Capítulo 9 - Parte 3

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Postando pra tentar acalmar os animos de vocês depois do último capítulo. E, mais uma vez, cuidado pra não perderem nada nesse monte de atualizações. Qualquer erro, me avisem. 

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– Preciso te mostrar um dos meus segredos mais ocultos. – Diz Heitor, e Catarina ri.

– Se é segredo é oculto. – Ela diz, e Heitor revira os olhos. – Alguém mais sabe? – Pergunta, tentando não ser tão chata.

– Poucas pessoas, mas eu só contei pra Roseli. – Heitor diz.

Ela engole em seco, não sabia ao certo o que Heitor sentia por essa menina. Nunca soube, alias, mas era mais fácil lidar quando ele estava claramente apaixonado por Catarina. Porém, desde o beijo dos dois, a relação deles tinha se tornado realmente só amizade. Ela achava melhor assim, era o certo, nunca poderia ficar com Heitor.

Mas, mesmo que ela tentasse esquecer, algumas perguntas ainda invadiam sua mente. Será que ele já tinha esquecido? Parecia que sim. Como ele pode ter seguido em frente tão rápido? Heitor parecia cada vez mais indiferente a ela, talvez não indiferente, mas não dava a atenção como antes. E a mais boba de todas, aquela que ela tinha até medo de pensar com ele por perto, Heitor tinha gostando do beijo? A verdade é que foi ele quem se afastou, Catarina logo pensou que ele faria uma piada como sempre, mas ele apenas disse: "Vamos comer?" e foi só, nunca mais tocou no assunto ou fez piada ou deu em cima dela descaradamente. Catarina não gostava de pensar nisso, mas não podia evitar. E, como última pergunta, ela pensou: Será que ele sabia que ela pensava mais naquele beijo do que deveria?

– Me mostre, então. – Ela pede e soa mais carrancuda do que deveria. De certo, por qual dos pensamentos que a invadiam. Heitor a encara, confuso, mas ignora seu temperamento.

Ele caminha até uma porta e a abre. Catarina entra em uma sala grande que estaria vazia se não fosse por único móvel, um que ela não consegue reconhecer porque está por um pano branco, mas então vê um violino perto da janela.

O coração de Catarina dispara, sua mãe era violinista, uma muito boa. Até tentou ensinar para ela, mas, como era de se esperar, foi um esforço inútil. As mãos de Catarina estavam longe de ser delicadas como as dela e também não tinha sensibilidade para isso, mas amava ouvir sua mãe tocar.

– Acho que essa é a última parte. – Ele diz.

– Última parte de quê? – Pergunta Catarina, confusa.

– Quando estávamos na caverna, você me disse todas as coisas que uma mulher tinha que fazer para ser prendada. Eu achei isso uma bobeira porque sabia fazer todas as coisas, exceto bordar. Então, desde que nos tornamos amigos, eu tenho tentado fazer essas coisas aos poucos. – Catarina tinha se esquecido totalmente disso. Como Heitor poderia lembrar de tantos detalhes? – Eu te mostrei que desenho, que pinto, que conheço outras línguas, que cozinho e agora falta eu te provar que sei tocar algum instrumento.

Heitor pega o violino e o arco.

– Minha mãe tocava. – Ela diz com um nó na garganta.

– Eu sei. – Ele diz. – Meu pai me disse isso uma vez e pensei que você fosse gostar. – Catarina assente, sem conseguir dizer nada. – Se você preferir eu posso tocar outro...

– Não, eu quero. – Ela afirma.

Heitor a encara por alguns segundos, tentando ter certeza, e então assente. Arruma o violino e, antes de começar a tocar, abre um sorriso para Catarina. Ela tem que controlar o impulso de abaixar os olhos.

2 - Sobre Meninas e DesejosWhere stories live. Discover now