Amnésia alcoólica

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Sam estava perfeitamente consciente de que não havia voltado para casa sozinho na noite anterior, embora não fizesse ideia de quem se tratava, estava claro pelo leve som de respiração, que não era a dele, havia mais alguém em sua cama.
Ainda confuso pelo sono, pela dor de cabeça e cheiro de álcool, tentou forçar sua mente a lembrar quem poderia ter trazido para seu flat ao sair da festa. Nada feito. Nenhuma lembrança, nenhum rosto e nenhum nome.

Abriu os olhos para finalmente descobrir com quem diabos ele dividiu a cama. O choque não poderia ter sido maior, cobriu a boca com a mão antes que qualquer tipo de som pudesse escapar, enquanto por dentro, gritava todo seu vasto repertório de palavrões.
Já sabia o que iria encontrar ao levantar o lençol mas o que viu foi ainda mais impressionante do que imaginava. Uma marca de batom vermelho que circulava seu pênis, bastante rente à base, diga-se de passagem, deixou o lençol cair e voltou a olhar aquela que dormia calmamente ao seu lado.

Cabelos castanhos que no início da noite emolduravam o rosto de feições delicadas, agora uma total confusão sobre o travesseiro e os lábios ainda um tanto avermelhados. Seguiu admirando a pele perfeita, até deter o olhar no traseiro dela. Uma nítida marca de mordida estava lá e Sam sabia que era sua culpa.
Quando continuava sua contemplação silenciosa, esquadrinhando as longas pernas, ouviu-a suspirar e remexer-se, sabia que estava despertando e sem saber a razão exata, talvez para adiar o que viria depois, fechou os olhos, fingiu continuar dormindo e esperou.

Aqueles momentos em silêncio e de olhos fechados pareceram uma eternidade, tentou ao máximo manter a respiração calma. Sam esperava um grito, um xingamento, talvez até um soco no rosto, mas nada disso aconteceu. Somente sentiu alguém, obviamente ela, erguer o lençol que havia sobre seus quadris e soltá-lo imediatamente.
Entreabriu os olhos a tempo de vê-la rolar para fora da cama e com todo o cuidado para não fazer nenhum ruído, recolher seus pertences espalhados pelo quarto o mais rápido possível e se dirigir a porta.

- Cait. – Conseguiu dizer com a voz rouca.

Viu-a estancar junto a porta e em seguida sair do quarto como se o cômodo estivesse pegando fogo. Saltou para fora da cama, procurando algo para vestir, encontrando à mão somente a cueca boxer que havia vestido para ir a festa.

- Cait? – Perguntou saindo do quarto e se ajustando da melhor maneira dentro da cueca enquanto andava. Viu-a recolocar o vestido, a peça deslizando sobre ela e escondendo sua nudez. – Cait, espera.

- Não. Isso... – Enfiou o pé dentro do sapato de qualquer jeito. – Nós dois. Essa coisa. Isso não aconteceu.

- Ca..

- Não!

- Caitriona!


Sam POV

Gritei para a porta fechada. Caitriona bateu a porta e foi embora. Consegui ouvir o salto dela batendo na escada até quando estava claro que ela não estava mais lá há muito tempo.
Nada disso foi planejado, da parte dela ou da minha mas ficou claro que aconteceu, eu não saio por aí enfiando meu pau na boca de todo mundo e aquela marca de batom não apareceu milagrosamente lá. Pelo tempo que ela levou para recolher as roupas dela e me conhecendo como me conheço, não paramos por aí.

Eu queria lembrar de tudo, como chegamos aqui, como fomos parar na cama, mas principalmente como foi ter ela.
Não vou negar, eu sempre a quis. Desde o primeiro dia, quando ela entrou naquela sala em LA e estendeu a mão pra mim. Esbaforida, um pouco descabelada e molhada de chuva. Demorei uns bons momentos encarando Cait antes de reagir e tomar a mão dela. Já vi muitas mulheres bonitas, já até tive algumas. Mas nenhuma como ela. Eu quis Caitriona como nunca desejei ter nenhuma outra mulher antes. Deus sabe que eu tentei. Que fui sutil, dei pistas, soltei indiretas e até falei diretamente com todas as letras, mas ela não me quis.

UnprofessionalWhere stories live. Discover now