazer isso apenas por um garoto.

Não consegui chorar nem respirar. Desci da mureta aos cacos, um vento forte bateu em minha pele fazendo-me arrepiar. Resolvi entrar para o quarto.

Quando passei pela escrivaninha avistei um lindo vaso de porcelana a enfeitando. Minhas mãos foram de encontro a ele que logo foi arremessado a parede onde seus pedaços se espalharam pelo chão de mármore.

Em algum momento aquilo me aliviou, mas foi um alívio passageiro. Pensei em rasgar a carta, mas não a encontrei. Resolvi ir em direção a varanda, e avistei uma folha branca ao vento.

A carta!

Corri até a varanda com a esperança de alcancá-la, mas falhei. A folha já estava longe demais. Demorei um tempo pensando se iria ou não atrás dela. Resolvi ir. Desci pelo jardim vertical em minha parede. E fui atrás da folha que se encontrava quase a floresta.

Corri. Corri. Corri muito. Quanto mais eu corria mais distante a folha ficava.

Quando percebi já me encontrava no meio daquela floresta sinistra.

Estava perdida, Meu Deus!

E agora?

Gritar não vai adiantar nada, mas... não custa nada tentar.

- SOCORRO... SOCORROOOO... SOCORROO.

Nada! Não resolveu! Virei em direção oposta a que estava e me pus a caminhar, resolvi deixar a folha para trás.

...

O céu já se encontrava sobre a noite, a floresta estava ainda mais escura o que me fazia tropeçar a cada passo. Estava andando já havia tempo e o cansaço estava cada vez maior. Após tropeçar novamente em um outro tronco de árvore um barulho de galho seco sendo quebrado ecoou pela floresta. Virei-me em direção ao barulho e o silêncio ressurgiu, o medo fez meu coração acelerar.

O barulho voltou, só que aparentava ser mais perto. Minha respiração se tornou irregular pelo medo que tomou conta de mim. Havia alguém ou algo ali. Isso era óbvio.

Atrás de mim uma moita se mexeu bruscamente e dela saiu um... Gambá.

Soltei o ar que nem mesmo sabia que havia prendido em alívio. Todo meu corpo relaxou. Fechei os olhos com a tensão que se esvaiu de mim. Outro barulho chegou em meus ouvidos, mas desta vez não era de um galho se quebrando e sim um rosnar de um animal. Gelei ao ouvi-lo.

Me virei devagar e o pavor voltou a tona com toda a intensidade possível. Era um... era um... era um... LOBO.

Lobo... Ah MEU DEUS... SOCORRO...

Me obriguei a fazer movimentos lentos instintivamente. A minha frente se encontra um lobo muito grande, muito grande mesmo, de pêlo branco e olhos vermelho sangue. O bicho me olhava, mas parecia que não pretendia me atacar, conseguia ver eu sua expressão. E o mais surpreendente aconteceu, ele se virou e foi embora.

Por puro instinto comecei a correr desesperadamente com medo dele voltar. Não consegui entender porque havia feito aquilo. Lobos não comem carne? Talvez ele já havia se alimentado.

Mas não sabia que existia lobos gigantes. Isso é muito confuso...

Avistei uma luz distante, porém forte. Era a luz da fonte que se encontrava entre a parte de trás da casa e a floresta. Fui em direção a ela o mais rápido que consegui. Atravessei o jardim  em direção a minha sacada, não sem antes ter de despistar alguns seguranças.

Subi em minha varanda e entrei em meu quarto. Pensei em deitar-me, mas a adrenalina não me deixaria dormir, então resolvi ir ao banheiro tomar longo banho de banheira.

...

Deitei-me a cama, mas não conseguia dormir. As palavras da carta de Brain me voltavam a mente. Algumas lágrimas desceram em desespero, devido ao acúmulo de emoções dentro de mim. Ao chão os cacos do jarro ainda se encontram em seu mesmo lugar, me levantei até eles para catá-los.

Uma imagem não saía de minha cabeça, parecia que o conhecia.

Espera eu já o vi! Mas onde?

Espera... Eu não o tinha visto pessoalmente... Eu tinha sonhado com ele. Ele era o animal que pertubava meus sonhos quando criança... Era sim. Era aquele... Lobo.

Lua Imortal - Dezessete Encarnações 《1° Livro》Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz