Capítulo 24

2.8K 444 528
                                    

Harry nunca esqueceu, mas com o tempo tudo parou de doer.

Tinha algo incrivelmente adorável sobre o amor, ele não o machucava, de modo algum, pelo contrário, ele estava constantemente o consertando e o renovando.

Nos primeiros dias, todos suspeitaram que algo estava errado, isso porque Harry simplesmente era um péssimo mentiroso, mas a desculpa da doença de sua avó era boa, e seus pais mantiveram a promessa.

Não importava quem ou o quanto insistissem, eles não contariam o que realmente havia acontecido se Harry não quisesse contar.

E ele não quis, por um longo tempo.

As coisas entre ele e Louis se estagnaram por algumas semanas, nada de amassos ou beijos longos demais.

E o pior de tudo era que Louis parecia agradecido.

No dia primeiro de fevereiro, exatos trinta dias depois, foi quando as coisas começaram a ser superadas.

Harry estava mantendo contato com os pais de Gemma, esses que nunca aprovaram o comportamento da filha e garantiram que só queriam o conhecer porque enfim não podiam negar o quão emocionante era ver seu rosto, mas que eles tinham absoluta consciência de que eles não eram a mesma pessoa.

Seus pais não gostavam muito daquilo, mas Harry havia descoberto que tentar fingir totalmente que nada nunca havia acontecido e que ele não sabia de nada era um erro.

Fazia toda a situação e todos os sentimentos sobre aquilo se amontoarem dentro de si, o sufocando. Então Harry sabia que o melhor era se livrar deles; e enfrentar tudo ao invés de fugir era um ótimo jeito de superar.

Então Louis ficar cabisbaixo durante aquele dia fez sentido quando Robin disse ser o dia do aniversário de seu falecido filho.

Harry só queria tentar o distrair, dar algo para Louis lembrar naquele dia ao invés de se lamentar sobre a morte de alguém que, Harry ainda desconfiava, ele se culpava.

Então ele o chupou, e foi mais engraçado do que qualquer outra coisa.

Porque Harry ainda era um adolescente entusiasmado demais que nunca havia feito aquilo, e o vocabulário de Louis havia sido reduzido para quatro simples palavras.

"Eu te amo porra"

Então sim, era engraçado, e era ótimo que eles pudessem rir sobre aquilo.

E de um jeito quase mágico, que só o amor consegue fazer, os dois naquele dia começaram a lentamente superar suas angústias.

Louis percebeu naquele dia, que aquela era a primeira vez naquele ano que ele estava lembrando de seu amigo, porque ele estaria fazendo aniversário se estivesse vivo, e era normal sentir saudade.

Ao contrário de todos os outros anos desde que ele havia partido, em que Louis tinha ficado o mês de janeiro inteiro se lamentando e se culpando por algo que não havia sido culpa dele e que ele jamais poderia mudar.

Harry, seu Harry, seu novo Harry, havia ocupado sua mente, e no dia seguinte, Louis não chorou.

Faziam dezessete anos que seu amigo havia morrido, e por mais que um amor não substituísse outro, seu coração estava preenchido demais com paixão; a saudade não era mais tudo dentro dele, era apenas uma mancha natural que o tempo e a distancia traziam.

Harry havia pensado muito sobre tudo aquilo, sobre Louis se culpar pela morte de alguém, sobre ele ser fisicamente igual a esse alguém, mas ele havia pensado principalmente sobre o que Gemma havia feito questão de o relembrar.

Louis era vinte anos mais velho que ele.

Harry demorou para entender o que ela realmente queria dizer com aquilo, no começo ele havia pensado que ela estava apenas condenando de um jeito preconceituoso a diferença de idade entre os dois, mas depois pensando melhor Harry entendeu.

Love Don't Break MeWhere stories live. Discover now